“O produtor rural não tem tamanho, tem importância. A gente alimenta o mundo. Pode parar tudo, mas o alimento tem que continuar”. É com esse entendimento que o casal encantadense Priscila Pedersini Bonfanti, 41, e Eduardo Bonfanti, 41, administra a Granja Santo Antônio.
Construído em 2017 na comunidade de Linha Sagrada Família, interior do município de Nova Bréscia, o empreendimento SPL (sistema de produção de leitões) é o primeiro do Rio Grande do Sul a ser projetado conforme as regras de bem-estar animal. A unidade é integrada à empresa BRF e atua no manejo de 1,1 mil fêmeas, com produção anual de 34 mil leitões. “Na nossa granja nascem os leitões. Eles permanecem conosco 28 dias, depois seguem para as etapas da creche, terminação e abate”, explica a empresária.
A estrutura da Granja Santo Antônio conta com dois galpões, um para a gestação e outro para a maternidade. Todos os ambientes são climatizados. Diferente de uma granja convencional, a Santo Antônio utiliza o manejo por bandas, sistema que se caracteriza pela divisão do plantel de fêmeas em grupos com os mesmos números de animais, o que possibilita a realização de partos a cada 21 dias. “Assim, minimizamos o serviço, enquanto no formato convencional é preciso trabalhar 24 horas por dia”, compara a empresária.
A parte ambiental também merece atenção, com a utilização de biodigestores que chegam a produzir energia elétrica, composteira mecanizada e placas solares. Aos funcionários, os proprietários oportunizam moradia. “Procuramos fazer o certo e oferecer o melhor, não só para os animais, para o meio ambiente, mas principalmente para as pessoas que trabalham conosco”, acrescenta.
No ano passado, a Granja conquistou o 11º Prêmio Vencedores do Agronegócio do RS na categoria ESG, com o case ‘Suinocultura responsável pelo bem-estar animal e meio ambiente’. O conceito ESG refere-se às práticas relacionadas ao meio ambiente (redução dos impactos na natureza), à parte social (qualidade de vida dos colaboradores) e à parte governamental (transparência nas operações e ética nas negociações). “Fizemos o possível para seguir à risca esses critérios. Ficamos muito honrados com esse reconhecimento”, destaca.
Priscila nasceu em Linha Auxiliadora, interior de Encantado, e desde criança acompanhou o trabalho dos pais comerciantes. Aos 15 anos, assumiu o namoro com Eduardo, ao mesmo tempo que começou a se inserir nas atividades profissionais da família Bonfanti. “Por muitos anos trabalhamos na Distribuidora de Bebidas, mas a suinocultura e o agronegócio sempre fizeram parte da nossa rotina. Desde cedo fui de colocar a mão na massa”, conta Priscila, que cursou Ciências Contábeis e pós-graduação em Gestão Empresarial, na Universidade do Vale do Taquari (Univates).
A perda do sogro Luiz Bonfanti, há três anos, vítima da Covid, balançou a estrutura da família. “Nós três puxávamos a frente, havia uma conexão ótima, cada um desempenhava sua função, era perfeito. Foi um privilégio viver, conviver e aprender com o Luis. Não tem um dia que a gente não pensa: ‘o que ele faria?’ O ‘sim’ dele faz falta. Eu e o Eduardo somos sucessores dele”, emociona-se Priscila, que há 2 anos também perdeu o pai. “Foram-se os dois avôs”, lamenta a mãe de Isabelli e Bianca.
A parceria e a cumplicidade com o marido explicam o sucesso do empreendimento, na visão de Priscila. “Há 26 anos, quando iniciamos nossa jornada juntos, tínhamos bem claro o que a gente queria da nossa vida. Sempre questiono minhas filhas: quem está ao seu lado, quer o mesmo destino que você?”, pondera a empresária, cada vez mais apaixonada pela suinocultura. “Se tivesse que vender o que tenho para investir na produção de suínos, o faria sem dúvida”.
“Assista ao vídeo”
