O rompimento da chapa vencedora das eleições de 2020 caiu como uma bomba no cenário político de Teutônia. Após três anos de aliança com o PDT, a vice-prefeita Aline Kohl começa a preparar o terreno para uma candidatura ao Executivo no pleito de outubro, num movimento que deve também interferir sobre as demais pré-candidaturas.
Eleita pelo Cidadania, Aline trocou de partido em maio do ano passado. Filiou-se ao PL e se aproximou do eleitorado de direita, mas manteve fidelidade a atual gestão e ao prefeito, Celso Forneck (PDT). No entanto, seu nome passou a ser ventilado nos bastidores para encabeçar uma chapa majoritária e houve um distanciamento gradual entre ambos.
A ausência de Aline e de secretários ligados ao PL em um evento de apresentação das ações do governo, na manhã de terça-feira, 30, fortaleceu os rumores de uma cisão na base aliada. Como pano de fundo, a discordância dos líderes da sigla sobre uma suposta aproximação do PDT com o PSDB, partido do ex-prefeito e pré-candidato declarado, Jonatan Brönstrup.
Adversária política do ex-prefeito, Aline deixou clara sua insatisfação com as movimentações recentes do PDT. “Não tenho nada contra a pessoa do Jonatan, e sim pela sua forma de trabalho. Atuamos de maneira totalmente diferente e isso me leva a tomar essa decisão, pois onde eles estiverem, eu não estarei junto”, afirma.
Pouca abertura
“O Sírio é um cara que sempre lutou pela união de todos, gerando oportunidades e nos escutando. E respeitava a palavra final do prefeito. Depois da chegada do novo presidente, isso não aconteceu mais. E a aproximação dele de forma constante com o Jonatan nos trazia essa vontade de não ficarmos na coligação, pois não compactuávamos com isso”.
Ao ouvir lideranças do PL, Aline entendeu que o rompimento era a única saída. “Sabemos o quanto fomos importantes para que o governo atingisse os 85% de cumprimento das metas da gestão. Poderia haver um pouco mais de respeito. Então, vamos buscar o nosso caminho”.
Cautela
Aline destaca a lealdade ao prefeito no período, mesmo quando assinou ficha no PL. No entanto, cita que, a partir da troca no comando do PDT, houve um distanciamento entre o grupo ligado a ela e a gestão municipal. Na ocasião, Sírio de Castro deu lugar a Juliano Körner na presidência.
Em nota assinada por Forneck e pelo presidente do PDT, Juliano Körner, o diretório do partido lamentou a decisão e afirma que o rompimento foi comunicado ainda na terça por Aline e pela presidente do PL em Teutônia, Alana Gausmann Flores. O encontro também teve a presença de dois vereadores pedetistas e do chefe de gabinete, Sírio de Castro.
“(…) As mudanças que deverão ocorrer dentro do governo, com esta decisão, serão realizadas de forma serena e com muita cautela para não afetar o bom funcionamento da administração”, diz a nota.
A reportagem tentou contato com Körner, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Já Forneck disse que não iria se manifestar num primeiro momento, apenas por meio da nota. O atual prefeito é cotado para disputar a reeleição, embora não se posicionado de forma oficial.
Lembranças
Com o desembarque do PL do governo, Aline naturalmente será alçada ao posto de pré-candidata a prefeita. Ela se mostra satisfeita com as lembranças da população e cita que, a partir de agora, começará a dialogar com outras siglas, sem especificá-las.
“Fico feliz em meu nome ser cogitado, pois é sinal que estou fazendo um bom trabalho. Quem me conhece sabe que esse é um propósito, uma missão de vida que não sei quando vai acontecer. Nós cumpriríamos a palavra com o prefeito se não fosse essa aproximação com o PSDB”.
Além de Aline, Brönstrup e Forneck, outro pré-candidato é Renato Altmann, que já foi prefeito de Teutônia por dois mandatos pelo PP. Hoje no PSD, prefere não opinar sobre o rompimento. “Não me diz respeito. Temos que olhar para o nosso grupo, fortalecê-lo e desenvolver os projetos que estamos pensando para o município”, comenta
A reportagem não conseguiu contato com Brönstrup, atual chefe de gabinete da Casa Civil do RS. Há duas semanas, ele confirmou a pré-candidatura a prefeito durante transmissão em uma rede social.
Rompimentos no passado
– Não é de hoje que prefeito e vice rompem em Teutônia. Na história do município, isso ocorreu em duas oportunidades. Em ambas, sob o comando de Silvério Luersen, histórica liderança do PDT;
– Na primeira ocasião (1989-1992), ele viu o então vice, José Danilo Jantsch, desembarcar da gestão em pouco tempo de governo. Uma década e meia depois, foi a vez de Renato Altmann romper com Luersen, na gestão de 2005 a 2008.
Confira entrevista com a vice-prefeita