O horror, o horror

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

O horror, o horror

“O Dia do Juízo não acontecerá até que os muçulmanos lutem contra os judeus (matando os judeus), quando os judeus se esconderão atrás de pedras e árvores. As pedras e árvores dirão: Ó muçulmanos, Ó Abdulla, há um judeu atrás de mim, venha matá-lo”. Palavras de Maomé citadas no artigo VII do Pacto do Hamas de 1988.

“Israel existirá e continuará a existir até que o Islã o destrua, tal como destruiu outros antes dele.” Essa frase também é citada no pacto do Hamas e dá uma ideia de como funciona a ideologia do Hamas. E por isso é tão importante distinguir os palestinos e sua justa luta por seu direito a ter um país, de um movimento radical que prega a luta armada e a destruição do povo judeu de forma semelhante ao que os nazistas já fizeram.

Para o Hamas e seu aliado e mentor, o Irã, não interessa um estado judeu existindo lado a lado com uma Palestina, ambos independentes e vivendo sua vida em paz. Por outro lado, Israel está tendo o que se considera o governo mais à direita de sua história, bem como o governo mais religioso de todos os tempos.

Nesse ponto tanto Hamas como o governo israelense sonham com coisas semelhantes: a existência de apenas um país do “rio ao mar”: pelo lado do Hamas apenas uma Palestina após a destruição de Israel e morte de todos judeus. Pelo lado de Israel, um país maior com anexação de terras palestinas, desarmamento e lealdade dos palestinos que quiserem ficar, ou êxodo aos que não o fizerem.

Sobre uma região que é um barril de pólvora, dois governos radicais.
Os Estados Unidos vinham farejando esse risco há algum tempo e pressionavam por um lado seu antigo aliado, a Arabia Saudita, a normalizar relações com Israel, o que significaria em termos práticos reconhecer sua existência.

Pelo outro lado, os americanos pressionavam o governo hebreu a fazer concessões aos palestinos pela via da Autoridade Palestina. Se isso desse certo, sairiam enfraquecidos Hamas e o Irã ao mesmo tempo. Lembrando que o Irã atacou a Arabia Saudita em 2019.

Esse movimento enfraqueceria o Irã e tiraria legitimidade da luta que o Hamas diz fazer em nome de Deus. Por isso o ataque foi tão forte e tão cruel. Seu objetivo era eliminar qualquer tipo de entendimento no Oriente médio apelando para o velho conflito de judeus versus muçulmanos. Essa é a explicação clara para o “timing” em executar não só o pior ataque a Israel desde o seu surgimento bem como realizar um sequestro em massa de reféns.

O objetivo era provocar uma retaliação tão intensa de Israel que provocasse uma rebelião na Cisjordânia, ataques simultâneos do Hezbollah, uma rebelião em Jerusalém e ainda levasse os outros países muçulmanos a romper relações com Israel.

É nessa corda bamba que se encontra o atual primeiro ministro de Israel. Sua reação tem de ser forte o suficiente para aplacar o publico interno, mas não tão forte que possa incendiar a região.

Quanto ao nosso país é relativamente fácil entender a posição de alguns integrantes da extrema esquerda brasileira. Assim como o Hamas eles também são dogmáticos e maniqueístas e não é à toa que em tempos não tão distantes eram chamados de “xiitas”. Some-se a isso o antiamericanismo e o ódio a muitos dos valores mais caros a civilização ocidental e o quadro se explica.

Quanto à extrema direita brasileira basta lembrar que o atual governo israelense une militarismo e religião. Uma combinação bem ao gosto desse pessoal.

(escrito originalmente em outubro de 2023)

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