“Curva da Morte” na ERS-129 deixa quatro vítimas em dois anos

Trânsito perigoso

“Curva da Morte” na ERS-129 deixa quatro vítimas em dois anos

Comunidade promove ato neste sábado para alertar autoridades. Desde 2022, foram mais de 10 acidentes no mesmo trecho da ERS-129

“Curva da Morte” na ERS-129 deixa quatro vítimas em dois anos
Acidente nesta semana fez duas vítimas. Moradores cobram instalação de dispositivo de contenção no local / Crédito: Brayan Bicca
Muçum

Moradores de Muçum voltam a se mobilizar e organizam protesto neste sábado, 6, após o registro de mais dois óbitos nesta semana no KM 86, na rodovia ERS-129, local historicamente identificado como “Curva da Morte”. Um caminhão com placas de Porto Alegre seguia no sentido Vespasiano Corrêa-Encantado quando perdeu o controle e tombou fora da pista. Morreram no local o motorista Henri Edmond Ghabril, 55, de Porto Alegre, e o auxiliar Kelvin Morais de Moraes, 23.

Os dados mais recentes, apurados pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar de Encantado, apontam que desde 2022 até agora foram registrados quatro óbitos no KM 86 da rodovia ERS-129, que compreende o trecho conhecido como a Curva da Morte (veja quadro).

A mobilização deste sábado inicia às 8h no Posto Sander, estabelecimento ao lado da rodovia, no bairro Fátima. Dali, uma carreata seguirá até o trevo de acesso secundário à cidade, onde os manifestantes ficarão ao lado da pista, sem interromper a passagem dos veículos.

Um dos líderes do protesto, Sandro Pereira da Silva, 51, tem um triste motivo para comparecer à mobilização. O gerente de produção perdeu o pai no trevo, após ser atingido por uma carreta. Silva garante que o protesto será pacífico, porém o grupo espera respostas imediatas dos responsáveis. “Não vai ser apenas um ato simbólico. Vamos dar um prazo ao governo e à EGR para que nos apresentem um projeto que solucione esse grave problema. Se não tivermos retorno, vamos bloquear a rodovia para chamar a atenção do país inteiro. Estamos cansados disso”, relata.

“Tem todo o meu apoio”, garante prefeito

Ao mesmo tempo em que apoia o protesto e promete estar presente no sábado, o prefeito de Muçum, Mateus Trojan, lembra que a busca por soluções no local junto às autoridades competentes vem de muito tempo. “Desde que eu era vereador, tenho processos administrativos encaminhados ao Estado sobre esse assunto.

Também agora, como prefeito. Além de diversas outras lideranças da região, vereadores da cidade e de municípios vizinhos, prefeitos da região, outras entidades e a própria comunidade já se mobilizaram”, afirma.
Conforme Trojan, o protesto servirá como nova tentativa para sensibilizar o governo do Estado, por meio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), a colocar como prioridade ações de melhorias na segurança do trecho.

“É necessário que as autoridades entendam a gravidade da situação e tomem providências urgentes. Num primeiro momento, é fundamental o reforço nas sinalizações, para impactarem nos motoristas, que eles compreendam realmente o risco que traz esse trajeto íngreme. Além de uma área de escape, a tão falada caixa de areia”, pontua o gestor.

Crédito: Brayan Bicca

“Só consegue parar quando bate ou capota”, diz morador

Funcionário de uma metalúrgica próximo ao trevo, Douglas Robetti, 31, entende que a pista precisa de adequações. “O motorista que perder o freio lá em cima só consegue parar aqui embaixo, quando bate ou capota, não tem muito o que fazer”, conta Robetti. O muçunense revela que prefere evitar se aproximar dos acidentes para não presenciar furtos de cargas, que, segundo ele, é comum nesses casos. “Tem mais gente que atrapalha do que ajuda, infelizmente”, diz.

Para Jaqueline de Siqueira, 59, a rapidez com que os acidentes ocorrem impressiona. “Quando vê, o caminhão já vem tombando. É muito triste, muitos morreram nos últimos anos, um acidente pior que o outro”, comenta a moradora, que sugere a realização de um abaixo-assinado para pressionar as autoridades responsáveis.

O motorista que perder o freio lá em cima só consegue parar aqui embaixo, quando bate ou capota, não tem muito o que fazer.”

Douglas Robetti, metalúrgico

Números no KM 86, da rodovia 129

(que compreende o trecho da Curva da Morte)

2022
5 acidentes
6 feridos
1 óbito

2023
7 acidentes
4 feridos
1 óbito

2024
1 acidente
2 óbitos

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