“Entender o que as pessoas querem e conseguir resolver os seus problemas é o meu propósito”. É com essa compreensão que Vera Lúcia Sangalli Sandri, 57, administra a Sandri Imóveis há 25 anos. A primeira sede foi na Rua João Lucca, próximo à Praça Centenário. Recentemente, mudou-se para um amplo prédio na Rua Duque de Caxias, esquina com a Tiradentes, no centro.
A ideia de empreender no ramo imobiliário foi do marido, o advogado Luciano Sandri, com quem Vera é casada há 36 anos. “Ele sempre foi o visionário da família, tem coragem, dá a cara para bater. Eu confio e sigo do lado”, conta. Como não havia curso de corretor de imóveis na região na época, Vera buscou qualificação em Curitiba-PR. “Eu já tinha dois filhos pequenos, a condição financeira não era boa, custear as viagens não foi fácil. Mas valeu a pena”, comenta a mãe do Guilherme (34, advogado), Vitória (28, dentista) e Rafaela (23, estudante de Medicina).
O primeiro negócio foi a venda de um imóvel para um casal de amigos, que até hoje reside no local. “Eu me lembro de quase todas as negociações. Esses dias, um cliente me contou que, quando tinha 8 anos, veio com o pai comprar uma casa e agora estava à procura de um apartamento porque ia casar. São histórias que me emocionam”, afirma Vera que, embora guarde momentos de alegria, a histórica enchente de setembro de 2023 foi o episódio mais tristes que vivenciou. Além de ter parte da sede da imobiliária alagada, a equipe precisou se organizar de forma provisória para atender às famílias que perderam as moradias. “As pessoas chegavam até nós assustadas, desoladas e à procura de um lar. A gente ficava impotente porque não havia imóveis suficientes para atender a todos. Foi muito difícil”.
Um dos orgulhos é a equipe de trabalho. São cinco funcionárias, as ‘meninas da Vera’, como os clientes carinhosamente se dirigem. O tempo de relação profissional de Renata, Elisiane, Carine, Caroline e Janaína com a Sandri é longo, varia de 13 a 19 anos. “Elas são muito parecidas comigo, porque fazem com amor, dedicação e disciplina”, acrescenta Vera, que também não esquece da Neodete, a ‘táta’ como ela chama, que auxilia nos afazeres da casa há 25 anos. “Se não fosse a Neo, eu não seria o que sou hoje como empresária”.
Vera nasceu na Linha Bonita Baixa, interior de Doutor Ricardo. A perda precoce do irmão Artur, com 5 anos, abalou a família de agricultores. Vera tinha 3 anos quando os pais resolveram se mudar para Encantado e morar na Vila Popular, hoje bairro Nossa Senhora Aparecida. “Eu lembro dessa fase com um pouco de tristeza, mas também foi quando recuperei a minha alegria naquela simplicidade toda da vila. Até hoje cultivo as amizades da época”, conta Vera, que mais tarde ganhou uma irmã, a Sandra. Outra lembrança marcante da infância, além das brincadeiras de rua, pula corda, pega-pega e caça aos vaga-lumes, são os almoços na casa do avô, encontros que atraíam parentes e amigos. “Se hoje eu sou uma pessoa forte, devo a essas pessoas. Sou muito ligada a elas. É uma relação muito forte”, reconhece.
A empresária estudou nos colégios Farrapos e Scalabrini antes de cursar Letras na antiga FATES, hoje Univates, em Lajeado. O primeiro emprego foi aos 15 anos, como telefonista e recepcionista na Retificadora Tramontini. Depois, trabalhou no escritório de contabilidade de Ademir Sartori até ser contratada pelo Banco Sul-Brasileiro, hoje Santander, onde permaneceu por 14 anos, até sair para abrir a imobiliária. “Entrei como auxiliar de escritório e saí como gerente de negócio. Marcou minha vida. Ali percebi que atender os clientes era realmente o que eu gostava de fazer”, afirma.
Para quem tem o sonho de ter o próprio negócio, ela alerta: “Não perca seus valores em busca do sucesso. Preste atenção na sua vida, regue o seu jardim com amor, dedicação, atenção e responsabilidade”, aconselha.
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