A isonomia necessária a todo e qualquer processo eleitoral foi levada pelas águas do Rio Taquari e tudo indica que o desequilíbrio vai nortear o pleito de outubro. Não é opinião, é fato. Os atuais prefeitos e prefeitas estão – e estarão – no centro das atenções como jamais visto na história. É muita vitrine a poucos meses do aguardado momento do voto. E isso, por si só, já coloca os futuros adversários em uma desvantagem colossal. Além disso, os atuais gestores serão contemplados com cifras milionárias para restabelecer a ordem e minimamente devolver a normalidade às suas respectivas comunidades. E isso, por si só, também diminuirá a força dos opositores de uma forma absurdamente melindrosa em um ano eleitoral. Nem vou falar da falta de clima para os aguardados debates acalorados entre situacionistas e oposicionistas. Em outubro, é bem provável, muitas comunidades ainda estarão isoladas e sob condições dramáticas. Não há clima para campanha e pedido de votos, reforço. Portanto, é momento de reunir partidos e protelar as eleições para 2025.
Novas rotinas em meio ao colapso
Os engarrafamentos registrados ontem precisam servir de combustível para uma mudança cultural. Enquanto não retomarmos a pleno as conexões entre as cidades, com destaque à reconstrução – ou liberação – das pontes, será necessário mudar rotinas e costumes. Uma das ações a serem revistas é a forma de utilizar os veículos privados. Em um momento de colapso logístico, é aconselhável o compartilhamento do transporte. Ou seja, buscar ou oferecer carona para vizinhos, amigos e familiares, em um primeiro momento, e até mesmo para desconhecidos. Outra sugestão é a mudança de horários em determinadas indústrias, empresas e, também, na Universidade do Vale do Taquari (Univates). Ora, e diante do afunilamento e escassez de rodovias e vias públicas, não é plausível esperar que todos se desloquem em um mesmo momento para “bater o cartão” nos horários tradicionais. É uma mudança complexa? Sim. Mas é necessária em meio ao colapso.
Cidades adotadas
O movimento de adoção de cidades do Vale do Taquari por parte de municípios de outros estados tem gerado bons frutos e a tendência é aumentar. Até o momento, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Estrela, Lajeado, Marques de Souza, Roca Sales e Muçum foram adotadas, respectivamente, pelas municipalidades de Chapecó (SC), Pomerode (SC), Osasco (SP), Blumenau (SC), Araquari (SC), Jaraguá do Sul (SC) e Rio do Sul (SC). E Concórdia (SC) vai adotar Doutor Ricardo.
Arquitetos sugerem Plano Diretor Regional
Três arquitetos ligados ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Rio Grande do Sul assinam um manifesto com sugestões para a reurbanização das cidades mais atingidas pelas enchentes de 2023 e 2024. Entre os profissionais está Rodrigo Spinelli, com atuação junto à Universidade do Vale do Taquari (Univates). Eles sugerem a revisão das ocupações urbanas situadas de forma equivocada junto aos leitos de rios e várzeas inundáveis; rever e regular de forma inflexível o uso e ocupação dos solos, quanto a preservação de matas nativas que preservam áreas de encostas e que protegem áreas alagáveis; repensar de forma inflexível legislação e diretrizes urbanas, visando preservar áreas de permeabilidade do solo nas ocupações urbanas; providenciar projetos de ocupações urbanas e de proteções ambientais, a serem implantados em áreas seguras, com boas condições de acessibilidades, no âmbito local e regional; e providenciar projetos técnicos de proteções quanto a situações de enchentes, deslizamentos, tremores e queimadas; e também providenciar estudos e formatação de um Plano Diretor Regional da região, elucidando a formação geográfica, hídrica, de ocupações urbanas e de áreas de plantios e de preservação ambiental.
40 mortos e 54 desaparecidos
Os números da maior enchente da história são massacrantes. Até o momento, o Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul já confirmou 40 mortos e 54 desaparecidos só no Vale do Taquari. Em âmbito estadual, os óbitos já ultrapassam uma centena. É assustador. É trágico.
Críticas ou fakenews?
É bom separar bem as coisas para não gerar injustiças e alimentar narrativas ideológicas. Dito isso, é necessário separar as críticas a determinados governos ou agentes públicos e as famigeradas fake news. Não podemos, sob hipótese alguma, banalizar a luta contra a disseminação de informações falsas em nome de um projeto político/ideológico, reforço.
Tiro Curto
- O vereador Waldir Blau (MDB) exagerou e muito nas críticas ao Secretário de Saúde de Lajeado, Cláudio Klein. Por diversas vezes, Blau o chamou de “secretário meia-boca”. E isso até passou batido
pelo crivo dos eleitores. Mas desta vez ele passou longe da dose ao afirmar que Klein deveria apanhar “de chinelo”. Incitou a violência e isso pode representar quebra de decoro. E mais. Pode gerar, inclusive, um processo por parte do ofendido. - A visita de representantes do governo federal, ontem, foi um verdadeiro “banho de água fria” nos gestores de Lajeado e Arroio do Meio. Durante o encontro, os agentes da União cobraram ujm estudo hidrológico para a reconstrução da Ponte de Ferro. E para quem espera o mínimo de burocracia para agilizar a obra, a sugestão técnica foi duramente criticada.
- O presidente Lula visita o Rio Grande do Sul hoje. E o governador Eduardo Leite (PSDB) depende da agenda presidencial para decidir se vem ou não ao Vale do Taquari nesta mesma quarta-feira.
- Diretor de Relações Institucionais da Corsan/Aegea, o ex-procuradorgeral de Justiça por dois mandatos Fabiano Dalazzen visita o município de Estrela nesta quarta-feira. Ele desembarca de helicóptero por volta das 16h para conversar com o prefeito Elmar Schneider (MDB), que teceu duras críticas à empresa responsável pelo abastecimento de água.
- Em tempo, você ainda acha desnecessária a construção de mais pontes sobre o Rio Taquari?