Despesa inútil

Opinião

Carlos Schäffer

Carlos Schäffer

Advogado

Despesa inútil

O nosso estado sofre a maior tragédia da sua história. O desastre é total. Vidas perdidas, pessoas ainda desaparecidas, economia destroçada, e todos os demais problemas que já conhecemos e dos quais sentimos os efeitos.

Em razão dessa catástrofe, o que precisaríamos é que as lideranças que administram este país tomassem decisões rápidas, agissem imediatamente com o objetivo resolver as nossas agruras. Mas o que vemos é a formação de grupos de estudo, pessoas que se reúnem para pensar sobre o assunto, analisar a coisa, fazer projetos e cálculos, que acabam empurrando a solução para um futuro incerto e distante. Ninguém se reúne para resolver estes inconvenientes, por exemplo: vamos dragar o Rio Taquari. As obras começam amanhã.

No sítio do Diário do Poder, de Claudio Humberto, no dia 26 de maio, foi publicada a notícia de que o governo federal vai investir U$ 51 milhões no lançamento de um satélite que servirá para monitorar as condições climáticas, queimadas e desastres naturais.

Na nossa língua, monitorar significa acompanhar alguma coisa para consideração, analisar as informações fornecidas por instrumentos técnicos, auxiliar um processo, uma operação, um aparelho, no caso observar o que vai acontecer.

Traduzindo para um sentido compreensível, esse satélite vai servir apenas para avisar as autoridades e o povo que em determinado dia vai acontecer um temporal, uma enchente, alguma calamidade climática.
E daí? E daí o povo que corra para as montanhas, para as planícies, para a casa do prefeito, de parentes, de amigos, ou para algum abrigo municipal e espere pela boa vontade de terceiros pela ajuda que talvez venha quando o sol voltar a brilhar,

Esse projeto foi encaminhado ao Congresso Nacional na quinta-feira (23), já que é necessária autorização para a liberação dessa fortuna. O contrato, que foi costurado na ida de Lula à China em abril de 2023, prevê que a propriedade do aparelho será dos dois países, meio a meio.

A previsão para lançamento do referido satélite está marcada para ocorrer só no ano de 2028, portanto daqui a quatro anos.

Mas vamos ser francos: nós não precisamos de um satélite de U$ 51 milhões para nos avisar que vai ocorrer uma calamidade. Só olhando para o céu e para a correnteza do rio nós já sabemos o que vai acontecer. E se for só para avisar, o nosso prefeito resolve isso com um carro de som passando pelas ruas da cidade.

Convenhamos: é dinheiro jogado no lixo. Bem que poderiam usá-lo para resolver os nossos problemas, em vez de gastá-lo para deixar mais um trambolho inútil pendurado no espaço.

No seu tempo, Mussolini dizia: Governare l’Ítalia non è dificile. È inutile. Do jeito que as coisas acontecem aqui no Brasil, me dá uma vontade enorme de alterar a frase do “il Duce”, trocando o nome do país.

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