Como as empresas da região capacitam seus profissionais? Qual a periodicidade das qualificações? Que tipo de treinamento é disponibilizado? Como os trabalhadores reagem a esses estímulos? Perguntas que o projeto “Rumo – o futuro da mão de obra na região” busca responder por meio de um questionário. Trata-se da nova etapa da iniciativa.
Desta vez, o projeto idealizado pelo Grupo A Hora se volta a requalificação da mão de obra atualmente empregada na região. Para isso, a pesquisa, desenvolvida pela Macrovisão, é feita em duas frentes, com a coleta de dados junto às organizações e também com os colaboradores. A coleta de dados iniciou neste mês e deve ser finalizada em março.
Conforme o diretor Editorial e de Produtos do A Hora, Fernando Weiss, pela primeira fase do projeto, ficou evidente a necessidade de criar uma aproximação entre empregador e empregados. Por isso, a pesquisa busca, justamente, desvendar de que forma ocorre a qualificação dentro ou fora dos ambientes de trabalho.
“Vamos entender, com que intensidade e com que frequência o mercado de trabalho se prepara, se treina. Como os treinamentos são estimulados nas organizações e como os empregados reagem a isso. E aí há um movimento visível, que nós já percebemos, de as próprias empresas criarem suas escolas internas, criando círculos de treinamento”, frisa.
O diagnóstico, para Weiss, vai trazer uma radiografia real de como o mercado de trabalho lida com a qualificação interna. “Do jeito que está, sobram vagas de emprego, mas não de todas as ordens, é verdade. Faltam principalmente para aquelas melhores remuneradas, que exigem uma maior capacitação, e aí nós temos problemas. O Rumo vai buscar entender isso de modo geral. A permanente qualificação é imprescindível”.
“A região tende a ganhar”
Diretor da Macrovisão, Lucildo Ahlert conduz a pesquisa. O contato com empresas e trabalhadores é dividido por municípios – Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Teutônia e Lajeado – e a intenção é de que todo o trabalho de coleta seja finalizado entre o fim de fevereiro e começo de março. Depois, inicia a elaboração dos relatórios.
Conforme Ahlert, muitos contatos são feitos com empresas que já participaram da primeira pesquisa, em 2022. “Temos um banco de dados que nos ajuda neste sentido. E quando entramos em contato, fazemos alusão de que é uma continuidade do projeto. E muita gente se lembra de ter participado naquela ocasião”, pontua.
No trabalho de campo, percebe uma dificuldade em localizar pessoas. “Muitos estão sempre ocupados. Então mandamos o questionário por e-mail ou pelo WhatsApp com o link para que respondam. Esperamos concluir em breve. É uma pesquisa importante, que vai trazer uma realidade do mercado de trabalho e, a partir disso, será possível trabalhar em cima das dificuldades apontadas. A região tende a ganhar muito”.
Processo enraizado
Em determinadas áreas, a capacitação e atualização está enraizada nos estabelecimentos. Caso do Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT), uma das maiores instituições de ensino do interior. E é um processo que não abrange somente o professor, segundo o diretor, Rodrigo Ulrich. Atinge também outros setores e diferentes áreas.
Para isso, a instituição conta com um programa próprio de formação continuada, onde são estipuladas atividades, os cursos e projetos vinculados ao ano letivo vigente. “São formações internas ou externas, como um congresso ou um curso. Hoje, temos uma professora em São Paulo fazendo formação. Assim, a gente sistematiza o nosso programa. A escola tem isso no seu DNA. Temos isso como um propósito”, afirma.
Para Ulrich, as empresas estão se dando conta da necessidade de formações e qualificações constantes. Sobretudo pelo entendimento de que sempre vai haver espaço para aprendizado. Na região, essa consciência é ainda mais forte e presente.
“As exigências são dinâmicas e vão sendo amplificadas. Não tem como imaginar que vou receber alguém da academia, ou um profissional totalmente pronto. Não é em quatro anos que você vai ficar pronto. E o que é a empresa se desenvolver? Nada mais é do que as pessoas se desenvolverem. Logo, a organização se desenvolve”.
Detalhes
- A nova pesquisa do projeto Rumo foi dividida em dois questionários, sendo um voltado para empresas e outro para colaboradores;
- Ao todo, serão entrevistados 350 colaboradores e 150 representantes de empresas nos municípios de Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Lajeado e Teutônia;
- No caso das empresas, foram divididas em cinco setores: indústria alimentícia, indústria em geral, comércio, serviços e construção civil;
- As pessoas entrevistadas devem estar empregadas ou procurando emprego. São selecionadas segundo cotas pré-selecionadas segundo cotas pré-definidas pelos critérios de faixa etária, escolaridade e sexo;
- No questionário para empresas, são quatro blocos de perguntas: definições da empresa em relação ao mercado de trabalho; aspectos gerais sobre treinamento nas empresas; análise de necessidades de treinamento; e características do empresário e da sua empresa;
- Já o questionário com trabalhadores é dividido em três blocos: informações sobre característica do entrevistado; características gerais e da empresa de atuação; e informação sobre treinamentos;
- O objetivo do questionário é trazer uma radiografia em relação às demandas de treinamento das empresas do Vale, a fim de preparar um novo mundo dos negócios, por meio da conexão entre os anseios dos empresários e trabalhadores.
Teoria e prática
Pessoas desenvolvendo pessoas. Uma premissa em muitas organizações. Na Rhodoss, em Estrela, é uma forma considerada eficaz de qualificar o colaborador, segundo o diretor, Nilto Scapin. Um processo construído a muitas mãos.
“Internamente, nossos líderes e profissionais sênior desenvolvem essas pessoas, principalmente na prática. Não temos uma escola montada aqui. Primeiro passamos as orientações básicas, a cultura da empresa e a forma que a gente quer que o profissional atue. Depois, ele vai para dentro da fábrica, aprender a prática”, frisa.
Embora existam outras formas de capacitação, Scapin enxerga resultados mais positivos nos treinamentos internos. “Temos consultorias externas e terceirizadas em algumas áreas, encaminhamos profissionais para o Senai e à prefeitura de Estrela, mas vemos uma eficácia maior nisso. O líder vai passando formação, treinando e corrigindo. E ele próprio se capacita. São várias frentes”.
Dois anos
- O projeto Rumo – o futuro da mão de obra na região foi lançado em 2021. A primeira ação foi apurar o que pensam os jovens e os empresários sobre as relações de trabalho;
- Para tanto, a empresa Macrovisão ouviu 206 empresários e 604 estudantes do Ensino Médio. Um dos dados que chamaram a atenção foi o comprometimento. De um lado, os estudantes acham que estão comprometidos e aptos à vida profissional. Os gestores pensam exatamente o contrário;
- O conteúdo programático da capacitação teve como base a pesquisa, resumida em 32 páginas de um suplemento especial produzido e veiculado pelo Grupo A Hora em 2022;
- Os resultados também foram levados a estudantes, empresários e gestores. Nisso, o Grupo A Hora assumiu o compromisso de colaborar efetivamente com a formação de jovens, o que resultou no RUMO – Programa de Preparação de Jovens para o Mercado de Trabalho;
- A primeira turma, com estudantes de escolas públicas iniciou o curso de qualificação em maio de 2023 e concluiu em outubro passado;
- Agora, o projeto adentra em nova etapa, com uma segunda pesquisa. Desta vez, empresariado e colaboradores serão questionados sobre a capacitação e o treinamento nas empresas.