Piratini estima necessidade de quase R$ 20 bilhões para reconstruir o RS

POLÍTICA

Piratini estima necessidade de quase R$ 20 bilhões para reconstruir o RS

Cálculo inicial mostra, sobretudo, aporte elevado para restabelecimento e reconstrução. Governador clama por celeridade na liberação de recursos federais e pede provação de PEC semelhante à estabelecida na pandemia

Piratini estima necessidade de quase R$ 20 bilhões para reconstruir o RS
Cidades como Cruzeiro do Sul necessitarão de um grande aporte financeiro para a reconstrução (foto: Rangel Felipe).
Estado

Com 428 dos 497 municípios impactados pela maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul, o governo gaúcho sabe que a tarefa de reconstrução não será simples. Com o caixa comprometido, dependerá de aportes federais para dar a volta por cima. Os primeiros cálculos apontam a necessidade de quase R$ 20 bilhões em investimentos.

Os recursos, conforme o governador Eduardo Leite, são direcionados desde as ações de resposta às cheias históricas nas regiões – esta já em andamento – até a reconstrução definitiva de escolas e pontes, por exemplo.

No entanto, por se tratar de um levantamento inicial, este montante tende a aumentar conforme o tempo. “Essa estimativa está baseada na resposta atual, nos levantamentos já feitos e também nas projeções comparadas a partir dos esforços empregados no desastre de setembro, no Vale do Taquari. Precisaremos de um esforço muito grande para conseguir atender a todas essas necessidades e fazer a reconstrução dos municípios”, projeta.

A preocupação, segundo Leite, é do recurso prometido pelo governo federal – as medidas totalizam R$ 50 milhões – demorar a chegar ao RS.

“Temos uma lista de demandas muito grande e entre elas está uma PEC, semelhante a que o governo federal colocou na época da pandemia, mas que possa ser aplicado no contexto da calamidade. É como um orçamento de guerra”.

O gestor estadual lembra que, mesmo processos extraordinários pensados para situações excepcionais possuem algum grau de “normalidade”. “Os processos precisam ser muito mais simplificados em calamidades”.

“Destruição sem precedentes”

Designado para instalar seu gabinete em Encantado no pós-enchente de setembro, o vice-governador Gabriel Souza afirma que a situação do RS, sobretudo nas áreas logística e de mobilidade, não serão de resolução imediata. Por isso, concentra esforços em, com a ajuda do governo federal, buscar recursos que viabilizem a reconstrução.

“Temos uma destruição na infraestrutura rodoviária sem precedentes no RS. São pontes, viadutos, rodovias e estradas vicinais devastadas. E não é simples de resolver, pois não há nem mesmo equipe suficiente capaz de resolver tudo. O maquinário está todo disponível. Provavelmente teremos que buscar de outros estados”, comenta.

Souza lembra que o RS possui a quarta maior economia do país e destaca a vinda do presidente Lula em duas ocasiões nos últimos dias para verificar o drama gaúcho de perto. “Nós vivemos um momento de tragédia. Temos que nos unir com prefeituras, a União, os deputados e o Senado para vencer essa crise. Não temos recursos no caixa para fazer todos os investimentos. Precisamos que a dívida da União seja suspensa”.

Apoio do Daer

O caos logístico enfrentado no RS há mais de uma semana impõe desafios na desobstrução de acessos e reconstrução de estradas e pontes. Autarquias e estatais, como o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) intensificam os trabalhos.

Conforme o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, o Estado tem ciência do tamanho da responsabilidade e garante esforços máximos para a reconstrução. Por isso, o objetivo é garantir a travessia segura de veículos nesses locais.

“O Daer disponibilizou todas as superintendências para iniciar a recuperação. Não há uma região no RS em que o Daer não esteja presente. Os prefeitos têm sido parceiros e temos que compreender a angústia de todos e buscar a solução”, frisa.

Plano de reconstrução do estado

Estimativa de custos

Resposta

  • R$ 217,1 milhões em reforço nas forças de segurança
  • R$ 1,5 milhão em estrutura de governo emergencial

Assistência

  • R$ 252,3 milhões em atendimentos em saúde
  • R$ 200 milhões em benefícios emergenciais
  • R$ 2 bilhões em estruturas e manutenção de abrigos

Restabelecimento

  • R$ 209 milhões em apoio às defesas civis
  • R$ 1,8 bilhão em escolas
  • R$ 1,9 bilhão em moradias
  • R$ 63,4 milhões em projetos de manutenção e reconstrução
  • R$ 790 milhões em manutenção de estradas vicinais
  • R$ 500 milhões em manutenção de rodovias
  • R$ 1,5 milhão em manutenção de vias urbanas
  • R$ 12,4 milhões em balsas
  • R$ 260 milhões em remoção e destinação de resíduos

Reconstrução

  • R$ 368,1 milhões em apoio à agricultura
  • R$ 1 bilhão em apoio às empresas
  • R$ 754 milhões em reconstrução de escolas
  • R$ 65 milhões em estrutura de governo
  • R$ 2,9 bilhões em moradias
  • R$ 3,6 bilhões em pontes
  • R$ 96 milhões em unidades de saúde
  • R$ 77 milhões em recomposição de áreas degradadas

Números da tragédia

  • 428 municípios afetados
  • 67,5 mil pessoas em abrigos
  • 165 mil pessoas desalojadas (estão em casas de familiares ou amigos)
  • 1,4 milhão de pessoas afetadas de alguma forma
  • 107 óbitos
  • 136 desaparecidos
  • 374 feridos
  • 70,2 mil pessoas resgatadas.

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