Criança birrenta: como lidar?

NOSSOS FILHOS

Criança birrenta: como lidar?

Comportamento ocorre entre dois e cinco anos e é utilizado como mecanismo de comunicação em situações de raiva, desejo, fome e outros. Imposição de limites é essencial no processo de superação

Criança birrenta: como lidar?
Profissional destaca que, nos momentos de estresse e birra, é importante que pais mantenham a calma e aguardem que a criança se acalme. (Foto: Eloisa Silva)
Vale do Taquari

“A birra é a maneira que a criança encontra de expressar seus sentimentos. Sejam eles raiva, desejo, fome, sono ou qualquer outro”. Médico psiquiatra Bruno Borba detalha como lidar com esse tipo de comportamento que deixa os pais em alerta durante o período da primeira infância.

Borba foi o convidado da última quinta-feira, 11, de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Durante a entrevista destacou que a birra infantil tem a tendência de ocorrer entre os dois e cinco anos. Comenta que, antes desse período, a única forma de expressão conhecida pelo menor é o choro.

Segundo o profissional, conforme a criança cresce, passa a entender outras formas de se comunicar. “Nessa fase, o pequeno ainda não desenvolveu uma memória de trabalho para saber negociar. A birra acaba sendo o mecanismo de comunicação. Para os pais pode ser estressante, mas para a criança tem sentido. É a forma dela entender os limites e, consequentemente, tentar ultrapassá-los, um processo natural”.

Complementa que, em uma visão psicanalítica, esse movimento tem relação com o processo de desvinculação da figura de referência, seja ela mãe, pai ou outras pessoas. Também pontua que é o período em que os pequenos começam a desenvolver o ego, buscando a posição na família e na casa. “É uma ocasião de ambivalência. Eles querem ser parte dos responsáveis, mas também ser uma pessoa com opiniões”, destaca.

Entendendo como minimizar

Rotina e limites. Essas são as palavras-chave que o psiquiatra afirma serem fundamentais no processo de enfrentamento à birra infantil. Borba reforça que, para a criança, é confortante ter alguém que dê limites. “Mesmo que ela vá contra essa imposição de início, ela passa a compreender até onde ela pode ir, quanto pode insistir e, a longo prazo, entende como assimilar tudo e lidar com as frustrações”.

O profissional destaca que, nos momentos de maior estresse, é importante que os pais não se desesperem. Para ele, o recomendado é aguardar que a criança se acalme, sem intervenção dos pais, a não ser que o indivíduo esteja colocando o seu bem-estar em risco.

“Estabelecer essas limitações é um processo complexo, mas necessário. Um jeito de iniciar é introduzindo limites passíveis de serem cumpridos, aspectos mais práticos. Não adianta, por exemplo, decidir que a criança não vai mais ver telas quando isso já está introduzido no cotidiano, ou, ainda, os pais falarem uma coisa e não cumprirem o combinado interno”.

Em relação a rotina, reitera que os pequenos têm uma tendência a adaptação mais fácil a esse processo. A escola, diz, é um exemplo. Destaca que eles seguem um cronograma, sem conflitos na maioria das vezes, e que estabelecer uma estratégia parecida em casa também é uma opção a ser analisada.

Cuidado a longo prazo

“Depois dos cinco anos, a permanência da birra pode ser um prejuízo”. Sem atenção ao comportamento da criança e como ele se desenvolve, há riscos do desenvolvimento do Transtorno Opositor Desafiante (TOD).

Esse, detalha Borba, é um diagnóstico de personalidade. Nessas ocasiões, a criança desafia figuras de referência em uma faixa etária que o comportamento não deveria ocorrer. “Ela ainda procura pelo limite. Em situações extremas pode evoluir para um transtorno de conduta mais grave”. Não há tratamento específico com remédios. A solução é o controle dos impulsos, mantendo um olhar para o ambiente em que a pessoa está inserida.

Birra Infantil X TOD

Birra geralmente ocorre quando a criança quer expressar seus sentimentos, seja em relação a um desejo ou uma frustração. Já no caso do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), ela repete um comportamento irritável com frequência e até mesmo quando não há um motivo aparente, agindo de forma opositiva a tudo, além de não demonstrar medo de punição.

Como lidar

  • Compreenda a angústia da criança;
  • Imponha limites;
  • Desvie a atenção da criança;
  • Ensine a criança a compreender os seus sentimentos;
  • Não diminua o que ela está sentindo.

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