“A justiça não é apenas cega; sua balança está desregulada e a espada sem fio.” – Millôr Fernandes
Hybris na mitologia grega é a deusa que personifica a insolência, a violência, o orgulho imprudente e a arrogância.Ela se caracteriza pelas suas atitudes que passam do limite, aludindo a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção, arrogância ou insolência, que com frequência termina sendo punida.
Na Antiga Grécia, ela se referia a um desprezo temerário pelo espaço pessoal alheio unido à falta de controle sobre os próprios impulsos, sendo um sentimento violento inspirado pelas paixões exageradas, consideradas doenças pelo seu caráter irracional e desequilibrado.
Como a mitologia romana copiou a grega, a versão latina de Hybris se chama Petulantia, espírito da lascívia e orgulho imprudente.
Essa é a origem histórica da palavra petulante, que vem do latim petulans, ou petulantis, que significa agressivo. Em latim, o adjetivo petulans indica alguém que é provocante, agressivo ou sempre preparado para atacar.
Já Themis é no mundo moderno o símbolo da justiça. Sua imagem no Brasil é bem conhecida: ela é aquela mulher sentada defronte ao Supremo Tribunal Federal em Brasília, venda nos olhos e espada no colo segura pelas duas mãos.
Themis não teve vida fácil, seu pai foi um tirano: Urano, uma espécie de céu primitivo foi criado por Gaia, a Terra para cobri-la. Depois se tornou companheiro de Gaia e cumpria muito bem seu papel como reprodutor. Juntos eles legaram os doze Titãs, três ciclopes, e três Hecatonquiros.
Depois da castração e loucura do pai Themis foi entregue para ser criada por Nyx, a deusa da noite e da escuridão, mas Nyx estava cansada e entregou não só Themis, mas também sua própria filha Nêmesis, aos cuidados das Moiras.
As Moiras eram as deusas do destino. Elas fiavam o fio da vida e cuidavam para que um destino fosse designado para cada um e que ninguém escapasse dele. Elas criaram Themis e Nêmesis ensinando-lhes tudo sobre a ordem cósmica e natural das coisas, como o ciclo da vida, além da importância de zelar pelo equilíbrio.
Com tais ensinamentos Themis se tornou a deusa guardiã da consciência coletiva e personificava a lei, a ordem social, a lei espiritual e justiça divina. Era frequentemente invocada na corte quando se faziam os juramentos perante os magistrados, pois representava o ajuste das divergências para estabelecer a paz. Por isso Themis passou a ser considerada a Deusa da Justiça e protetora dos oprimidos a quem os romanos chamavam de Deusa Justitia.
Nêmesis por sua vez se tornou a deusa da devida proporção e equilíbrio, ela punia toda transgressão dos limites da moderação e restaurava a boa ordem das coisas, por isso era considerada a divindade do castigo. Ostentando uma espada que representa a justiça, trazia nas mãos uma ampulheta advertindo que a justiça poderia demorar, mas seria certeira. Por isso, muitas vezes é relacionada ao destino.
O final da história remete novamente aos gregos que consideravam a justiça dos deuses perfeita já que concebida por meio da razão. Já a justiça humana, na visão dos gregos, é conduzida pelos sentimentos e por isso mesmo é parcial e imperfeita. Por isso faz parte do nosso destino trágico ter uma justiça injusta.