A narrativa insistente do governador Eduardo Leite, de que não é hora de buscar responsáveis pela tragédia de maio, é muito oportuna. Para ele.
Essa culpa também recai sobre outros entes, como no federal. Os municípios também têm alguma parcela. Menor, justo pela estrutura das cidades, que proporcionam pouco o que se fazer.
Do lado de cá do balcão, agora é o momento de falar sobre responsabilidades. A população quer saber, entender e ter garantias de que as falhas não vão se repetir. Cabe o adendo, em setembro já se falava em “virada de chave”. Que era algo extraordinário, e que não aconteceria de novo.
O resultado não foi esse. Foi pior. A tragédia, as mortes, os desaparecidos, as casas, as empresas, a economia, as estradas estão aí para contar essa história.
Temos de apontar o dedo e cobrar essas respostas (veja ao lado):
Fugir da conversa
Quem mente que não há aquecimento global tem tudo para fazer sucesso na internet. E o argumento da vez é a inundação de 1941. Falácias de que eventos extremos sempre aconteceram servem de justificativa para quem tem preguiça de pensar. É mais fácil continuar fazendo tudo como sempre do que reconhecer que os cientistas estão certos há muitas décadas.
É mais cômodo negar o problema e dizer que não existe influência humana na maior incidência de episódios extremos no Brasil, no RS e no mundo.
No centro do país e nos bastidores do poder em Brasília do Congresso Nacional, qualquer discussão para fugir da pauta das mudanças climáticas faz sucesso entre os negacionistas. Teve político que atribui a “castigo Divino” devido ao show da Madonna no Rio de Janeiro. De que a performance da cantora foi um “ritual satânico” tendo como oferenda os corpos da vítima da inundação no RS. É inacreditável.
Isso é desvio de foco. É falar sobre qualquer outra coisa. Menos do que interessa. Agora, a pauta sobre o futuro é essa: como o Brasil, o RS e as regiões atingidas vão se adaptar frente a nova realidade climática?