Com uma população conjunta estimada em quase 6 mil pessoas, os bairros Igrejinha, Imigrante e Planalto lidam diariamente com um desafio comum a outras localidades: a melhor oferta de serviços públicos. Para fazer frente às dificuldades no atendimento das demandas, as associações de moradores avaliam uma atuação conjunta na cobrança às autoridades.
A necessidade de uma maior união entre as comunidades, bem como os principais problemas enfrentados por moradores nortearam o debate do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros” deste mês. Também foram destacadas virtudes das localidades por pessoas que cresceram e vivem até hoje nesses bairros.
Participaram do debate os presidentes das associações de moradores dos três bairros. Cleber de Castro representou o Igrejinha, enquanto Fábio Verruck está à frente da entidade no Imigrante e Joecir Lourenço falou sobre o Planalto. Agente comunitária de saúde com atuação nesta região de Lajeado, Neusa Nunes também levou suas impressões.
Uma das principais demandas que compreende os três bairros envolve o atendimento em saúde. Hoje, todos estão na área de abrangência da unidade existente no bairro Olarias. Contudo, o deslocamento até o posto é precário. As linhas de ônibus possuem poucos horários e nem todos tem condições de pagar por motorista de aplicativo.
Reunião com o secretário
Segundo Neusa, há um entendimento da população de que a estrutura no Olarias é insuficiente para comportar a demanda de todos os bairros vizinhos – moradores do Centenário também tem aquela unidade como referência. Mesmo com o município projetando ampliação do prédio, o pedido da comunidade é por um novo posto.
“Nós queremos um posto de saúde que contemple efetivamente esses bairros. Vamos tentar uma reunião com o secretário de Saúde e, se não adiantar, faremos um abaixo assinado. Não vamos parar de cobrar”, salienta Neusa. O pedido é reforçado também pelos presidentes das associações.
Castro, que cresceu e reside há mais de 30 anos no Igrejinha, frisa que, para boa parte dos moradores, é inviável o deslocamento até o posto. Seja pela “Se você vai levar um idoso até o posto de saúde do Olarias e não tem carro, precisa chamar um Uber. E se não tem o dinheiro para pagar a corrida, tem que depender dos vizinhos. Então a situação é bem precária para nós, dos três bairros”.
Possível ampliação
Lourenço lembra que, antigamente havia uma sala no Planalto onde havia atendimento médico de duas a três vezes por semana. No entanto, esse serviço foi extinto e, desde então, os trabalhos foram absorvidos pela unidade do Olarias. No entanto, não supre a necessidade dos moradores, que sofrem com as dificuldades de deslocamento.
“O próprio município fala em ampliar o posto de saúde. Mas será que só isso adianta?, questiona. Neusa realça que algumas ações foram feitas pela secretaria para tentar aproximar os profissionais de saúde das comunidades. “Só que cada vez que acontece alguma coisa no município, o pessoal não vai. E o posto de saúde tem uma base de 10 mil atendimentos por mês. Acho que cerca de 6 mil são apenas desses bairros”.
“Não tem nada”
Verruck assumiu a presidência da Associação de Moradores do Imigrante este ano. E, de cara, percebeu o tamanho do desafio, visto que o bairro possui uma infraestrutura urbana defasada, com apenas uma rua pavimentada.
“Eu me choquei, porque não tem nada no nosso bairro. Não tem área de lazer. Nossa escola é uma das mais antigas e nunca teve asfalto. E existe lei onde fala que é obrigatório ter pavimentação em frente às escolas. Mas nem assim conseguem colocar em prática. E como 80% dos nossos moradores são de idade, batemos muito na questão da saúde e das ruas”, frisa.
Também assuta Verruck o desconhecimento em relação ao bairro. “Quando comentamos com alguém sobre o Imigrante, muitos pedem: mas onde que fica? Nosso bairro não é conhecido. Para os mais antigos, ainda somos da Picada Scherer. Mas somos bairro desde 1995 e, desde então, lutamos muito e nada foi conquistado”.
Participação
Os três presidentes também buscam movimentar as comunidades, com maior participação das pessoas nas associações de moradores. No entanto, em virtude das demandas não atendidas pelo Poder Público e os pedidos que se repetem há décadas, muitos desistem de seguir atuantes. Este também é um dos motivos de preocupação.
“Vieram conversar comigo para fazermos a chapa para a diretoria. Eu concordei, porque está faltando muita coisa para nós. Os mais antigos trabalharam muito. Meus tios ficaram anos envolvidos na associação de moradores, mas desistiram porque bateram, bateram e nada aconteceu. Então agora tenho mais duas, três pessoas que estão comigo. Vamos fazer o possível”, comenta Lourenço.