O baque com o encolhimento da Languiru, por décadas a maior força econômica do município, foi sentido por todo o ano passado. Um dos principais indicadores, o da geração de empregos, serve para comprovar o impacto da crise da cooperativa.
Ao todo, foram extintos 480 postos de trabalho em 2023. Inclusive o último semestre foi de uma sequência negativa. Fechamento do mercado, do agrocenter, encerramento do beneficiamento de leite e retração nas funções administrativas ajudam a explicar o momento de dificuldade.
Mas, este ano começou diferente. Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), janeiro quebrou o ciclo de saldo no vermelho e 112 postos de emprego foram criados. Muito devido ao reposicionamento no mercado para trabalhadores que estavam no seguro-desemprego.
Soma-se a isso, os anúncios de investimentos de empresas. Tanto na ampliação de capacidade produtiva, quanto na chegada de negócios. Por isso, a perspectiva é de recuperação. “Estamos nos adaptando a uma nova realidade. Enfrentamos um período de desindustrialização no município, e precisamos rever estratégias em termos de dinâmicas econômicas”, diz o presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Teutônica (CIC-Teutônia), Renato Scheffler.
“Temos muitas empresas com processos seletivos de profissionais. Empresas que mostram interesse em se instalar no município. Desde o episódio da Languiru, buscamos meios de diversificar nossas atividades produtivas. Sabíamos que teríamos momentos difíceis. Para nós, ao que parece, a roda passou a girar de novo”, acredita o prefeito, Celso Forneck.
Segundo o chefe do Executivo, há negócios feitos de maneira direta entre empresas. Uma delas é a instalação de uma unidade da Faros, em área no bairro Languiru. Seria uma atividade voltada ao comércio, com cerca de R$ 10 milhões em investimentos. “Não temos detalhes, pois o projeto está em análise e depende de liberações ambientais.”
Dos negócios encaminhados, alguns ainda em prospecção e outros anunciados, somam quase R$ 80 milhões. Destaque para o setor industrial, no setor de alimentos. Também há melhorias voltadas à área da saúde, supermercados e calçados.
“Não vemos a hora de ver mais movimento”
No comércio, o bairro Languiru sente os efeitos do fechamento do supermercado da Languiru. O produtor rural que vinha para acertar a produção de leite ou de carnes aproveitava para fazer compras.
Esse movimento caiu bastante, afirma o gerente de uma loja de eletrodomésticos, Júlio Danzer. “Tanto de quem vem do interior como clientes que eram funcionários da cooperativa. Tenho 14 anos de atuação aqui na loja. Pessoas que nunca atrasaram uma parcela, e que tiveram dificuldades. Sabemos que é momentâneo, mas todo o comércio aqui no bairro sofreu de alguma forma.”
Com a reabertura prevista para abril, agora sob a marca da rede Passarela, a expectativa é de mais movimento. “Tendo fluxo de pessoas, a chance de vendas é maior. Antes, vinha o produtor rural, fazia o seu rancho ali no supermercado, aproveitava para trocar algum eletrodoméstico. Precisava de um fogão novo, de uma geladeira, enfim. E isso reduziu muito. Nós falamos isso todos os dias: não vejo a hora de ver mais movimento.”
Retorno do pleno emprego e qualificação
“As empresas estão com vagas abertas nos mais diversos setores. O resultado de janeiro já nos mostra uma recuperação e esperamos que continue”, diz o prefeito Celso Forneck. Com uma população de 36 mil habitantes, o número de pessoas ocupadas (com trabalho formal) supera um terço do total.
São quase 13 mil empregos formais. “Nosso desafio é a formação. Conseguir treinar as pessoas”, destaca o prefeito. Neste sentido, foi instituído um convênio com o Estado para fornecimento de sete cursos profissionalizantes nos setores moveleiro e metalurgia.
Negócios em Teutônia
As perspectivas apontam quase R$ 80 milhões entre aquisições, chegada de empresas e ampliações de indústrias para 2024.
Atlas compra antiga Paquetá

Foto: FILIPE FALEIRO
Área de 45 mil metros quadrados fica no bairro Teutônia e foi arrematada por
R$ 6,3 milhões pela indústria calçadista alemã.
O local será usado como depósito, Centro de Distribuição e chance de instalar algumas linhas de produção.
A Atlas é um dos principais fabricantes de calçados de segurança na Europa. Produz e vende cerca de 2,6 milhões de pares por ano. São mais de 1,4 mil empregos gerados. No Brasil, opera em duas unidades, em Lajeado e em Bom Retiro do Sul.
Mercado da rede Passarela

FILIPE FALEIRO
Abertura prevista para início de abril. Serão mais de 120 empregos diretos no início, com chance de novos postos. Ocupa área do antigo mercado matriz da Languiru. Valor da compra é mantido em sigilo. Para a operação, a estimativa para reforma, preparo e compra de estoque, passa dos R$ 3 milhões.
Hospital Ouro Branco

Foto: FILIPE FALEIRO
Estratégia de consolidar a instituição em média complexidade, a direção pretende investir quase
R$ 10 milhões no ano. São R$ 8,2 milhões a partir de convênio com o Ministério da Saúde para modernização hospitalar. Pelo programa estadual “Avançar na Saúde”, serão mais R$ 1,2 milhão na reforma da emergência. Mais de 80% dos atendimentos são pelo SUS. Hoje, o hospital emprega 280 profissionais.
Expansão da Cooperagri

Foto: DIVULGAÇÃO
A Cooperativa Agroindustrial São Jacó (Cooperagri) planeja investir R$ 6,5 milhões em uma nova fábrica de rações, pavilhão de estocagem, agrocenter e escritório.
Em 2023, o faturamento chegou aos R$ 56 milhões (71,2% a mais do que o projetado). São 727 associados. A cooperativa se especializa no comércio voltado à nutrição animal, insumos e sementes. Para este ano, a projeção é faturar R$ 84 milhões.
Mais produção de Leite

FOTO: DIVULGAÇÃO
A Languiru e a Lactalis encaminham a continuidade da parceria. A gigante francesa está em processo de análise para ampliação. Conforme informações extraoficiais, seriam R$ 50 milhões em investimento. Também há oportunidades em aberto. São 100 postos de trabalho. Já a cooperativa vai retornar com a marca do leite Languiru. O beneficiamento será na Lactalis.
Retomada do abate de aves e fábrica de rações
A Languiru pretende retomar o abate de aves em Westfália e a fábrica de rações. Serão abertos cerca de 350
postos de trabalho.
Reinigend Indústria Química constrói centro de distribuição
São cerca de R$ 4 milhões para um espaço de estoque e distribuição. Também transferência do setor administrativo.