O que trouxe você para Forqueta?
Eu nasci em Cruzeiro do Sul e vim para Arroio do Meio em 1958, por intermédio de um viajante chamado Bruno Herrmann. Ele queria que eu abrisse uma alfaiataria na comunidade, porque ainda não tinha aqui. Eu aprendi o ofício com um alfaiate de Cruzeiro chamado Ronaldo Duraisky. Fazia vários ternos para famílias inteiras. Eu cortava, media, fazia tudo. Na época era um bom negócio, os viajantes traziam os tecidos.
Por que decidiu abrir a casa comercial?
Foi quando a profissão de alfaiate começou a desaparecer, as roupas prontas tomaram conta e decidi abrir o negócio. Comecei vendendo roupas e alguns suprimentos. Recebia galinhas e ovos, por exemplo, a troco de mercadorias. A venda tinha bastante movimento sempre. Uma época até leite fresco tinha junto ao comércio.
Quais as diferenças para os dias de hoje?
Mais ou menos igual. Uns pagam, outros não [risus]. Tenho os mesmos clientes há anos, somos amigos. Ainda trabalho com as antigas cadernetas, onde anoto a conta dos clientes.
Mesmo aos 88 anos você ainda trabalha, por quê?
Eu trabalho para viver mais tempo, me faz bem. De tarde, os meus amigos vêm para jogar carta. Conversamos sobre tudo, vai do clima até política. É um momento em que a gente fica sabendo das notícias, todos os dias. Na venda tenho uma ajudante, mas faço de tudo ainda. Gosto de me manter ocupado. Faço questão de dizer que leio muito, revistas, livros e jornais.
Você também tem história na política. Conte sobre isso.
Gosto de política. Comecei em Arroio do Meio, através do convite dos já falecidos Celeste Kunrath e ex-prefeito Arnesto Dalpian para ingressar no PTB. Foi no mandato de Dalpian que fui nomeado para ser o primeiro subprefeito do Distrito de Forqueta, há mais de 60 anos. Depois ingressei no PMDB, hoje MDB. Participo ativamente porque entendo a política como ferramenta de liderança para ajudar as pessoas. Eu já fui presidente de todas entidades aqui de Forqueta. Na política, me dou com todos partidos e ainda faço parte do diretório. Não existem inimigos, mas sim pessoas que pensam diferente, e eu respeito isso. Quando fui vereador, era o tempo em que não recebia remuneração, só a comida. Acho que uma das maiores honras da minha vida foi receber o título de Cidadão Arroiomeense, em 2004. Tenho muitas histórias para contar e gosto de dizer que tenho muitos amigos.
