Viagem para o litoral, gastos com diversão e o uso exagerado do cartão de crédito. Realidade comum para as famílias e, que por vezes, pode representar um endividamento logo no início do ano.
Depois disso, se acumulam as contas fixas, como o IPTU, o licenciamento veicular e os gastos com material escolar. Mesmo com a chegada de 2024, muitas famílias ainda terão de lidar com as dívidas feitas ao longo de 2023 e até antes.
Levantamento da Confederação Nacional do Comércio mostra que 76,6% das famílias estão endividadas. Deste total, 29% estão com parcelas em atraso. Para a economista especializada em finanças domésticas, Cristiane Souza, o início do novo ano pode ser um momento para repensar o planejamento financeiro, de forma a evitar dívidas e até poupar.
A primeira orientação nesse sentido é entender os gastos pessoais, manter uma tabela com despesas fixas e variáveis, sempre com alguma margem para economia. “É sempre mais fácil ter algo bem visível. Quanto mais olhar, melhor para entender onde estão os excessos. O segredo é quanto se gasta, mais do que quanto se ganha”, ensina.
Guardar é um hábito, reforça. Inclusive organizações de crédito mantém cartilhas com sugestões aos consumidores. A Serasa Experian, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) orientam as famílias a como organizar receita e despesas.
Esse processo começa com o cálculo dos gastos fixos mensais, (despesas que têm um valor igual ou semelhante todos os meses, como o aluguel, o condomínio, a conta de luz, gás e água).
Depois, é preciso ainda estimar despesas variáveis, gastos com valores irregulares. Para isso, a Febraban dá a dica de anotar os gastos de todo tipo, como roupas, restaurantes, feira e lazer.
Educação financeira
Para a economista, fazer um orçamento adequado da renda. Em cima disso, estabelecer custos de acordo, se precisar com redução nos planos como os de internet e telefone.
Hábitos de controle do consumo podem ser úteis, como sair de casa com o dinheiro contado para compras no supermercado, o que evita gastos por impulso. Também guardar para troca de aparelhos celulares, televisores ou outros eletrodomésticos.
De acordo com Cristiane, é fundamental ter atenção quanto ao uso do cartão de crédito e do cheque especial. “Parcelar as compras no cartão compromete o orçamento das famílias. O juros é muito elevado. Deixe essas possibilidades para alguma emergência”, destaca.
Economizar é um hábito
Após conhecer todos os gastos e ajustar à realidade financeira, é importante definir metas. “Pensar nos objetivos de curto, médio e longo prazo. Seja uma viagem nas férias, comprar algum bem de consumo ou mesmo guardar para a aposentadoria”, frisa Cristiane Souza.
“Pensa só, nós trabalhamos o mês inteiro. Acordamos cedo, nos estressamos. Quando recebemos, saímos distribuindo dinheiro. Por vezes, não pagamos para nós mesmos, não nos recompensamos”, destaca.
A economista sugere que seja determinado um percentual por mês para guardar da receita. “Se tiver que começar com 1%, que seja. Mas mantenha um percentual. E tem aquilo, quando vemos a economia crescer, queremos guardar mais.”
Com isso em mente, é possível ter uma noção de quanto é preciso poupar ao longo dos meses para conseguir realizar os objetivos. Investir esse dinheiro em opções de baixo risco, como a poupança, títulos de renda fixa, respaldados pelo fundo garantidor de crédito, tornam as economias mais seguras e protegidas frente a perda do poder de compra causada pela inflação.
Limpar o nome
O Desenrola foi prorrogado até 31 de março e cria condições especiais para pagamento de dívidas de até R$ 20 mil. O programa consiste na renegociação de dívidas e limpeza do nome do consumidor. As regras de participação no programa e as informações sobre o perfil de consumidor elegível estão disponíveis no portal de internet do Desenrola.
Manter a saúde financeira
A especialista em economia doméstica sugere algumas condutas para evitar o endividamento:
- Entender os gastos pessoais, manter uma tabela com despesas fixas e variáveis.
- Calcular gastos fixos mensais e estimar despesas variáveis.
- Estabelecer um orçamento adequado à renda e reduzir custos, se necessário.
- Guardar dinheiro é um hábito importante para evitar dívidas.
- Sair de casa com dinheiro contado para evitar gastos por impulso.
- Evitar parcelar compras no cartão de crédito devido aos juros elevados.
- Definir metas de curto, médio e longo prazo, como viagens, aquisição de bens ou poupança para a aposentadoria.