Comitivas e mais comitivas. E o primeiro tijolo?

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Comitivas e mais comitivas. E o primeiro tijolo?

O Vale do Taquari novamente foi palco para visita de uma comitiva de agentes públicos de Brasília. Desta vez, uma agenda realizada por cinco senadores em exercício (e o licenciado Luiz Carlos Heinze, do PP) passou por Lajeado, Arroio do Meio e Encantado nessa quinta-feira para verificar, in loco, o tamanho da catástrofe que novamente assolou o Vale. Além de Heinze, que já esteve por diversas vezes na região, antes e depois das recentes tragédias, também fizeram parte do grupo Paulo Paim (PT), Hamilton Mourão (Republicanos), Ireneu Orth (PP), Jorge Cajuru (PSB) e Leila Barros (PDT).

Por aqui, visitaram prefeitos, desabrigados e produtores rurais diretamente impactados pelas históricas enchentes de setembro de 2023 e maio de 2024, e ouviram as mesmas demandas e queixas repassadas a esmo aos integrantes de outras missões institucionais. É importante? Claro. Enxergar com os próprios olhos a catástrofe pode ser um divisor de águas no momento de decidir políticas públicas ao Estado.

Mas, e já experimentamos essa indigesta realidade com outras comitivas, nem mesmo o olhar presente agilizou a construção de casas populares. Tomara que esta nova visita institucional sirva para agilizar a nossa reconstrução. Caso contrário…

Aeroporto (s) no Vale do Taquari

Antes mesmo da trágica enchente de setembro de 2023, quando ninguém imaginava os recentes danos ao setor logístico aéreo do Rio Grande do Sul, um grupo de agentes públicos e do setor privado do Vale do Taquari já atuava nos bastidores para viabilizar a construção de um aeroporto (ou aeródromo) privado na região. Em março do ano passado, por exemplo, o empresário Roberto Lucchese abriu o jogo em primeira mão para o Grupo A Hora. Naquele momento, o grupo buscava um local para construir uma pista de 1,5 quilômetro, com possibilidade de ampliação para 2 km. Foram verificados terrenos em Lajeado, Cruzeiro do Sul e Estrela. E, desde aquele momento, a probabilidade maior já era em Estrela devido à disponibilidade de áreas e a proximidade com a BR-386. Lucchese estimava o custo em R$ 4,5 milhões, entre pista, iluminação, hangares e demais ferramentas necessárias ao modal. “É um investimento pequeno, se comparar com o desenvolvimento no entorno da área. A estrutura colocará o Vale no mapa aeroviário”, citou à época. E o mais interessante. Tal movimento está cada dia mais vivo na região.

“Carona solidária” ou “rodízio de placas”?

Coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado, Vinícius Renner anunciou em entrevista a Rádio A Hora as possíveis medidas para reduzir os impactos do alto fluxo de veículos sobre a histórica e reconstruída (graças ao setor privado) Ponte de Ferro. Além de sugerir que os milhares de motoristas se engajem em uma campanha orgânica de “carona solidária” – e assim diminuir o número de carros transportando apenas uma ou duas pessoas –, o agente do governo lajeadense chegou a propor um estudo para implantar o popular “rodízio de placas”, muito comum em grandes cidades. Como exemplo, São Paulo. O modelo é simples. Em determinados dias da semana, limita-se o tráfego de veículos com determinadas numerações nas placas. E, assim, diminui-se o número de automóveis circulando sobre o Rio Forqueta. Uma ideia ousada e que muito provavelmente nunca sairá do papel. O melhor mesmo é conscientizar os motoristas com a tal “carona solidária”.

Para antecipar as soluções…

Vereador de Lajeado, Jonas Vavá (MDB) encaminha um importante requerimento ao poder público municipal. Resumindo, ele solicita a presença de representantes da secretaria de Planejamento e do Departamento de Trânsito no plenário da câmara de vereadores para que eles já apresentem “um plano de ação para o trânsito e o grande fluxo de veículos nos bairros Campestre e Olarias, devido a futura passagem da ponte do exército entre Lajeado e Arroio do Meio ter como rota as ruas João Goulart, Getúlio Vargas, Paulo Emílio Thiesen e Romeu Júlio Scherer”. Pensando no desgaste das vias com o grande fluxo de veículos pesados, e também na segurança para os moradores e estudantes, o parlamentar acerta em cheio ao provocar a antecipação das soluções. Algo que faltou na Ponte de Ferro, por exemplo.

TIRO CURTO

  • A comitiva de senadores que visitou o Vale do Taquari nessa quinta-feira prometeu mais de R$ 90 milhões do Senado para o Rio Grande do Sul. E tomara que respingue muito em nossa região.
  • Presente na audiência realizada pelos mesmos senadores em Encantado, o deputado estadual Pepe Vargas (PT) anunciou que a Assembleia Legislativa deve destinar cerca de R$ 40 milhões às defesas civis do Estado.
  • Em Lajeado, o vereador e pré-candidato a prefeito Carlos Ranzi (MDB) assina requerimento ao lado dos colegas Marcos Scheffer (MDB), Waldir Blau (MDB), Jonas Vavá (MDB) e Ederson Spohr (MDB) para solicitar envio de ofício à Marinha do Brasil e ao Dnit pedindo a “dragagem e o desassoreamento dos rios Taquari e Forqueta”.
  • A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira o projeto de lei que perdoa ou adia o vencimento de parcelas de financiamentos rurais tomados por empreendimentos localizados nos municípios do Rio Grande do Sul com estado de calamidade pública ou situação de emergência reconhecida pelo governo federal em áreas atingidas pela enchente. Agora, o texto segue para o Senado. E a boa notícia é que a comitiva de senadores que visitou o Vale do Taquari entendeu bem o recado: é preciso anistiar os nossos produtores e, de fato, salvar o setor primário do Estado.

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