Inaugurado na década de 70, o complexo portuário em Estrela já foi um dos símbolos da pujança e do desenvolvimento do Vale do Taquari. Nos últimos anos, porém, o porto sofreu com a falta de investimentos em dragagem e o pouco interesse das empresas e indústrias no modal hidroviário da região. Mesmo assim, os gestores municipais nunca desistiram e a luta pela municipalização do espaço perdura há pelo menos três gestões municipais (duas com o ex-prefeito Carlos Rafael Mallmann, e uma com o atual gestor Elmar Schneider).
Durante a gestão atual, inclusive, o Executivo municipal criou a Empresa Pública de Logística Estrela, a E-Log, cuja missão era devolver movimentação ao porto e, também, ao Aeródromo Regional localizado no bairro São José, também em Estrela. Uma missão que se tornou praticamente impossível com a maior enchente da nossa história. Afinal, o porto e o aeródromo foram destruídos pelo Rio Taquari. Diante do quadro, e da falta de perspectivas, o chefe do Executivo já sinaliza com a possível extinção da E-Log.
A tragédia em números: já são 33 mortos
É difícil escrever sobre isso. Mas é necessário. Desde o início das chuvas que assolaram todo o Rio Grande do Sul, o Vale do Taquari já contabiliza o indigesto número de 33 mortes confirmadas. E ainda há – pelo menos – mais de 30 desaparecidos. Um número aterrorizante e que a cada dia se aproxima mais dos registros de setembro de 2023, quando a região contabilizou 54 mortos e quatro desaparecidos. É trágico. É nefasto. É tudo que jamais poderia ter ocorrido. E ainda pode piorar…
A importância do rádio
A cada novo contato com moradores das cidades mais impactadas pela maior enchente da nossa história, os efusivos agradecimentos pelos serviços prestados pela Rádio A Hora durante os momentos mais tensos da inundação. “Vocês foram a minha companhia”. “Vocês salvaram muitas vidas”. “Vocês garantiram a segurança da minha família”. É claro que os verdadeiros heróis são os voluntários e agentes de segurança que arriscaram a própria vida para salvar a vida do outro. Mas é muito gratificante perceber a importân- cia do rádio em uma sociedade dominada pelas redes sociais.
Bilhão só para a limpeza
O custo para a limpeza dos municípios diretamente impactados pela enchente pode chegar a cifras bilionárias. Ao menos é essa a expectativa de prefeitos que já vivenciaram a mesma experiência em setembro e novembro de 2023. Em Estrela, por exemplo, os agentes públicos estimam algo em torno de 50 mil toneladas de entulhos e lixo gerados pela força das águas do Rio Taquari. E as estimativas são otimistas. Tomara que todos estejam errados.
Foco na logística
A resistência e a posterior liberação da ponte sobre o Rio Taquari é uma das melhores notícias das últimas décadas. Sem a principal ligação entre o Vale do Taquari e a Região Metropolitana estaríamos fadados a padecer diante das dificuldades de receber insumos e escoar a nossa produção. Sem falar no deslocamento entre trabalhadores que vivem em um município e trabalham em outro. De novo. A manutenção da travessia sobre o Rio Taquari precisa ser celebrada por todos os moradores do Vale, sejam eles da região alta ou da região baixa.
Dito isso, agora é preciso focar na logística entre as demais cidades. O anúncio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que pretende lançar em breve o edital para a reconstrução da ponte entre Lajeado e Arroio do Meio (foto), na ERS-130, também precisa ser celebrado por todos. E não podemos esmorecer diante dos problemas de logística entre as cidades menores. Focar na logística é crucial para a retomada econômica e social. Assim como a urbanização, é claro.
Geólogos avaliam os morros
O Vale do Taquari vivenciou um movimento que tende a se repetir com a possível sequências dos fenômenos climáticos: os deslizamentos de terra. Diante disso, diversos municípios agilizam a contratação e/ou terceirização de geólogos para avaliar as condições das encostas e morros mais próximos às áreas urbanas. Cruzeiro do Sul, Colinas,Encantado e outras cidades começam a observar melhor para os riscos e consequências da urbanização em pontos mais íngremes. Um fator determinante para evitar novas tragédias mais à frente e mitigar os efeitos e impactos da natureza.
Novas cidades, novas rotinas
Não há outra saída para alguns municípios. Será necessário pensar em novas cidades a partir dos números e fatos registrados durante a última semana. É inimaginável que determinadas localidades voltem a ser habitadas. Não podemos permitir que as milhares de pessoas que escaparam com vida da fúria da enchente retornem para as áreas de risco. O mesmo vale para empresas e indústrias destruídas pelo Rio Taquari e seus afluentes. Aos prefeitos, o desafio é buscar áreas para criar novos bairros inteiros e alterar de forma contundente a rotina das cidades. Não há outra saída, reforço. E tudo isso demanda ferramentas públicas próximas, acessos, logística, qualidade de vida e outros fatores cruciais para a sobrevivência dessas comunidades. É tarefa árdua. Mas que precisa evoluir.
Novas cidades, novas rotinas
Não há outra saída para alguns municípios. Será necessário pensar em novas cidades a partir dos números e fatos registrados durante a última semana. É inimaginável que determinadas localidades voltem a ser habitadas. Não podemos permitir que as milhares de pessoas que escaparam com vida da fúria da enchente retornem para as áreas de risco. O mesmo vale para empresas e indústrias destruídas pelo Rio Taquari e seus afluentes. Aos prefeitos, o desafio é buscar áreas para criar novos bairros inteiros e alterar de forma contundente a rotina das cidades. Não há outra saída, reforço. E tudo isso demanda ferramentas públicas próximas, acessos, logística, qualidade de vida e outros fatores cruciais para a sobrevivência dessas comunidades. É tarefa árdua. Mas que precisa evoluir.
RGE faz as pazes com o Vale
A RGE recuperou parte da credibilidade perdida ao longo dos anos no Vale do Taquari. Atordoada pelas duras críticas relacionadas às oscilações de energia e a demora no restabelecimento em cenário muito mais calmos, a concessionária não poupa esforços, equipe e boa comunicação para devolver a normalidade aos mais diversos municípios da região. Ainda há problemas, sim, e muitas comunidades ainda
aguardam pelo retorno pleno da energia elétrica. Mas de acordo com gestores municipais, o esforço da empresa sensibilizou até mesmo os mais críticos e tudo leva a crer que a relação entre o Vale do Taquari e a RGE será outra após a maior tragédia da nossa história.