Em que pese todo o conhecimento, eloquência e justificativas do governador Eduardo Leite sobre a cobrança de impostos sobre a cesta básica de alimentos e de remédios, o chefe do Executivo anda em um terreno volátil.
Explico. Primeiro trata-se da quebra de uma promessa de campanha (até aí nada de novo, pois também havia garantido lá em 2018 que jamais iria à reeleição). Em segundo, foi uma imposição autocrática, sem construção coletiva.
Importante lembrar: os mecanismos dos cinco decretos com cobrança de ICMS sobre cadeias produtivas dos alimentos e consumidores estavam na proposta derrotada de reforma tributária, apresentada em 2020.
Sem convencer o parlamento e a sociedade, tirou a matéria da Assembleia Legislativa. O texto ficou no ostracismo até uma nova tentativa, agora por meio do canetaço.
O governador é um gestor inteligente. Tem méritos em diversas medidas e decisões. Agora, assumiu para si todo o ônus político para uma mudança significativa sobre as regras tributárias.
Na abertura do “Tá na Mesa”, tradicional evento da Federasul, usou por diversas ocasiões o argumento da “herança maldita”, mais ou menos assim: eu não estava aqui quando fizeram empréstimos com a União, ou quando garantiram aumentos de salários aos servidores.
Agora que o peso da máquina pública não cabe mais no orçamento, qual foi a solução? Mais uma vez, aumentar impostos.
Lula lá, não. Lula aqui
O presidente chega a Lajeado por volta das 15h de amanhã. Em todas as notícias nas plataformas do A Hora choveram críticas e xingamentos. Uns até bradavam “fechem o comércio, o maior ladrão do país vai chegar.”
Uma massa de descontentes se ergue nas redes sociais e comprovam que a polarização se mantém forte, radical e atuante.
O Vale do Taquari é um reduto conservador e com um perfil mais ligado às pautas da direita. Ainda assim, é preciso ter traquejo. A relação de animosidade deve ficar no campo das ideias. Sem apagar o que significa a chegada do líder máximo da República na região.
Agressões verbais gratuitas fazem mal para quem as emite, não para o alvo. Pense antes de destilar ódio. Cuidado com o coração.
Como unificar uma defesa
Na reunião de análise dos cinco anos de concessão da BR-386, a estratégia de Estrela foi o grande destaque. O governo de Elmar Schneider conseguiu reunir os diferentes interesses, de empresários e da própria comunidade, em uma defesa única: o túnel entre os bairros Pinheiros e Imigrantes.
Inclusive o município se tornou protagonista no encontro. Única proposta com apresentação oficial. Com detalhamento técnico e defesa.
Fica de lição aos demais. Quando se trata de uma obra grande, complexa e de difícil execução, como um contrato de concessão, é importante ter foco. Saber o que é essencial, prioritário e urgente. Do contrário, cada um vai puxar para um lado. Muito vai se discutir e pouco se constrói.