O lançamento da Fiat Titano, no mês passado, evidenciou a aposta das montadoras no mercado de picapes. O investimento da marca nos veículos com capacidade para carregar cargas reflete mudança no comportamento do consumidor no Brasil. Hoje, as picapes representam 20% do mercado nacional e as vendas da categoria crescem mais do que o dobro na comparação com os demais veículos.
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) confirmam essa tendência. Conforme a entidade, enquanto o mercado de veículos cresce cerca de 11% na comparação anual, as vendas de picapes tiveram uma elevação média de 24%, oscilando ente 14% a 47% de alta a depender do modelo.
Apenas nos primeiros três meses do ano, foram 93.755 picapes vendidas – aumento significativo de 17,4% em relação ao mesmo período de 2023. O principal destaque vai para a Fiat Strada, que lidera o segmento no acumulado do 1° trimestre com 26.580 unidades vendidas. Mas é o avanço das chamadas picapes médias, intermediárias e grandes que impulsiona as montadoras e explica os novos lançamentos no segmento.
Gerente de vendas da Betiolo, empresa responsável pelas marcas Fiat e RAM, Geison Kunrath afirma que o Vale do Taquari também acompanhou o crescimento nacional da categoria. Segundo ele, a procura dos consumidores por este tipo de veículos ocorre em função da versatilidade e da ampliação das opções disponíveis.
“Antigamente as picapes eram, aqueles carros mais brutos, com grande capacidade off-road, mas não tão confortáveis”, lembra. Kunrath afirma que as novas opções disponíveis no mercado transformaram essa percepção, com as montadoras oferecendo opções cada vez mais tecnológicas e com qualidade de acabamento superior.
“Hoje, o mercado possui picapes com sistema autônomo de direção e carros extremamente confortáveis, com câmeras 360º e outras facilidades antes só disponíveis nos SUVs”, destaca. Diante dessa mudança, os veículos oferecem versatilidade que não existe em outras categorias, com carros podem ser usados tanto nos trajetos urbanos, quanto nas estradas e fora delas.
“São veículos com capacidade off-road, com câmbio automático de até nove marchas, tração 4×4 e bloqueio diferencial, que podem ser utilizados em qualquer piso ou terreno”, aponta. Diante dessa transformação no mercado, a tendência de médio prazo é de que a comercialização de picapes ultrapasse as de hatch pequenos, algo impensável 20 anos atrás, quando os chamados “carros populares” correspondiam por mais de 70% das vendas de veículos no Brasil.
Mudança no padrão de consumo
Supervisor da Brenner Mitsubishi, Sidnei André Eckert Bisol destaca a mudança no padrão de consumo que resultou na ascensão das picapes. Segundo ele, desde os primeiros meses da pandemia, os consumidores reduziram as viagens de avião e passaram a priorizar o uso do carro.
“As pessoas estão rodando mais. Primeiro dentro do estado ou nos estados próximos, e, posteriormente, para países vizinhos como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile”, frisa. As viagens de carro em distâncias maiores também aumentaram, com clientes da empresa viajando para destinos como o deserto do Atacama e Patagônia, por exemplo. “Dentro desse preceito, a picape atende muito bem o público, por ser um carro robusto, capaz de enfrentar qualquer desafio, on-road e off-road, e ainda proporcionar grande capacidade de carga.”
Conforme Bisol, a venda de picapes foi beneficiada pelo desse desejo de viajar e a sensação de liberdade proporcionada pelos veículos. Paralelo a isso, ressalta que a versatilidade da categoria para trabalho, em especial no agronegócio e demais atividades que exigem capacidade de carga.
“Nós percebemos aqui na região um aumento muito considerável de vendas da L200, justamente ter essa pegada do off-road”, aponta. Conforme Bisol, a Mitsubishi tem tradição histórica no segmento com a L200, uma das mais antigas picapes cabine dupla disponíveis no mercado brasileiro. Além disso, a marca promove o maior rally monomarca do mundo, o Mitsubishi Cup, o rally de regularidade Mitsubishi Motorsports, e o Mitsubishi Outdoor, competição com atividades fora de estrada.