O futebol amador acabou…

Opinião

Ezequiel Neitzke

Ezequiel Neitzke

Jornalista

Coluna esportiva

O futebol amador acabou…

Há muito tempo ouço que o futebol amador está acabando. A razão principal seria os altos valores pagos para os atletas e membros da comissão técnica. Cifras que muitas vezes superam as do futebol profissional. No domingo logo após a vitória sobre a equipe do Bagé, o técnico Serginho Almeida disse que o grande desafio do clube é manter os jogadores motivados e longe do sedutor amador, que convenhamos, de amador não tem mais nada, certo?

Porém outras situações chamam a atenção e merecem ser tratadas com carinho ou cortadas logo no começo para não se perpetuarem para outras cidades. Nessa semana, recebi de um colega de profissão o regulamento do Campeonato Intermunicipal – competição que integra as cidades de Teutônia, Poço das Antas e Westfália. Um artigo específico me chamou a atenção: o artigo 107. Nele, consta que a competição pode ser acompanhada pela imprensa, com informações transmitidas via rádio ou fotografias. No entanto, a transmissão dos jogos em vídeo é proibida, a menos que se pague uma multa equivalente a 300 ingressos por jogo, ou seja, R$ 3 mil. Isso beira o inacreditável.

Os clubes geram receita por meio de patrocinadores que pagam para ter suas marcas nas camisetas e nas placas ao redor do campo. Na transmissão em vídeo, essas marcas ganham visibilidade em outros estados e até países. “Ah, mas Zique, o pessoal vai ficar em casa e não vai para o campo, perdendo bilheteria, copa e cozinha.” Se esse é o argumento, tenho fatos para contrariá-lo.

Na partida de ida da semifinal do municipal de Arroio do Meio, em abril, quase 600 pessoas compareceram ao campo do Esperança, em Rui Barbosa, para assistir ao jogo contra o União. No outro duelo, uma semana depois, cerca de 800 espectadores marcaram presença. A final da temporada passada do municipal de Arroio do Meio reuniu quase 1,5 mil pagantes, e isso com dois veículos de comunicação transmitindo os jogos ao vivo nas redes sociais. Será que a transmissão em vídeo realmente afasta o público dos estádios? E se esse é o caso, por que os organizadores do campeonato permitem que as rádios transmitam os jogos?

A verdade é que o futebol amador de hoje virou um negócio. Chama-se amador, mas é administrado com profissionalismo e envolve dinheiro de forma significativa. Em tempos de recomeço equilibrar tradição e modernidade, garantir que as arquibancadas continuem cheias e que as transmissões ajudem a promover ainda mais o esporte local. E, principalmente, que as regras façam sentido tanto para os organizadores quanto para os apaixonados pelo futebol.

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