As consequências das enchentes que assolaram o Estado e as atitudes necessárias para superar os momentos de dificuldade foram tema do “Tá Na Mesa”, reunião-almoço da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). O evento ocorreu no Palácio do Comércio, em Porto Alegre, tendo entre os destaques os cases das empresas Fontana S.A., de Encantado, e Vidraçaria Lajeadense.
Diretor da Lajeadense Vidros, Renato Arenhart falou sobre a fábrica que foi três vezes atingida pelas águas do rio Taquari. Segundo ele, quando a estrutura foi construída, no ano 2000, a cota de inundação era de 25 metros em Lajeado. “Fizemos em cota 27 e nunca tivemos problemas, até setembro do ano passado.”
Na primeira grande enchente dos últimos anos, o filho de Arenhart ficou dois dias preso no segundo andar do prédio. Naquele momento, foi tomada a decisão de sair da área e iniciar as obras da nova fábrica, em área cuja cota de inundação é de 70 metros.
Dois meses depois, uma nova enchente atingiu a indústria e obrigou a remoção de parte da produção para Estrela. Em maio, a Lajeadense Vidros foi afetada de maneira ainda mais drástica, com a água alcançando 3,4 metros acima do registrado nas enchentes de 2023.
“Foi uma enchente diferente. Em Porto Alegre, a água subiu e desceu. No Vale do Taquari, ela destruiu”, enfatiza. Apesar dos prejuízos, Arenhart ressalta o otimismo em relação ao futuro da empresa, com destaque para os potenciais da nova unidade.
Segundo ele, o projeto está pronto e a obra está em fase de terraplanagem. O objetivo é iniciar os trabalhos na planta ainda este ano. “Se não houvessem as enchentes, nunca teríamos uma nova fábrica dessas. Esse é o futuro da Lajeadense Vidros.”
“Estamos cansando”
Acionista e membro do Conselho da Fontana S.A., Angelo Fontana falou sobre os 90 anos da companhia, marcados pelo empreendedorismo e constante investimento. Segundo ele, resiliência e a capacidade de se reconstruir fazem parte do espírito da empresa e ajudaram a recomeçar os trabalhos após as enchentes de setembro e novembro do ano passado.
“Já estávamos vendo um brilhar nos olhos das empresas do Vale do Taquari e esse evento seria uma comemoração”, lembra. Porém, afirma que as enchentes de maio trouxeram o sentimento de impotência diante dos entraves para solucionar os problemas.
“Estamos cansando e esse é um problema de muitas empresas. O Rio Grande do Sul terá de se reinventar”, aponta. Entre as principais dificuldades, cita o aeroporto, a retenção da mão de obra e a burocracia para acessar os recursos anunciados pelo Governo Federal.
“As empresas precisam alongamento dos seus endividamentos, dinheiro com custo baixo, carência, prazo e fundo garantidor”, pontua. Também participaram do painel o CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério, e o Secretário da Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul, Padre Gerson Barteli.