Queda de 3,18% no IGP-M interfere pouco no aluguel

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Queda de 3,18% no IGP-M interfere pouco no aluguel

Conhecido como inflação do aluguel, o indicador em 2023 teve a maior queda já registrada. Ainda assim, mercado é quem regula os preços, afirma delegado do Creci, Marco Aurélio Munhoz

Queda de 3,18% no IGP-M interfere pouco no aluguel
Preços elevados afastam locatários de imóveis comerciais no centro de Lajeado. Para corretor, tendência é para reduções nos próximos meses devido a oferta e demanda. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

Depois de fechar 2020 com um aumento de 23,1%, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) teve uma retração de 3,18% no ano passado. É o que mostra o cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado é o menor já registrado na série histórica.

Conhecido como a inflação do aluguel, o indicador costuma ser usado nos cálculos dos reajustes anuais dos contratos. No entanto, diz o delegado do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), Marco Aurélio Munhoz, essa queda não representa redução no preço dos aluguéis.

“De 2020 para cá, houve aumentos muito expressivos. Esses percentuais que bateram dois dígitos não foram repassados integralmente aos locatários. O que teremos agora é um reequilíbrio”, avalia.

Segundo ele, o principal fator de regulação dos preços é o próprio mercado de oferta e demanda. “As negociações são diretas. Nós, como corretores, temos o compromisso de equilibrar os interesses, fazendo que seja justo para quem precisa do imóvel e para o proprietário também.”

O IGP-M é calculado com base em três grupos de preços (insumos para o produtor rural, para o consumidor e à construção civil). A maior influência vem do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com recuo de 5%.

Dentro deste componente, as maiores contribuições para a deflação foram soja (-21,92%), milho (-30,02%) e o óleo diesel (-16,57%). Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) 2023, teve alta de 3,4%. Influência da gasolina (11,08%), plano de saúde (10,36%) e aluguel residencial (7,15%). Quanto ao Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), este terminou 2023 com alta de 3,32%.

Mercado imobiliário pós-enchente

As duas inundações de grande porte do ano passado resultaram em movimentos distintos sobre os aluguéis residenciais, avalia Munhoz. “Algo de se esperar”, reforça e complementa: “Os imóveis em áreas alagáveis se desvalorizaram. Isso trouxe uma oferta muito grande de moradias na área mais baixa da cidade. Mas a demanda de quem procura alugar está maior em bairros sem histórico de cheias”, afirma.

Por outro lado, considera que os preços se mantiveram nos patamares semelhantes aos meses anteriores às catástrofes. “Não registramos elevação nos preços. Importante que se diga, quem está em um imóvel bom não quer sair. Se é bom pagador, cuidadoso com o imóvel e sem histórico de problema, o proprietário também vai querer manter. Em 90% dos casos, conseguem negociar os contratos com revisões justas.”

Imóveis comerciais

Em Lajeado, na rua Júlio de Castilhos, principal via voltada ao comércio e serviços do Vale do Taquari, o número de estabelecimentos comerciais desocupados chama a atenção.

Nas esquinas da Carlos Von Koseritz até a Carlos Alberto Torres, são pelo menos cinco salas com placas de aluga-se. “Isso é perceptível para todos. Mais do que os residenciais. Neste caso, posso afirmar, é preço”, adverte Munhoz.

“Sabemos que muitos proprietários fizeram investimentos altos nos imóveis, com adaptações e melhorias estruturais. Então procuram tirar isso com um aluguel alto. Os inquilinos não suportam por muito tempo e entregam o imóvel.”

Como resultado, diz o corretor, mais uma vez entra a regulação dos preços pelo próprio mercado. “Ao ficar sem locatário, será obrigado a reduzir a pedida. Por isso que digo, a oferta e a demanda são o principal parâmetro para determinar preço.”

Indicador ao longo dos anos

Três variáveis compõem o IGP-M (preço ao consumidor, construção civil e produtor rural). Com elevações consideráveis desde 2020, indicador teve retração no ano passado.

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