Espectro autista: falta de profissionais desafia atendimento na saúde e educação

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Espectro autista: falta de profissionais desafia atendimento na saúde e educação

No mês da luta a conscientização do Transtorno do Espectro Autista, o programa “Nossos Filhos” traz especialistas para falar sobre os desafios nas áreas da educação e saúde

Espectro autista: falta de profissionais desafia atendimento na saúde e educação
Especialistas abordaram os principais desafios para adaptação e atendimento das pessoas com espectro autista. (Foto: divulgação)
Lajeado

O mês de abril é marcado pelas ações de conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Também conhecido como “abril azul”, o período foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu o dia 2 como principal momento de celebração à causa. Neste ano, a campanha nacional tem como tema “valorize as capacidades e respeite os limites”, e objetiva o reconhecimento e respeito das habilidades e particularidades de cada pessoa.

O programa “Nossos Filhos”, veiculado na quinta-feira, 11, trouxe quatro especialistas para debater os principais desafios do TEA. Estiveram presentes no bate-papo, a médica neuropediatra, Ana Maria Dresch Gois; a presidente da ONG Azul como o Céu, Paula Martins; a orientadora educacional do Ceat, Denise Polonio; e a profissional de atendimento educacional especializado do Ceat, Beatriz Hauenstein.

Segundo o Censo Escolar 2023, no Brasil, há cerca de 635 mil alunos diagnosticados com TEA, que estão matriculados em escolas públicas e privadas. Apesar do alto índice, poucos são os ambientes escolares e profissionais que estão preparados para lidar com pessoas do espectro.

“Para abordar sobre as dificuldades, precisamos começar a falar do desafio de chegar ao diagnóstico. Muitas famílias não têm acesso adequado aos profissionais capacitados para execução do diagnóstico. Outras são orientadas a aguardar, mesmo quando já observam sinais em seus filhos”, comenta Ana.

A neuropediatra explica que isso se deve ao fato do autismo se manifestar de diferentes maneiras e intensidades. Em alguns casos, os sintomas e sinais são semelhantes a outros transtornos. Mas, em geral, ele inclui prejuízos na interação social e comunicação, presença de comportamentos repetitivos e sinais de interesses restritos.

O desafio do diagnóstico

Mãe de dois filhos autistas, Paula recorda que o diagnóstico não foi um processo fácil. As primeiras mudanças de comportamento e dificuldades de aprendizado do mais velho, Arthur, foram observadas quando o pequeno tinha pouco mais de um ano.

“Ele teve autismo regressivo. Estava tendo um desenvolvimento normal e, de um dia para o outro, parou de nos olhar nos olhos e responder ao nome dele. Ele já tinha começado o desenvolvimento da fala e isso cessou também. Já não percebia mais quando a gente entrava e saia do ambiente em que ele estava”, relata.

Formada em psicologia, Paula sempre suspeitou do diagnóstico de autismo do filho. Porém, encontrar uma rede de profissionais capacitados para dar o veredito foi uma tarefa difícil. “Ao conversar com pessoas conhecidas, descobri a ONG Azul como o Céu. Foi pelo intermédio da ONG que me indicaram a Ana e, aos 2 anos de idade, meu filho recebeu o diagnóstico”, relembra.

Inclusão e adaptação dos autistas nas escolas

Além do diagnóstico, outro desafio é a inclusão dos autistas em escolas regulares. Afinal, boa parte deles necessita de monitoras para ajudá-los na adequação ao ambiente escolar. Por isso, os educandários precisam ter equipes preparadas a receber estes estudantes.

“Por muito tempo a inclusão estava direcionada a igualdade. Hoje, quando a gente fala de educação inclusiva, falamos na equidade, porque não é todo mundo igual. O autista é um sujeito que tem uma diversidade funcional e a gente precisa olhar para essas subjetividades”, afirma Denise.

Em Lajeado, algumas escolas já estão adaptadas a esta necessidade e possuem equipes preparadas. É o caso do Ceat. Segundo Beatriz, o movimento do colégio iniciou com a capacitação das equipes. “A cada ano potencializamos esse trabalho através da pesquisa, do estudo, e da formação continuada. Temos visto que esse olhar para o grupo de trabalho tem feito a diferença no desenvolvimento da criança”, afirma.

No entanto, esta não é a realidade de todas as escolas da região, nem mesmo do país. A neuropediatra afirma que as diferentes posturas dos educandários são percebidas até mesmo dentro do consultório. Enquanto algumas escolas são as responsáveis por sinalizar aos pais os primeiros sinais do espectro, outras não dão atenção ao aluno. “Encaminhamos a carta e, muitas vezes, o que vem como resposta é que não há espaço na escola, ou que não tem o que fazer. Existe um abismo entre as escolas”, enfatiza Ana.

O bate-papo completo sobre autismo pode ser acompanhado pelo QR Code da página ou nas plataformas digitais do Grupo A Gora. O programa “Nossos Filhos” é apresentado por Mateus Souza e pelo Dr. João Paulo Weiand. Patrocínio de Clínica Protege e Colégio Evangélico Alberto Torres – CEAT.

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