Precocidade no esporte: quando é muito cedo pra praticar?

Opinião

Rodrigo Rother

Rodrigo Rother

Professor na UNIVATES e no CEAT - @rodrigorother

Colunista Esportivo

Precocidade no esporte: quando é muito cedo pra praticar?

Quando se trabalha com crianças no esporte e também na fortmação de profissionais que atuarão nesta área (como acontece comigo em ambos os casos), alguma perguntas acabam tornando-se comuns, recorrentes para pais e professores.

Uma delas é sobre a idade “correta” ou “mais indicada” para início da prática esportiva.

Antes de mais nada, precisamos desmistificar alguns pontos. Primeiro: começar antes não garante chegar mais longe! Tudo bem que uma criança com mais experiência numa modalidade pode ter vantagem sobre outra da mesma idade com menos experiência. Mas essa vantagem é temporária. Bons resultados na base podem não se transformar em bons resultados na idade adulta, pois o treinamento vai equilibrando as habilidades e quem iniciou antes pode antecipar a estabilização da performance, sendo que aquele que iniciou depois pode demorar um pouco mais mas tam-bém chegar ao mesmo nível do colega.

Segundo: não existe “iniciação esportiva precoce”. Para ini- ciar a prática o importante é o interesse da criança. Seja a idade que for. Toda modalidade tem suas particularidades próprias. Alguns tem características que cativam a atenção de crianças mais novas e outros das mais velhas, mas todos estão abertos a experimentação. O que é contra indicado é a “especialização esportiva precoce”. Veja bem a diferença: enquanto a primeira começa a prática cedo, a outra restringe as funções/posições específicas dentro de uma modalidade. Determinar que a criança iniciante jogue somente de “levantador”, “pivô” ou “zagueiro”, por mais que dê uma impressão inicial de melhora na performance imediata (porque a criança fará menos ações no jogo e poderá melhorar nas poucas que está envolvida) essa redução de participação no jogo também limitará o repertório geral, que é a base para o aprendizado de técnicas mais com- plexas no futuro.

Terceiro: não compare uma criança com outra. Que grande equívoco é esse. São tantas variáveis que as diferenciam que não cabe aqui uma lista. Todas são diferentes e devem ser respeitados os tempos de cada uma. As vezes a ansiedade dos adultos prejudica o desenvolvimento da criança. Por fim, parafraseio o prof. Tubino, autor de muitos livros clássicos estudados nos cursos de Educação Física em todo Brasil: O esporte não é nem bom nem ruim. O esporte é o que se faz dele. Análogo a um avião, que pode ser usado para transportar medicamentos com um fim, ou transportar armas com outro. Então, não importa a idade que se começa, o que importa é o que acontece na quadra, na piscina ou na pista enquanto a criança está lá.

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