O Grupo A Hora realizou um instigante seminário em novembro do ano passado para discutir saídas e soluções aos problemas e prejuízos gerados pelas enchentes. Profissionais técnicos, voluntários e agentes políticos participaram de uma série de debates e rodas de conversa para finalizar a composição da “Carta do Vale”, com todas as demandas e projetos estratégicos necessários à nossa segurança regional. Meio ano após a simbólica assinatura da carta, é momento de reunir outra vez as mesmas cabeças pensantes e os líderes por detrás do movimento para verificar, afinal, o que de fato saiu do papel, e o que ainda sequer foi debatido entre os entes e agentes responsáveis.
Entre as ações mais latentes, um plano regional de prevenção e evacuação; a ampliação do sistema de informações e monitoramento da bacia hidrográfica; o fortalecimento da Defesa Civil; a criação de mapas hidro geotécnicos com cotas de enchentes, e estudos hidrológicos e de possíveis barramentos. Desde então, pouco avançamos. Portanto, é preciso reunir outra vez os representantes da Amvat, Amat, Avat, Amturvales, CIC/VT, Codevat, Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari Antas, e, claro, a nossa Universidade do Vale do Taquari (Univates). Não podemos esperar mais seis meses. É preciso correr contra o tempo.
Aeródromo em Doutor Ricardo. Heliponto em Estrela
O Vale do Taquari sofreu um duríssimo golpe em sua infraestrutura logística. E diante da morosidade do Estado e da União, os governos municipais e as entidades empresariais se unem como nunca para devolver um mínimo de normalidade ao escoamento da produção e a chegada de insumos às indústrias e empresas – além de mantimentos para a sobrevivência da população, é claro. E as soluções surpreendem. Em Doutor Ricardo, uma pequena cidade com 1,8 mil habitantes, foi “descoberto” um pequeno aeródromo. E só nessa quinta-feira o espaço recebeu 10 aeronaves pequenas com alimentos e outros produtos necessários à região alta. Em Estrela, a Defesa Civil implantou um heliponto improvisado na sede da transportadora Nimec, nas proximidades da BR-386, em um ponto que já serve como o Centro de Distribuição de materiais para os desabrigados.
Como serão as eleições?
Conversei com diversos agentes políticos e muitos compactuam com uma dúvida: afinal, como serão as eleições municipais de outubro? Alguns sugerem a suspensão do pleito. Outros sustentam a necessidade de protelar o aguardado e disputado dia da votação. E há quem não veja empecilho em manter o dia seis de outubro como o dia “D” para a escolha dos futuros prefeitos e vereadores. Da mesma forma, os correligionários e marqueteiros reavaliam as estratégias para situacionistas e opositores. Tudo deve mudar a partir da trágica enchente. Inclusive as coligações, é claro.
Escolas modulares em Estrela
Antes mesmo da tragédia da semana passada, o governo de Estrela já havia conquistado recursos federais para a construção de quatro novas escolas municipais – três de ensino infantil e uma de ensino fundamental. E não havia tanta pressa na construção desses educandários. A partir da maior enchente da nossa história, porém, e com a destruição de diversos espaços escolares, a municipalidade quer acelerar o processo de construção das estruturas. Para isso, a Secretaria de Educação estuda contratar uma obra modular. Em suma, trata-se de um modelo de construção rápida e econômica, altamente flexível, adaptável às mudanças e que oferece um interessante custo-benefício. Caso se confirma a ideia, a projeção é finalizar as obras em 90 ou 120 dias.
Resgates – ainda – são necessários
O Vale do Taquari já contabiliza 34 mortos e ainda possui 49 pessoas desaparecidas. Além disso, ainda há moradores aguardando por resgate. São pessoas que vivem em comunidades mais isoladas e que ainda possuem enormes dificuldades para acessar as áreas menos impactadas. Há casos em Arroio do Meio, Imigrante e Estrela. Menos mal que a Defesa Civil já acessou e entregou mantimentos aos moradores dessas áreas. Mas o resgate ainda é uma prioridade.
“Juntos pela Ponte”
Empresários e agentes políticos de Lajeado, Arroio do Meio e Encantado realizaram um ato simbólico e histórico junto aos destroços da ponte de ferro, parcialmente destruída pela força do Rio Forqueta. O movimento busca angariar recursos para a reconstrução da passagem e dos acessos, e estimam gastos superiores a R$ 10 milhões. Paralelo a isso, um outro grupo estuda a possibilidade de reutilizar a estrutura de ferro que estava do lado lajeadense e tombou junto à margem do afluente do Rio Taquari. Fato é que a recomposição daquela importante ligação entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari parece ser apenas uma questão de tempo.
R$ 50 bilhões ao Estado? Tomara…
O Governo Federal anunciou ontem um pacote de R$ 50,9 bilhões para auxiliar famílias, trabalhadores rurais, empresas e municípios no Rio Grande do Sul. As 12 medidas de apoio aos gaúchos constam em uma Medida Provisória encaminhada ao Congresso Nacional pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. São medidas econômicas destinadas a trabalhadores assalariados, beneficiários de programas sociais, ao estado e a municípios, às empresas e aos produtores rurais. Entre as medidas, a antecipação do abono salarial, do Bolsa Família e do Auxílio-Gás; a prioridade na restituição do Imposto de Renda; e duas parcelas adicionais do Seguro-Desemprego para quem já estava recebendo antes da decretação de calamidade. Pronampe, Pronaf e Pronamp também serão invocados. E fica a torcida para que não se repitam os erros de 2023.