As cheias do Vale do Taquari deixaram rastros marcantes na região. Não é atoa que as consequências se farão sentir por muito tempo ainda. Dentro deste cenário, um dos segmentos mais afetados é o mercado imobiliário, que se viu sem alternativas em muitos municípios. Mesmo diante das adversidades, o setor em Lajeado chama a atenção, uma vez que deve se manter aquecido nos próximos meses.
Esse movimento, segundo especialistas do mercado imobiliário, acontece devido à migração de muitas famílias de municípios vizinhos, que optaram por morar na capital do Vale do Taquari após verem seus lares destruídos e condenados pelas águas.
“Estamos recebendo muitas pessoas de outras cidades, como Cruzeiro e Arroio do Meio. Elas estão em busca de novos lares porque não querem mais voltar”, conta a sócia da Imobiliária Antares, Fabiane Althaus.
A busca se concentra em moradias e terrenos localizados em bairros mais altos. E a procura ocorre, inclusive, por atuais moradores de Lajeado, que pretendem sair das zonas de inundação.
“Lajeado é uma cidade privilegiada porque tem muito a crescer ainda. Hoje, temos loteamentos no bairro Universitário, São Bento, Moinhos da Água… todos prontos para receber a comunidade”, conta o sócio da Jacques Imóveis, Cristiano Jacques.
Apesar do otimismo, especialistas se preocupam com o futuro das regiões que estão sendo abandonadas e acreditam que o Vale terá mudanças significativas no segmento. Até mesmo Lajeado, que possui uma cartela grande de imóveis à disposição, já começa a apresentar dificuldades na oferta de imobiliários prontos para venda, com bom preço e que se enquadrem na realidade dos clientes.
Oferta e procura
Um receio de quem busca por imóveis é a alta nos preços, tanto em locações quanto nas vendas. Mudança natural do mercado imobiliário, movido pela lei da oferta e procura. Contrariando a regra, o delegado do CRECI-RS e diretor da Imobiliária Arruda e Munhoz, Marco Aurélio Munhoz, conta que as imobiliárias locais lutam para manter os valores padrões.
Uma das alternativas para garantir negociações justas é a procura por corretores credenciados. “Não podemos aceitar que um imóvel que antes era cobrado 10 vá para mil”, enfatiza. Mateus Pedó, diretor da Pedó Imóveis, também ressalta a necessidade de cautela em tempos de crise, por parte dos proprietários. “Estamos vendo a demanda crescer, e é natural que alguns queiram aumentar os preços, mas estamos firmes em combater isso”.
Inclusive, imobiliárias estão reduzindo o valor de alguns imóveis, enquanto corretores diminuíram seu potencial de comissão em prol das famílias que almejam novos lares.