A produção de calçados é relevante para geração de riquezas no Vale do Taquari. Estima-se que a força de trabalho mobilize dez mil empregos diretos gerados entre indústrias e em ateliês. Grandes marcas com representação nacional e internacional mantêm unidades em cidades como Lajeado, Bom Retiro do Sul, Arroio do Meio, Santa Clara do Sul, Teutônia e outras.
São pelo menos 299 CNPJs ligados ao segmento calçadista, conforme acompanhamento do Sebrae. O consultor empresarial, Valmor Kapler, atua no setor e avalia cenários distintos. “Quando olhamos para o país, houve uma queda de 23% nas exportações. Isso não acompanhamos no Vale do Taquari. Talvez esses números nacionais estejam atrelados aos pólos calçadistas do nordeste, em especial das grandes empresas que estão na Bahia.”
De acordo com ele, no mercado regional, os resultados foram satisfatórios em 2023 frente ao temor que se tinha com os rumos da economia a partir da troca de governo. “O ano começou com juros e inflação em alta. Ainda assim, a capacidade produtiva foi estável.”
Em cima disso, Kapler afirma: “a venda foi boa no ano passado para as empresas locais. Tanto na exportação quanto para o mercado interno. Já no país, foi um tombo.”
Diante dos números negativos do país, o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, destaca que esse era um movimento esperado devido aos negócios com os Estados Unidos e com a Europa.
Compradores dos produtos brasileiros sofrem com altas taxas de juros e inflação recorde. “Os Estados Unidos, principal destino do calçado nacional, reduziu em três vezes os negócios com a nossa indústria”. Junto com isso, a China retomou a produção e isso elevou a concorrência no mercado internacional.
Conforme a Abicalçados, a balança comercial do setor caiu 23% em 2023. A venda ao mercado externo no período somou 118,34 milhões de pares(1,16 bilhão de dólares). Em produtos finalizados, houve uma retração de 16,6% nos embarques. Já em termos de receita, a queda atingiu 10,8%.
Indicadores de juros, inflação e câmbio
Para Kapler, como 2024 começa com indicadores econômicos mais estáveis, há uma perspectiva favorável aos setor calçadista, tanto nacional, quanto estadual e regional. “Os juros tendem a continuar um movimento de queda, a inflação está controlada e o câmbio em um patamar positivo para a venda ao exterior”, avalia.
Um ponto de crítica por parte das indústrias, diz o consultor, é a desoneração da folha. “Isso ainda é uma incógnita. Em nível de região, não sabemos qual seria o impacto na empregabilidade, se teríamos desligamentos por aumento de custos. Tudo ainda está no campo do discurso empírico.”
Ranking dos estados
- O RS é o maior exportador do país (35,3 milhões de pares por US$ 544,82 milhões).
- Ceará em segundo (36,6 milhões de pares por US$ 265,44 milhões).
- Terceiro para São Paulo (7,58 milhões de pares e US$ 109,56 milhões).
Detalhes sobre o setor
Exportações em 2023
- O principal mercado, os Estados Unidos, contribuiu para a queda nas exportações. Entre janeiro e dezembro, foram embarcados 10,64 milhões de pares (vendas equivalentes a 227 milhões de dólares).
- Para os EUA, houve redução no volume de pares (-40,4%) e na receita (-32%) quando se compara a 2022.
- A Argentina foi o segundo destino. Nos embarques, foram 14 milhões de pares (receita de 223,8 milhões de dólares).
- Na comparação com o ano anterior, queda de 11,8% em volume. Porém, houve incremento de 24,8% em termos de receita na relação com 2022.
- Fecha o ranking a França. Embarque de 2,84 milhões de pares por 58,8 milhões de dólares (quedas de 53,5% e 10%, ante 2022.