Como pensar a cidade daqui para frente após a maior catástrofe natural da história da região? Pergunta que norteou debate na noite desta quarta-feira, 22, dentro do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”. Soluções e iniciativas a curto, médio e longo prazo foram apresentadas para que o município possa superar e se preparar para futuros eventos climáticos deste porte.
Participaram do debate, o secretário municipal de Segurança Pública, Paulo Locatelli, o arquiteto e urbanista e professor da Univates, Augusto Alves, e dois integrantes do Comitê Gestor do Centro Histórico, André Jäeger e Henrique Reali. Entre os convidados, todos foram unânimes em afirmar que é preciso unir esforços para a reconstrução.
No âmbito do planejamento, Alves entende que o Plano Diretor precisa de uma revisão urgente e necessária, em virtude da cota alcançada pelo rio Taquari no começo do mês. “É preciso fazer estudos consistentes, até pelas questões hidrológicas e o mapeamento das zonas de riscos. São coisas que precisam ser pensadas e executadas a várias mãos, e não no impulso, embora o momento exija agilidade”, pontua. Já Locatelli reconhece a necessidade de um aprimoramento nos sistemas de alerta da Defesa Civil, mas lembra que mudanças vêm “de cima para baixo” e precisam ocorrer de forma integrada. “Nossa preocupação aqui é potencializar o trabalho voluntário, dando cursos e capacitações. Temos que envolver toda a comunidade nesses treinamentos e simulados, e torcer para que o Estado nos forneça com antecipação as informações sobre elevações do rio”, afirma.
Desafios ao Centro Histórico
Uma das áreas mais atingidas pela enchente de maio, o Centro Histórico de Lajeado ficou praticamente submerso no pico da cheia. E uma das preocupações é com o futuro da área, ligada diretamente às origens e ao desenvolvimento do município. Se por um lado, a sede do Poder Executivo permanecer no local, empresas repensam a continuidade em áreas que foram inundadas.
“O impacto já havia sido muito grande em setembro. E agora eu não sei o que vai acontecer ali. Trabalho em frente ao Colégio Madre Bárbara e o que vejo são lojas vazias, pessoas dizendo que não irão voltar. Lugares onde antes nunca havia pego água. Isso me preocupa muito”, lamenta Jäeger.
Reali, que também atua na procuradoria jurídica do município, entende que é possível retomar a atividade econômica na região, desde que ocorra uma qualificação na previsibilidade de eventos climáticos extraordinários. “Eu vejo entusiasmo de algumas pessoas arrumando salas, fazendo limpeza, pintura. É uma característica do nosso povo, ser aguerrido e forte. Precisamos unir os interesses para que possamos voltar a ocupar o Centro”.
Alternativas
No debate, outro assunto abordado foi sobre a necessidade de alternativas para serviços essenciais que falharam durante a inundação da cidade. “Se o celular funciona, ok. E se dá problema, qual o plano B, o plano C? São coisas assim que nós precisamos pensar”.
Na mesma linha, Jäeger mostrou preocupação com o abastecimento de água e de energia elétrica nesses períodos. Lembra que um possível plano B, que é a fiação subterrânea, apresentou problemas em Porto Alegre. “As estruturas precisam ser mais resilientes e resistentes”.
Em relação às áreas que não poderão mais ser habitadas, Alves sugere áreas de lazer que possam mitigar danos. “O Ney Santos Arruda, por mais que tenha sido destruído, precisa ser reconstruído, pois é local de contato com o rio. Sempre teremos perdas, mas o investimento que se faz ali é minimamente seguro”.