Luzes, sombras e eleições

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Luzes, sombras e eleições

Dias atrás, ouvi o seguinte: somos feitos de luzes e sombras. Essa frase ficou martelando na minha cabeça. A primeira situação que me ocorreu foi a de que a humanidade viveu nessa dualidade em toda a sua existência, como um pêndulo. Depois da segunda guerra mundial, que foi pura sombra, parecia que tinha levado um choque de realidade e que nunca mais repetiria aqueles erros gigantescos, que quase a levou à extinção.

Ledo engano! Apesar das luzes na busca de mecanismos para garantir a paz mundial e a dignidade humana, as guerras seguem assombrando e a violência se alastra nas suas diversas formas.

Atualmente, a extrema-direita toma espaço em vários países: células neonazistas e fascistas se proliferam, governos autoritários e religião se mesclam assustadoramente, movimentos contra migrantes e refugiados seguem sem freios, o ódio à diferença toma força e as democracias se fragilizam. Nesse período de sombras, o meio ambiente é duramente atacado e a ganância dita as regras.

No Brasil, ecoam esses retrocessos. Há grupos que parecem viver num estado de transe com doses de hipocrisia. Ao mesmo tempo em que defendem torturas e idolatram torturadores, defendem liberdade de expressão. Atacam os que pensam diferente e desrespeitam autoridades constituídas, mas se dizem cumpridores da lei. Definem-se patriotas e aplaudem interferências externas no seu país.

Quem não vive numa realidade paralela de fake news já acendeu um enorme farol de alerta e anda preocupado.

É nesse panorama que teremos as eleições municipais. Portanto, com um olhar para o que está acontecendo no mundo, é preciso ficar também de olho na nossa aldeia. Quem nós elegeremos para governar nossas cidades e legislar pelo bem comum? Vamos esperar favores e faremos campanha para ter cargos, ou pensaremos no coletivo, naquilo que será bom para todos? Eu tenho uma lista que observarei com rigor neste ano e a proteção do meio ambiente estará entre as prioridades. Um Vale que passou por duas enchentes catastróficas necessita de propostas claras para proteger a sua população e a Mãe Terra.

Portanto, quem não apresentar um plano que contemple uma política ambiental séria não merece meu voto. E não adianta ter discursos bonitinhos se apoia lideranças nacionais e mundiais que negam a grave crise climática e são de extrema-direita. É preciso coerência para fazer uma boa gestão. A minha lista para bem votar é extensa, mas neste espaço, opto por citar mais estes questionamentos: quais são as políticas para as mulheres, para os pobres, para a educação, contra o preconceito?

Enfim, no pêndulo que hoje passa a humanidade, que sejamos luzes e não aceitemos retrocessos que nos levem ao extermínio, começando pelos nossos municípios.

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