Uma comitiva composta por representantes dos setores público e privado e imprensa do Vale do Taquari esteve em Cotiporã nessa quarta-feira, 24, para visita técnica à Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), e à Usina Hidrelétrica 14 de Julho.
O objetivo foi buscar conhecimentos e subsídios para a criação do Plano Regional de Combate e Prevenção às Enchentes. A viagem também serviu para tirar dúvidas sobre o funcionamento da barragem e trazer à região exemplos de monitoramento, alarmes e comunicação durante catástrofes como as ocorridas em setembro e novembro de 2023.
O Grupo A Hora integrou a comitiva, com o jornalista Rodrigo Martini. Também esteve presente o prefeito de Encantado, Jonas Calvi (PSDB), que já havia ido a Blumenau, em Santa Catarina, cidade modelo no combate a prevenção de cheias, também com uma comitiva do Vale que buscou exemplos para aplicar na região.
“A gente sabe a importância de falar das barragens, viemos ver como funciona, como são os sistemas, para que a gente consiga diminuir os impactos das cheias nos municípios do Vale”. Coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Gilmar Queiroz ainda destaca que a visita esclareceu o funcionamento das comportas.
“Elas não vão interferir na quantidade de água que vai para o Vale. Não tem como alterar muito o volume. Não tem essa história de que se abriu as comportas vai inundar. Eles têm um sistema que abre lentamente, então não afeta nossa região”. Conhecimento O prefeito de Cotiporã, Ivelton Mateus Zardo (PP), diz que a comunicação do governo com a Ceran é positiva, mas sempre há o que melhorar.
“Precisamos ter mais informações sobre o rio, sobre o comportamento dele em situações como essa que vivemos em setembro, principalmente. Precisamos de informações mais assertivas”. Neste cenário, o diretor da Ceran, Peter Eric Volf, reforça que as usinas da companhia localizadas em Cotiporã não são capazes de evitar uma enchente no Vale, e nem mesmo amenizar o volume de águas que seguem à região.
“O controle de cheias não é uma responsabilidade e nem uma consequência da operação da Ceran. Podemos contribuir pelo conhecimento adquirido e informações geradas”. Ele diz que os dados servem como base para planos de ação dos poderes públicos.
No caso da companhia, os planos são para possível rompimento da barragem, com sistema de alerta para evacuação das áreas mais próximas. Mas não há ações específicas para grandes afluentes, já que a barragem não é capaz de controlar a vazão da água nestes casos.
Complexidade
Para o Promotor de Justiça de Lajeado Sérgio Diefenbach, a primeira impressão da visita a Cotiporã reforça a sensação de que
há uma grande complexidade ambiental, que é o desague dos rios na bacia do Taquari. “Não há uma ação, uma medida pontual que vai gerar uma solução”.
Diefenbach destaca a falta de dados sobre as consequências do fechamento de mais de uma barragem para auxiliar na contenção da água que chega ao Vale. “Parece difícil, complexo e de pequena repercussão na realidade que aconteceu.
Mas talvez possam ser reforçados estudos de engenheiros nesse sentido”. O promotor diz que o trabalho é coletivo.
Dados disponíveis
A Ceran possui 12 estações elétricas instaladas. Os dados são públicos e repassados para os órgãos regionais e estaduais para o controle, inclusive, da bacia Taquari-Antas. Esse monitoramento, no entanto, ainda não é sufi ciente para conseguir calcular eventuais enchentes.
Ações pós-enchente
SEMINÁRIO – O Grupo A Hora promoveu o 1° Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente, com o objetivo de debater estratégias e soluções em face das cheias recorrentes da bacia Taquari/Antas. Do encontro, em novembro do ano passado, foi criada uma “Carta do Vale”, com ações propostas para mitigar os efeitos climáticos sobre a bacia hidrográfica Taquari-Antas.
VISITA A BLUMENAU | SC – Em dezembro de 2023, uma comitiva com 36 representantes locais foram a Blumenau, em
Santa Catarina, para ver de perto o funcionamento dos sistemas de monitoramento, prevenção e amparo às comunidades vulneráveis e, de forma adaptada, replicar no Vale do Taquari.
COMITIVA A COTIPORÃ – Grupo esteve em Cotiporã ontem para conhecer a Usina Hidrelétrica 14 de Julho, da Ceran. O intuito foi buscar respostas para questionamentos acerca dos impactos da abertura e fechamento das comportas, além de informações que possam contribuir para a elaboração do Plano Regional de Combate e Prevenção às Enchentes.