QUEM VENCEU, VENCEU. QUE NÃO VENCEU, NÃO VENCE MAIS.

Opinião

João Lucas Feldens Catto

João Lucas Feldens Catto

Advogado desportivo

QUEM VENCEU, VENCEU. QUE NÃO VENCEU, NÃO VENCE MAIS.

A diferença financeira entre a dupla GreNal com os demais times do campeonato gaúcho já era grande e a tendência é só aumentar. Nesse ano vimos essa diferença crescer ainda mais, com a dupla recebendo investimentos expressivos da Liga Forte e Libra.

Mas esse movimento é natural, afinal a dupla de Porto Alegre recebe esses altos investimentos por conta de suas marcas fortes e sólidas, com grande expressão, capaz de movimentar, não só o mercado do futebol, mas todo o mercado do entretenimento e mídia mundial.

O futebol de hoje em dia é isso, muito além do esporte em si, ele passa pelo mundo dos negócios e acaba explorando, inclusive, o campo da variedade cultural. Essa é a realidade de um clube gigante do futebol.

Porém, a realidade de um clube de futebol pequeno do interior é bem diferente. São equipes que contam com o “calor humano” e ajuda voluntária, passando muito longe desses grandes investimentos. São clubes que vivem longe dos holofotes e lutam para, pelo menos, ter um calendário de futebol o ano inteiro, onde, diferente das equipes da “bolha do futebol”, é praticamente impossível que essas tenham energia suficiente para explorar outros negócios que envolvem o jogo em si. E o contexto desse cenário reflete em todos os envolvidos, afinal, o futebol é uma engrenagem.

Os clubes dependem dos atletas para entrar em campo. O atleta depende do clube para ter emprego. Ambos dependem das federações para ter campeonato. A federação, por sua vez, depende dos clubes e seus atletas para que se tenha uma competição com nível cada vez mais alto para que, com isso, traga cada vez mais apoiadores que darão mais visibilidade para os torcedores do mundo inteiro.

E por aí vai.

Então, longe de ser uma crítica a grande quantia de dinheiro que movimenta nos clubes de primeiro escalão do futebol receberão, afinal, ao longo dos anos eles construíram suas marcas consolidadas e hoje podem explorar muito mais do que apenas o futebol em si.

Esse é o mercado do futebol, ele movimenta muito dinheiro no mundo todo.

O grande impacto se dará na diferença técnica que isso ocasionará. Com essa diferença financeira a tendência é que a diferença técnica também cresça, tornando cada vez mais difícil o acesso ao futebol de alto escalão, afinal, o topo da pirâmide do futebol representa menos de 1% do futebol num todo, ao passo que a grande maioria se encaixa num patamar emergente, literalmente lutando para sobreviver e manter vivo o sonho de chegar ao nível da exceção do futebol.

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