A semana será agitada na capital federal. A partir de terça-feira, pelo menos 20 prefeitos ligados à Amvat e à Amat estarão presentes na Marcha a Brasília pela Reconstrução dos Municípios do Rio Grande do Sul. Organizada pela Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) e pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), o evento tem por objetivo garantir o avanço das medidas emergenciais e estruturantes para o reestabelecimento das localidades afetadas pelas trágicas enchentes registradas no estado em 2023 e 2024. E o Grupo A Hora vai acompanhar de forma presencial a missão dos gestores públicos do Vale do Taquari.
Os números justificam a movimentação em massa e histórica dos gestores. Sobre os eventos climáticos de maio, já foram contabilizados mais de R$ 11,4 bilhões em prejuízos, sendo R$ 2,5 bi no setor público, R$ 4,2 bi no privado e R$ 4,6 bi no setor habitacional. São pelo menos 109,7 mil casas danificadas ou destruídas, conforme dados da própria CNM. E boa parte desses impactos foram registrados no Vale do Taquari.
Entre as reivindicações dos prefeitos, a recomposição do ICMS; a prorrogação dos financiamentos agrícolas; a renegociação das dívidas previdenciárias dos municípios; o prolongamento do pagamento de precatórios; e recursos para obras preventivas.
“Vai dar certo”, avisa Maneco sobre nova ponte
Em entrevista ao Frente e Verso, ontem, o secretário executivo do Ministério da Reconstrução do RS, Maneco Hassen (PT), confirmou que o governo federal vai garantir a construção de uma nova ponte sobre o Rio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio. A estrutura será de concreto, ficará entre a histórica Ponte de Ferro e a ERS-130, e servirá para veículos leves e pesados, com duas vias. Apesar dos entraves, o agente do governo federal garantiu. “Vai dar certo”. Aguardemos!
A 100 dias do pleito, o clima parece morno
Estamos a 100 dias do aguardado pleito municipal e a impressão, em algumas cidades, é de que a corrida eleitoral anda um tanto “morna”. Mas não se enganem. Nos bastidores, o clima já ferve de forma discreta e menos barulhenta em determinados municípios. E, muitas vezes, sob as sombras da tragédia climática que destruiu centenas de casas e dezenas de bairros. Fato é que as estratégias partidárias também foram duramente impactadas pelas enchentes e muitos líderes e agentes políticos ainda não compreenderam os novos cenários. Muitos estão “zonzos”, inclusive, e outros tantos sofreram fortes abalos na confiança de outrora. Um cenário que tende a esquentar nas próximas semanas, com algumas definições de chapas e nominatas.
PP escolhe Cé para vice. PL e PSDB avaliam
Pré-candidata a prefeita do PP em Lajeado, Gláucia Schumacher escolheu o economista e ex-secretário da Fazenda Guilherme Cé (Novo) para ser o pré-candidato a vice-prefeito em outubro. As conversas entre eles iniciaram há cerca de 15 dias e a decisão foi diretamente influenciada pelas recentes tragédias climáticas. “Optei por alguém técnico para auxiliar na reconstrução e dar sequência a toda a responsabilidade financeira dos últimos anos, especialmente diante dos iminentes gastos milionários com a reconstrução. Será necessário ‘olhar com uma lupa’ para todos os gastos, e o Guilherme vai me auxiliar muito, também, neste sentido”, explica ela. Questionados, os líderes do PL e do PSDB foram discretos nas análises e prometem manifestações nos próximos dias. Eles pleiteavam a vaga.“Estamos avaliando”, resumem. Sobre possíveis ruídos com as siglas coligadas, Gláucia demonstra tranquilidade. “Sempre mantive os presidentes informados. E a decisão não muda em nada o propósito de seguirmos construindo juntos. Vamos conversar já nesta sexta-feira sobre o futuro. Eu sempre fui muito transparente com eles e queremos contar com todos”, resume.
Tensão previsível em Cruzeiro do Sul. E pode piorar.
A confusão registrada durante uma audiência pública em Cruzeiro do Sul já estava prevista. Era uma tensão previsível, e que serve de alerta para todos os gestores das cidades mais impactadas pelas trágicas enchentes de 2023 e 2024. E a razão é óbvia. Afinal, só impedir os moradores de retornarem para os respectivos terrenos ou imóveis atingidos sem garantir novas áreas ou sequer respostas sobre indenizações e/ou benefícios futuros é um prato cheio para as piores reações. Diante do cenário imposto aos desabrigados ou desalojados, é compreensível que a relação deles com os agentes do governo passe longe da calmaria sonhada pelos representantes do poder público. Sem casa, sem comércio e sem resposta é duro. E a tensão pode piorar se não houver resolução breve.
Guaporé perde (ou deixa de receber) 50 mil turistas
Prefeito de Guaporé, Valdir Fabris (PDT) participou do programa Frente e Verso nessa quinta-feira e trouxe alguns números preocupantes para uma cidade que depende e muito do turismo. Segundo o gestor, a suspensão dos passeios do Trem dos Vales vai gerar um impacto milionário aos cofres do município e do comércio em geral. Por lá, a expectativa era receber mais de 50 mil turistas. Se levarmos em conta as estimativas do ano passado, que apontaram para um gasto médio de R$ 310 por turista na região (com hospedagem, alimentação e outros, e sem contar o bilhete do trem), estamos falando em mais de R$ 15 milhões.
TIRO CURTO
- Ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta (PT) anunciou ontem a liberação de mais R$ 24,1 milhões para 52 municípios gaúchos atingidos pelas enchentes de maio. No Vale do Taquari são R$ 895,7 mil para Canudos do Vale, Coqueiro Baixo, Doutor Ricardo, Forquetinha, Pouso Novo, Taquari e Vespasiano Correa.
- Em Lajeado, o governo quer rever as regras de uma negociação com o setor privado, que prevê o repasse de terrenos públicos por obras no Parque Linear Engenho. Em resumo, a mudança na redação de uma lei já aprovada substitui as obras do “Setor 04 do Parque” pelas obras de infraestrutura do Loteamento Calamidade MCMV, no Bairro Jardim Cedro.
- É bom avisar. A partir de julho, e mesmo diante do colapso e da recente tragédia, muitos prefeitos e demais pré-candidatos serão muito mais discretos em eventos públicos e microfones. É a lei eleitoral tentando garantir um mínimo de isonomia em meio a tanta exposição.