Golpes com imóveis no litoral prejudicam moradores do Vale

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Golpes com imóveis no litoral prejudicam moradores do Vale

Anúncios falsos da pousada de teutoniense em Capão da Canoa circularam nas redes sociais. No fim do ano, grupo encontrou local onde se hospedaria em Itapema ainda em construção. Polícia Civil soma mais de 70 denúncias desde novembro

Golpes com imóveis no litoral prejudicam moradores do Vale
Foto: ilustrativa/ Freepik
Vale do Taquari

“Muita gente me alertou. Isso é algo que prejudica muito”. Proprietária de uma pousada em Capão da Canoa, a teutoniense Marize Tischer Brune jamais esperava ser alvo de um golpe. Afinal, há anos disponibiliza imóveis na praia para locação. Porém, nos últimos dias de 2023, conviveu com uma situação desagradável.

Criminosos utilizaram imagens e o nome de Marize para fazer anúncios falsos na internet. Valores baixos demais para a alta temporada e tempo mínimo de locação inferior ao habitual seduziram veranistas, que fecharam a locação. Foi só quando entravam em contato com a verdadeira proprietária é que percebiam se tratar de um golpe.

 

Fotos de imóvel comprado por moradora de Teutônia é usado em falsos anúncios na internet

O caso de Marize é só um entre vários que pararam na Polícia Civil nas últimas semanas. Somente no litoral norte do RS, são 75 registros desde novembro. Há relatos de veranistas que chegaram a uma das cidades litorâneas e, ao descobrirem terem sido vítimas de um golpe, ficaram sem ter onde dormir.

Isso quase aconteceu com pessoas que caíram nos anúncios falsos dos imóveis de Marize. “Tinha um veranista que estava dentro do ônibus e me pediu a localização, dizendo que estava chegando. Teve outra que bateu aqui e eu não tinha como ajudar. Por sorte, conseguiu alugar em uma vizinha da frente. É algo bem chato”, lamenta.

Mensagens e denúncia

Segundo Marize, as primeiras mensagens começaram a chegar até ela por volta do dia 20 de dezembro. Lembra que uma pessoa a chamou no aplicativo de conversas Messenger perguntando se ainda haviam quartos disponíveis para a virada do ano. E aí, veio o alerta.

“Eu disse que estávamos lotados e esse cliente comentou que estavam usando fotos e informações minhas para aplicar golpes. Disse que uma pessoa ofertava um valor bem inferior. Então eu desconfiei. Foi o primeiro relato de muitos que vieram até, pelo menos, o dia 31”.

Marize denunciou as publicações no Facebook, que posteriormente as excluiu. Também registrou boletim de ocorrência pela internet, denunciando os supostos autores do golpe. Porém, acredita que as contas utilizadas não são dos reais criminosos. “Denunciei três pessoas, mas com certeza são laranjas. Pelo menos os anúncios foram apagados”.

Desconfiança

Para Marize, episódios como este dificultam a formação de uma clientela. Lembra que busca, sempre quando vai fechar um aluguel, ser o mais transparente possível com o locatário. A onda de golpes, inclusive, tem feito ela disponibilizar o máximo de informações e mostrar vídeos do local em tempo real.

“As pessoas estão ficando mais desconfiadas. De certa forma isso é bom, mas também prejudica. A que ponto chegamos. Precisar provar para a pessoa que ela pode confiar em você. Mas acredito que isso vai melhorar a partir do próximo verão”.

DICAS NÃO CAIR EM UM GOLPE

  • Pesquise de forma minuciosa o imóvel desejado
  • Desconfie de valores muito baixos na alta temporada
  • Busque as redes sociais da pessoa que disponibiliza o imóvel
  • Opte por fazer contratos na locação, sem acordo via conversas
  • Confirme a localização do imóvel
  • Visite o imóvel com antecedencia, se possivel

Quebra de confiança

Outro caso que envolveu moradores da região alcançou repercussão nacional nas últimas semanas. Um grupo de 68 pessoas que viajou 600 quilômetros para passar a virada do ano em Itapema, litoral de Santa Catarina, encontrou a pousada que havia sido alugada ainda em obras. Entre eles, estavam 37 teutonienses.

Uma das organizadoras da excursão em Teutônia, Sirlei Pletsch comenta que a viagem teve origem em Bom Princípio e já era tradicional nesta época do ano. “Nós já ficamos em pousadas desta pessoa e nunca teve nada de errado até então. Já faz uns 10 anos que estamos com eles. Mas isso gera uma quebra de confiança”, lamenta.

Sirlei lembra que os organizadores da excursão estiveram em Itapema em duas ocasiões antes da viagem, sendo a mais recente no começo de dezembro. “A proprietária garantiu que a pousada estaria pronta. Mas não concluiu. Chegamos lá na manhã do dia 28 e nada estava pronto”. A locação custou R$ 33,9 mil.

Apesar da frustração, o grupo não desistiu de passar o reveillón no litoral catarinense. Conseguiram, de última hora, uma pousada em Garopaba. “O pessoal da excursão arcou com mais R$ 40 mil para arrumar outro local para nós. Ficamos quatro dias. Espero que consigam reaver o prejuízo”. O caso é investigado pela Polícia Civil.

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