“É possível que vejamos novos repiques de enchentes”, diz pesquisadora

CHEIA NO VALE

“É possível que vejamos novos repiques de enchentes”, diz pesquisadora

Sofia Moraes analisa cenário da região e os impactos deixados desde a cheia de setembro de 2023

“É possível que vejamos novos repiques de enchentes”, diz pesquisadora
Foto: arquivo A Hora

As cheias de 2023 e 2024 destacam-se pela intensa precipitação de chuvas e os impactos deixados no Vale do Taquari. Tais enchentes estão entre as maiores já registradas na história e são comparadas ao evento de 1941. Apesar disso, a engenheira ambiental e pesquisadora, Sofia Moraes, ressalta que os fenômenos possuem particularidades e precisam ser analisados com cautela.

Ao observar  a enchente de setembro de 2023, Sofia destaca que a precipitação se concentrou mais ao norte da bacia Taquari-Antas, enquanto que, no evento de novembro do mesmo ano, as chuvas foram mais distribuídas. “Agora, em abril de 2024, ela está centrada no sul”, explica. 

Em relação à histórica cheia de 1941, a engenheira lembra que a precipitação foi muito maior e afetou toda a região hidrográfica. Naquela época, “as médias pluviométricas variaram entre 557 mm e 682 mm. Isso entre os dias 13 de abril e 06 de maio”.

O que mais chama a atenção da pesquisadora ao analisar os gráficos desses diferentes fenômenos é a recorrência de picos, ou repiques da enchente, o que gera certa preocupação. Com base nos gráficos históricos e nos prognósticos de mais chuvas para os próximos dias, Sofia afirma ser possível ter novas inundações. “Não quero dizer que teremos uma repetição do gráfico de 41, mas é possível que vejamos novos repiques de enchentes. É por isso precisamos estar atentos”, alerta Sofia.

Mudanças climáticas impactam nas cheias 

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) publicou um estudo recente em que fez uma modelagem das variações climáticas associadas às mudanças ambientais na América do Sul. Com base na publicação, o Rio Grande do Sul é a região com maior tendência a apresentar condições extremas de inundações. “O que eles estão prevendo é muito certeiro, pois é o que observamos desde o ano passado”, destaca.

Questionada sobre a geografia da região, a engenheira chama a atenção para a característica íngreme e os cenários com muitos morros. “Sabemos que, com o passar do tempo, a fase de sedimentação rochosa, aliada a transformação do solo e o peso que colocamos nele, cria esse favorecimento para que tenhamos um descolamento do solo na rocha”. 

Para ela, uma das soluções para o Vale é apostar no mapeamento de risco, de áreas inundáveis e de deslizamentos, bem como ampliar o sistema de monitoramento . Ao desenhar os planos diretores e de prevenção, será mais fácil orientar a população e tomar medidas mais efetivas.

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