Em entrevista exclusiva à Rádio A Hora, ao programa Frente e Verso, o ex-governador Germano Rigotto comentou sobre os recentes movimentos econômicos e políticos do país e do RS.
Os números de 2023, com crescimento de 3% do PIB, controle da inflação e redução de juros trazem perspectivas positivas para este ano. Na avaliação dele, a aprovação da reforma tributária é um grande avanço para o país.
“Ainda há muito o que fazer. As leis complementares é que vão dizer como será a transição. Importante saber, que começa em 2028 para ser concluída em 2033”, realçou e complementou: “estamos vendo resultados positivos que superam nossas expectativas.”
No entanto, Rigotto criticou as medidas adotadas pelo governo estadual em relação ao ICMS, destacando um erro técnico no argumento para justificar a proposta de elevar o imposto sobre o consumo para 19,5%.
“O discurso usado para o aumento do ICMS foi um erro técnico. Poderíamos ter evitado perdas significativas, pois o próprio texto da reforma tributária já corrigiu a ideia de criar uma média de arrecadação a partir de 2024”, pontuou Rigotto.
Déficit zero
Quando questionado sobre a expectativa para 2024, Rigotto apontou o esforço do Ministério da Fazenda em buscar o déficit zero. “Os gastos dos últimos anos provocaram um rombo de R$ 130 bilhões em 2023. Agora o governo tem a chance de começar com o orçamento próprio.”
O ex-governador elogiou a postura do ministro Fernando Haddad (PT) em manter a responsabilidade fiscal, enfatizando a importância de equilibrar gastos e arrecadação para evitar inflação e juros altos.
No entanto, alertou sobre resistências dentro do Congresso Nacional e até mesmo dentro do próprio Partido dos Trabalhadores. Ele enfatizou a necessidade de manter a responsabilidade fiscal para garantir investimentos e crescimento econômico sustentável.
Críticas ao parlamento
Em um tom incisivo e crítico, o ex-governador não poupou palavras ao comentar sobre as recentes ações do Congresso Nacional, especialmente em relação à votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Rigotto destacou a atitude do Congresso ao destinar R$ 53 bilhões para emendas, caracterizando essas alterações como objetivos “fisiológicos e clientelistas”, sem medida clara ou justificação transparente.
Ele expressou preocupação com a falta de controle sobre esses gastos, apontando para a possibilidade de o governo ser compelido a liberar esses recursos até junho, coincidindo com o período eleitoral.
“A vergonha desse absurdo no Congresso é inaceitável. Enquanto o governo não pode conter os gastos de forma impositiva, o Congresso tem a audácia de empurrar essa situação até junho, possivelmente visando as eleições. O fundo eleitoral de R$ 5 bilhões é outro escárnio, e que o presidente, infelizmente, não vetou.
Deveria ter coragem de negociar e posicionar o governo contra essas práticas condenáveis”, criticou Rigotto.
“Sou contra o que está acontecendo no Congresso em relação a essas mexidas no orçamento. Vamos ter muitos escândalos em torno dessas alterações. Cada deputado e senador tem R$ 18 milhões em emendas impositivas. Mexer no orçamento pode resultar em uma série de CPIs, cassações de mandato e escândalos envolvendo o Congresso e o Executivo”, alertou Rigotto.
Assista a entrevista na íntegra