Depois do temporal de terça-feira, a indignação. Passados dois dias do evento climático que deixou rastros de destruição na região, a demora para o restabelecimento da energia elétrica incomoda moradores e empresários e gera reações por parte das administrações municipais.
Estrela acompanhou Teutônia e Venâncio Aires e decretou situação de emergência. O documento foi publicado ainda na manhã de ontem para viabilizar ações emergenciais e menos burocráticas em resposta aos danos ocasionados pelo vendaval. Durante todo o dia, equipes trabalharam na remoção de entulhos e limpeza das áreas afetadas.
Os municípios também subiram o tom contra a RGE, responsável pela distribuição de energia em boa parte do Vale. Mais de 27 mil clientes iniciaram o dia ainda sem luz em suas casas, conforme nota da concessionária.
Depois do governo de Estrela notificar a RGE, foi a vez da câmara de vereadores de Arroio do Meio fazer o mesmo. O documento é assinado por todos os parlamentares, que cobram maior agilidade na prestação de serviços por parte da empresa e ameaçam ingressar na Justiça.
“Notificamos a empresa RGE pelo público e notório descaso dado aos pedidos e chamados dos munícipes de Arroio do Meio (…) Solicitamos urgentemente que sejam tomadas as providências necessárias ao reestabelecimento da energia elétrica, bem como que sejam dadas as devidas satisfações aos moradores e consumidores”.
ABAIXO-ASSINADO

Foto: GABRIEL SANTOS
Moradores do Loteamento Nascer do Sol, do bairro São Caetano, em Arroio do Meio, apelam por melhorias na rede elétrica da RGE. Em resposta à falta de ações por parte da concessionária, os residentes decidiram se unir, organizando um abaixo-assinado para expressar a insatisfação.
Cristine Brauwers, moradora do loteamento há uma década, destaca a frequência das quedas de luz. “Temos crianças e pessoas de idade aqui. Não podemos suportar viver assim”, reclama. Sem respostas da concessionária de energia, a comunidade decidiu enviar o abaixo-assinado tanto à sede da RGE e também ao governo municipal.
A intenção é chamar a atenção para a situação enfrentada e buscar solução efetiva às constantes interrupções no fornecimento de energia. Na manhã de hoje, representantes dos moradores estiveram na sede da concessionária e pediram esforços adicionais das equipes.
AÇÃO CONTRA A CORSAN

Foto: MATEUS SOUZA
Nos mesmos moldes da ação contra a RGE, o município de Estrela emitiu ação contra a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), onde solicita o reestabelecimento imediato do fornecimento de água potável no município.
Na quarta-feira, dos 17 poços no município apenas quatro estavam operando. Hoje, uma parte maior voltou a operar com a volta da energia elétrica. “Água potável também é um bem essencial. Precisamos da retomada desse serviço”, afirma o prefeito em exercício, João Carlos Schäfer, que assinou a ação.
POSTE PARTIDO AO MEIO

Foto: BIANCA MALLMANN
O risco de queda de um poste de energia elétrica com transformador motivou a interrupção do trânsito na rua Olavo Bilac, no bairro Florestal, em Lajeado, próximo à avenida Benjamin Constant. O local foi isolado para garantir a segurança de pedestres e condutores.
“Estamos isolando por conta da possibilidade de queda daquela parte do poste. Devido ao risco de lesão ou alguma coisa maior, nós não podemos permitir que ele continue dentro daquela situação”, garante, o coordenador do setor de Trânsito de Lajeado, Vinícius Renner.
O município acionou a RGE e pediu a presença de uma equipe técnica, que chegou ao local durante a tarde para efetuar a desenergização.
LEVANTAMENTO COMPLETO

Foto: Divulgação
Mais de 50 casas foram atingidas pelo temporal em Mato Leitão, segundo estimativa da Defesa Civil do município. Ao todo, 36 famílias buscaram auxílio com a retirada de lonas, sendo mais de 1,5 mil metros quadrados no total.
Em relação a um possível decreto de emergência, o prefeito Carlos Bohn disse que é preciso aguardar o levantamento completo dos danos registrados no município.
Um dos locais atingidos pelos fortes ventos é a Escola Ireno Bohn, que teve danos no telhado do prédio e laterais do ginásio de esportes.
CURVA MAIS LENTA

Venâncio Aires decretou emergência devido aos estragos do vendaval. (Foto: Divulgação)
Na área de cobertura da Certel, o ápice de clientes sem luz, logo após o temporal de terça, foi de 46 mil. Isso representava 60% do total, conforme o vice-presidente da cooperativa, Daniel Sechi. Dois dias depois, o número foi reduzido para 2,6 mil.
“Foi um momento muito desafiador para nós. Já tínhamos uma previsão de que iriam ocorrer ventos fortes e de que poderiam danificar nossas redes”, lembra. Já o diretor operacional, Simão Diehl, lembra que, na futura usina eólica da cooperativa, os ventos chegaram a 112 quilômetros por hora.
“Começamos a nos preparar na terça de manhã, mas foi uma tempestade muito forte. Agora, a curva para diminuir o número de clientes sem luz é mais lenta, pois são os piores casos. É mais complicado. Nossa ideia era chegar próximo da meia noite de hoje (ontem) com quase a totalidade, mas vemos que vai passar um pouco”, avalia.