“O povo daqui vai se reerguer”. É assim que Rudemar Borges da Silva, o Borginho, morador de Linha Jacaré, encara a destruição da comunidade onde ele vive, no interior de Encantado. Às margens da rodovia 332, conta que a casa onde mora não foi atingida, somente a empresa que é dono.
“Foi feio o negócio, nunca esperei que a água chegaria onde chegou. Eu tinha feito aqui um pavilhão e só ficou a base. A água veio com uma força inacreditável”, descreve.
Na noite de quarta-feira, 1º, ele e a esposa foram dormir cedo, a água já tinha começado a baixar e o casal pensou que a situação tinha melhorado. “Acordamos de madrugada e água já tinha subido, estava na empresa. Eu e minha esposa pegamos os carros para ir embora, mas teve queda de barreira e ficamos presos, ilhados. Ficamos em casa, mas estávamos prontos para ir embora só com a roupa do corpo”, conta.
O irmão de Borginho tinha uma plantação de morangos nas imediações da rodovia, não resta mais nada. “Quando fui falar com ele, respondeu que iria refazer tudo. Disse pra mim: ‘a água só levou o que era material, o que tenho aqui na minha cabeça está intacto’. Por isso sei que o povo daqui vai se reerguer de novo”, finaliza.