A preocupante situação da Ferrovia do Trigo pós-catástrofe

Opinião

Fábio Alex Kuhn

Fábio Alex Kuhn

Jornalista

Colunista sobre turismo.

A preocupante situação da Ferrovia do Trigo pós-catástrofe

Fiquei chocado ao ver a destruição na Ferrovia do Trigo após a catastrófica enchente de maio. A linha férrea por onde passava o Trem dos Vales e que servia para o transporte de cargas está irreconhecível devido os desmoronamentos.

As imagens que circularam pelo WhatsApp e estampam essa coluna foram feitas pelos trilheiros Evandro de Arruda, Maurício de Arruda e Tiago Bordignon. No fim de semana chuvoso de 15 e 16 de junho, eles percorreram 60 quilômetros da ferrovia entre Guaporé e Muçum. Aventurar-se nesse trajeto não é recomendado devido à insegurança do trecho.

Vários túneis estão interditados com metros de lodo. Outros trechos de trilhos foram destruídos, revirados ou soterrados. Os maiores estragos foram constatados próximo do ponto conhecido como Garganta do Diabo. Lá havia uma cascata subterrânea construída para desviar o fluxo de água por baixo do caminho do trem. Na cheia de maio, o buraco por onde passava a água ficou obstruído por rochas e a fúria do arroio invadiu com força a malha ferroviária.

Apelo a Rumo Logística

Passado mais de um mês da enchente histórica, pouco se ouviu falar sobre reparos na Ferrovia do Trigo. Dada a dimensão dos estragos, é compreensível que uma solução não será fácil, tão menos barata.

Mas é fundamental contextualizar a importância da ferrovia ao turismo – além do óbvio interesse logístico. O Trem dos Vales tem um dos trajetos mais belos do Brasil. Ao lado do Cristo Protetor de Encantado, o passeio pela ferrovia se tornou âncora na atração de turistas ao Vale do Taquari.

Para se ter uma ideia, o atrativo nos trilhos injetou mais de R$ 18 milhões na economia regional entre 2022 2023. Nesse montante sequer está incluso o gasto nas passagens, apenas o que os visitantes deixaram em restaurantes, hospedagens, comércio e demais serviços que englobam a grande cadeia formada pelo turismo.

Centenas de empreendedores são afetados sem o Trem dos Vales. É preciso que a Rumo Logística – responsável pela concessão dos trilhos – tenha isso em mente na hora de planejar o futuro da Ferrovia do Trigo.

Repost do leitor

Assim era a Cascata Garganta do Diabo antes da enchente histórica. Impossível saber como está a caverna por onde a água circulava. Na imagem, aparece o amigo Lucas Sebastiany Alves.

@lucassebastianyalves

Por falar da Ferrovia do Trigo, esse é um dos destinos mais surpreendentes do caminho férreo. O Viaduto Mula Preta, com 380 metros de extensão, se caracteriza por ter os trilhos vazados – sem proteção lateral ou chão de concreto. A imagem é do Dronando o Sul.

@dronandoosul

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