Nossa força é o desenvolvimento regional. Não por acaso, o Grupo A Hora adotou este slogan em 2015. O jornalismo profissional é uma ferramenta singular para estimular o crescimento e a evolução de uma comunidade e das pessoas. Quando orientado a um formato propositivo, questionador e incisivo, ele presta um serviço determinante para a sociedade.
Em casos extremos (como foi durante e após a tragédia de maio) este trabalho se ergue ainda mais fundamental, senão vejamos: o rádio a pilha foi o único canal de comunicação a funcionar durante o apagão elétrico e digital.
Sofremos, choramos e imploramos juntos. Em muitos momentos, mandamos – voluntariamente – às favas os protocolos e os manuais de boas práticas da profissão em nome de salvar vidas. A elegância e a polidez características dos homens e mulheres do rádio deram espaço para cobranças fortes, pedidos de socorro, expressões de desespero, entre outros. Tudo numa tentativa insistente de ecoar o drama do Vale do Taquari ao Brasil e ao mundo.
O silêncio costumeiro do estúdio de rádio e as combinações que antecedem os programas e as entrevistas, deram espaço ao improviso e transformaram o estúdio da rádio A Hora num QG da Defesa Civil. Um entra e sai provocado por milhares de informações que chegavam de todo lado e requeriam, acima de tudo, checagem e curadoria que sustentam o jornalismo profissional. Afinal, informar errado é desinformar.
Foram ininterruptas horas de transmissão multiplataforma para milhões de ouvintes, telespectadores e internautas, viabilizada por um gerador a gasolina e internet via satélite, enquanto no morro Roncador, um gerador a diesel continuava a mandar o sinal para os mais de 50 municípios da região.
O cansaço e a exaustão da equipe eram superados a cada nova história de medo e sofrimento de quem estava nos telhados das casas, dos chiqueiros e dos galpões vendo a morte bater a porta como nunca antes. É nessas horas que o jornalismo assume seu papel mais essencial: prestação de serviço.
Foi, e é por isso que o Grupo A Hora mobilizou – e continua mobilizando – toda sua capacidade produtiva e mergulhou fundo nessa cobertura que segue a impressionar e chocar a todos nós.
E daqui pra frente? Um dia após o outro e vamos superando. Impreciso arriscar o que será do futuro. Sequer sabemos o tamanho do prejuízo, nem mesmo do número de mortes que a tragédia provocou. 36 já estão confirmadas e 31 seguem desaparecidos na região.
Estamos diante do maior desafio da nossa história. De repente, o rio Taquari atinge quase 34 metros em Lajeado, sendo que 8 meses antes, imaginávamos que os 29 de 1941 jamais se repetiriam. Ledo engano e ignorância coletiva. Que possamos tirar as lições necessárias para não insistir nos mesmos erros que nos trouxeram até aqui.
O Grupo A Hora continuará empenhado e convicto do seu propósito de produzir conteúdo relevante e de valor, capaz de contribuir para o Vale superar o momento. Mesmo com todas as adversidades, não podemos fraquejar. Não temos direito de fraquejar. E como já sabemos, o ser humano aprende sobremaneira de duas formas: pela dor ou pelo amor. Dessa feita, é pela dor da perda, do sofrimento e do prejuízo. Vamos em frente, sem procurar culpados ou vilões. Nem esperemos salvadores da pátria, ainda que a ajuda externa, seja da onde vier, é imperiosa para acelerar a reconstrução.
A parte que nos cabe, seguiremos. Informar, questionar, provocar, inovar. É hora de cada empresa, cada empreendedor, cada cidadão, prefeito ou vereador dar o seu melhor. Encorajar quem está ao lado, dar o ombro a quem precisa e acolher quem pede afeto. A dor e o sofrimento são coletivos. E será justamente o empenho coletivo que vai recolocar o Vale do Taquari no seu lugar. E o Grupo A Hora quer e vai contar essa história, afinal “Nossa força é o desenvolvimento regional”.