“As pessoas separam partes de sua personalidade para conseguir lidar com conflitos de outra forma incontroláveis”. Melanie Klein
Sigmund Freud não aceitava muito bem as mulheres dentro da psicanálise, principalmente pelas críticas que recebia sobre seus estudos. No início, Freud só citava as mulheres como objetos de estudos e tratamentos, e no fundo nem ele entendia o que realmente as mulheres queriam.
Em 1918, Helene Deutsch foi a primeira psicanalista mulher a participar da Sociedade Psicanalítica de Viena de Freud. Logo após Deutsch, começaram a surgir outras psicanalistas mulheres revolucionando a área. Uma delas foi Melanie Klein, que contribuiu com muitas obras sobre a prática clínica e a constituição da psique das crianças.
É dela a teoria das relações objetais onde sugere que, diferentemente das forças biológicas ou dos desejos inconscientes, o comportamento de uma pessoa foi criado por meio de seus relacionamentos interpessoais. O objeto no caso, faz referência a uma pessoa ou experiência ligada a essa pessoa. Os teóricos das relações objetais geralmente veem o contato humano e a necessidade de formar relacionamentos, e não o prazer sexual, como a principal motivação para o comportamento humano e o desenvolvimento da personalidade.
A partir disso ela cria as importantes e fundamentais noções de introjeção e projeção.
A introjeção ocorre quando uma pessoa internaliza as ideias ou vozes de outras pessoas. Aquilo que gostamos ou dito por alguém que amamos, trazemos para dentro de nós. Como exemplo de introjeção temos um pai dizendo ao filho: meninos não choram”. Essa é uma ideia que uma pessoa pode absorver de seu ambiente e internalizar em sua maneira de pensar. Com o tempo, isso pode levar à identificação com a pessoa que disse isso. Seria como se o filho seguisse os passos do pai e se tornasse como o pai em mais aspectos do que apenas essa crença.
Já a projeção envolve focar as partes ruins do objeto e da criança no objeto externo. Assim, tudo aquilo que não gostamos jogamos para “fora “ de nós.
Mais tarde Melanie Klein escreveu sobre uma forma primordial de projeção chamada de “identificação projetiva”. Através deste processo uma pessoa tenta expulsar um estado de espírito projetando-o, mas permanece identificada com o que é projetado. Por exemplo, um homem furioso projeta sua raiva em sua esposa, a quem ele agora vê como a pessoa irritada. Ele insiste que foi a hostilidade dela que estimulou sua raiva, e em resposta sua esposa fica com raiva. A identificação projetiva exerce uma pressão emocional que evoca no outro tudo o que foi projetado.
Na vida seguimos vendo o mesmo processo em adultos que projetam os seus medos e ódios indesejados sobre outras pessoas, resultando em racismo, guerra e genocídio. No caso brasileiro, são esses problemas de identidade que criaram essa imensa separação, aliada ao ódio e ressentimento, entre petistas e bolsonaristas, onde cada um só fala para o seu “cercadinho” e não se vê chance de trabalho ou coexistência pacifica.
No mundo dos humanos, há muito mais do que política influindo nos comportamentos fanáticos.