Feira valoriza produção de pitaya em Sério

Cultura

Feira valoriza produção de pitaya em Sério

A Feira da Pitaya ocorre entre 7 e 10 de março, com o objetivo de incentivar o cultivo da fruta e o comércio de derivados. No município, já são mais de 10 mil pés plantados

Feira valoriza produção de pitaya em Sério
Na propriedade de Luiz Antônio Aroldi, 58, a produção ultrapassa as 2,5 toneladas por safra nos cerca de 1 mil pés, e os frutos variam entre 500 g e 1 kg. (Foto: Felipe Neitzke)
Sério

Conhecida pela cor rosa e aspecto exótico, a pitaya vem ganhando adeptos na região, entre produtores e consumidores. Em Sério, é onde o Vale do Taquari apresenta maior incentivo para a plantação. Em cerca de seis hectares, são mais de 10 mil pés plantados. Derivados também começam a surgir e a fruta ganha uma festa própria no município, que ocorre de 7 a 10 de março: a Feira da Pitaya.

A cultura chegou ao estado há pelo menos oito anos, a partir de estudos conduzidos pelo engenheiro agrônomo Dejalmo Nolasco Prestes, hoje reconhecido como o professor Pitaya.

O agricultor Nilo Pedro Ariotti possui 2,4 mil pés de pitaya na localidade de Paredão, em Sério. (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Até então, o agricultor Nilo Pedro Ariotti, da localidade de Paredão, em Sério, nunca tinha ouvido falar sobre a fruta. Bovinocultor de leite e avicultor há décadas, estava acostumado à lida com os animais quando ficou sabendo da novidade que chegava ao município.

Em 2017, quando iniciou a produção na cidade, a pitaya também não era conhecida entre os consumidores. Mas Ariotti, assim como outros produtores na época, resolveu arriscar. Ele lembra que a fruta chegou a Sério pelo incentivo do então vice-prefeito, Paulinho Aroldi, que organizou um grupo de agricultores interessados na produção. No início, eram sete famílias.

Aumento da produção

Atualmente, são cerca de seis hectares plantados no município com produtividade variada. No caso de Ariotti, são 2,4 mil pés distribuídos em uma área próxima de um hectare, bem na entrada da propriedade.

Para o produtor, assim como outros agricultores da região, o clima foi um desafio no início deste ano. “Havia feito a coleta do material para polinização e o temporal me fez perder 20 mil flores porque simplesmente não conseguia trabalhar”, lembra.

O resultado foi a perda de cerca de dez toneladas do fruto. Mesmo assim, a complexidade do manejo e exigências na produção da pitaya não desanimam o agricultor.

Entre desafios

A fruta chama a atenção pelo aspecto e pela beleza. Pode ser do tipo branca ou rosa e chega a pesar um quilo. A produtividade é animadora: até 110 frutas por cacto. Na propriedade de Luiz Antônio Aroldi, 58, a produção ultrapassa as 2,5 toneladas por safra nos cerca de 1 mil pés, e os frutos variam entre 500 g e 1 kg.

Aroldi divide o cultivo com o trabalho na escola estadual de Sério, e se dedica à plantação nas horas livres ou no fim de semana. As primeiras mudas, ele plantou em 2018 e 1019. A segunda leva foi em 2020 e 2021. Nos dois casos, as plantas só começaram a dar frutos depois de um par de anos no pomar.

A safra deste ano tem sido positiva. “Os pés ainda vão colocar flores e produzir frutos”, ressalta Aroldi. A floração inicia em dezembro e segue até março. Conforme o produtor, cada pé floresce, ao menos, duas vezes na temporada. “A árvore apresenta o botão, vem a flor, poliniza e, em 45 dias, temos outro fruto pronto”.

Entre os desafios enfrentados na produção, está o mercado e a aceitação do consumidor. O preço de venda, segundo Aroldi, está abaixo do ideal.

Manter a fruta saudável também faz parte do trabalho. Sem a utilização de agrotóxicos, todo o controle de pragas, por exemplo, é feito pelos produtores. “Estamos sempre correndo atrás de conhecimento. É uma fruta nova, cada dia apresenta surpresas”.

Geleia de pitaya

Eliani Zimmer, responsável pela agroindústria familiar Delícias Coloniais, produz geleias de frutas com pitaya. (Foto: DIVULGAÇÃO)

Além da fruta in natura, derivados da pitaya já fazem parte do portfólio do município, como as geleias. A empreendedora Eliani Zimmer, responsável pela agroindústria familiar Delícias Coloniais, produz há cerca de um ano e meio geleias de frutas e, agora, mistura a pitaya às produções.

“Foi muita tentativa e erro até acertar o ponto certo. A cada tentativa, solicitava a amigos, vizinhos, parentes, um parecer sobre as geleias”, conta.

Entre os desafios da produção, estava a consistência, excesso de fiapos das frutas, doçura excessiva, entre outros. Hoje, ela encontrou o equilíbrio e apresenta novidades na Feira da Pitaya.

Derivados

Outros produtos apresentados durante a feira pela Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de Sério (Aciass) são o refrigerante e o chopp de pitaya. As bebidas estão em fase experimental.

O refrigerante é produzido por meio de uma parceria com a Unisinos. A bebida, oferecida em lata, é sem açúcar e sem glúten, com pitada de uva. Após um ano de testes, a associação dos produtores com apoio do governo municipal teve o registro da bebida junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Conforme o prefeito Moisés de Freitas, esse é o primeiro refrigerante de pitaya produzido em escala comercial no país. Durante a feira, será vendido por R$ 8. Nesse primeiro momento, são 5 mil latas produzidas em indústria na cidade de Ivoti. Outros produtos com pitaya também serão comercializados, como pães e bolos.

Feira da Pitaya

O fortalecimento do cultivo da fruta é o objetivo da Feira da Pitaya. A produção envolve, hoje, oito produtores da cidade. Mas muitas famílias também apostam no cultivo experimental.

Outra meta é destacar os atrativos turísticos e demais potencialidades do município. “Somos conhecidos por lei como a Terra da Pitaya e a Serra dos Vales. Queremos aproveitar a nossa feira para evidenciar nossas belezas naturais, criar novas oportunidades de negócios e assim desenvolver ainda mais a cidade”, destaca o prefeito.

Entre as atrações confirmadas, estão shows culturais, musicais, exposição de carros antigos, jeeps e motos, culinária, seminários, entre outras.

Programação da feira

Sexta-feira (8/03)
8h – Programação da Rádio A Hora (Frente e Verso e O Vale em Pauta)
9h30min – Dia Internacional da Mulher – Banda Rosa’s e Dona Literata
14h – Evento para escolas com o Grupo Vivandeiros e trilhas pedagógicas
14h – Painel sobre Turismo promovido pela Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales)
20h – Escolha da Corte de Soberanas
22h – Show com a Banda Brilha Som (sem cobrança de ingresso)

Dia 9 de março
9h30min – Show de talentos locais
10h – Encontro da Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (AVAT)
13h – Baile da Melhor Idade com animação da Banda Os Hermanos
14h30min – Encontro de Soberanas
16h30min – Show com a Banda Os Legionários
16h30min – Encontro de Motos e Jeeps
20h – Show com a Orquestra Jovem de Lajeado (Blue Night Club)
22h – Show com a Banda Flor da Serra (sem cobrança de ingresso)

Dia 10 de março
9h – Missa Sertaneja (Coral de Sério)
10h – Passeios na Colônia
10h30min – Encontro de Carros Antigos
11h30min – Show com Diego Rodrigues e Banda
14h – Teatro com cães – Rudinho Bombassaro
15h – Show com Wilceu Pause e Banda
18h – Show Nacional com Althair e Alexandre (sem cobrança de ingresso)
A feira é uma realização da Associação Comercial e Industrial de Sério, com o apoio do governo municipal e patrocínio do Sicredi Integração RS/MG.


Entrevista
Dejalmo Nolasco Prestes • Engenheiro Agrônomo e professor

“A implantação de um pomar de pitaya requer planejamento”

Quais são as condições ideais para a produção da pitaya?
A pitaya é uma cultura tropical e que se adapta em clima temperado com alta produção e qualidade dos frutos. As condições do Vale, com temperaturas amenas e luminosidade, fazem com que a fruta tenha uma condição favorável. A implantação de um pomar de pitaya requer planejamento através de um bom projeto, independente do tamanho do cultivo. Se plantar uma muda de qualidade e uma variedade indicada para região, produzirá em 18 meses.

Como é a produção da pitaya na região e no RS?
No RS temos pequenos pomares, ainda não atendemos a demanda. A fruta consumida aqui vem de outros estados. Temos um campo aberto para produzir aqui no RS. Entre os desafios, está a mão de obra escassa. Se cultivar com tecnologia, tem alta viabilidade econômica.

Quais as doenças mais comuns encontradas nas pitayas?
Como em toda fruticultura, existem vários fungos que atacam a pitaya, a Antracnose é uma delas, ainda não temos registros de defensivos para pitayas. O tratamento é com calda bordalesa, ou fungicidas biológicos.

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