Não irei abordar questões de poluição, descarte de material impróprio, poluição e tantas coisas relacionadas a vida no nosso Rio Taquari, pois não sou a pessoa com conhecimento para tal. Quero convidar você, leitor e leitora, a fazer uma pequena reflexão comigo: como podemos classificar nosso rio, vivo ou morto? Ou estaria “respirando por aparelhos”?
Historicamente o rio serviu como fonte de alimentos para os nativos que desde sempre viviam aqui. Pesca abundante, água para beber e também lar dos animais que viviam nas margens eram fonte de sustento para os nativos. Depois, com a chegada dos imigrantes, o rio era quem permitia o transporte. Tudo e todos chegavam e saíam via Rio Taquari. Não haviam estradas, tampouco rodovias. E o rio ampliava sua contribuição: continuava servindo para pesca, alimento, transporte e até para irrigação.
Continuamos evoluindo, construímos cidades nas margens e a agricultura se tornou importante na região. O rio, mais uma vez servido para irrigação, fonte de água, transporte, construímos portos, tiramos areia e cascalho para construção de estradas e cidades. O tempo vai passando e então temos rodovias, grandes cidades, muita população, grande produção industrial e primária. O mundo que conhecemos hoje. E o rio? Virou a vala para descarte do lixo e do esgoto? Fechamos os portos, pois agora temos grandes rodovias. A mata ciliar perdeu espaço para a agricultura de “precisão”. Esquecemos do rio. Demos nossas costas ao Rio Taquari. Aí, num final de inverno, após chuvas torrenciais em outras regiões, o Taquari acolheu essas águas e fez o maior estrago da história do nosso Estado. E nós, voltamos a olhar para o Taquari incrédulos, com raiva, chorando e perguntado: por que tu fez isso com nós?
Mas durante os 200 anos em que usamos, veja bem, USAMOS o Taquari, quantas vezes olhamos para ele com o carinho e principalmente o respeito que ele merece. Ouço muita conversa, opiniões e debates sobre o que fazer: Dragar, construir barragens, fazer diques, tem gente até querendo construir muros ao redor de cidades. Mas e recuperar as matas ciliares? Fazer valer a legislação ambiental (que já existe). Pouco e nada escuto sobre isso. Vamos reinventar a roda, fazer do zero, “criar” uma solução. A natureza tem a solução, milhões de anos de vida na terra e o ser humano querendo ser o salvador da pátria que ele mesmo destruiu.
Mas alguns dirão que economicamente é impossível retornar ao que tínhamos há 200 anos atrás, pois a população é muito maior atualmente. Há de se criar sim novas soluções, pois o mundo atual é muito diferente. Concordo, sim, mas não vejo nos debates atuais o ponto de vista de preservação ambiental sendo colocado com o devido valor na balança. Afinal, ele não dá lucro, dirão alguns. Mas aí entra o turismo. Temos um dos maiores rios do RS, rasgando nossa região ao meio. Nenhum produto turístico importante relacionado a isso. E não to falando construir um monumento ou estátua na beira do rio, antes que venham com essa ideia. Estou falando de tornar a preservação algo rentável, como fez Bombinhas, Bonito, Fernando de Noronha e tantos outros exemplos que temos aqui dentro do Brasil. Nem vou dar exemplos de fora do país pois temos expertise aqui dentro de casa pra fazer esse dever de casa. E isso tudo poderá, e no meu ponto de vista, é a única forma de devolvermos a vida e o respeito ao nosso rio. O turismo poderá ser a nossa resposta e nossas sinceras desculpas, ao Rio Taquari, a quem devemos tudo o que somos hoje.
Rapidinhas:
- Amturvales irá reeditar a Turisvales em 2024.
- Percebo urubus de tragédia torcendo pela próxima cheia, só pra dizer: eu avisei.
- Sustentabilidade ainda não está na pauta da região, apenas no discurso.