No cenário da São Silvestre deste ano, uma história especial se desenha. Rosilene Jasper, 52, embarcará em uma experiência única ao lado da mãe, Ligia Catarina Pedroso dos Santos, 74, e da filha Amanda Luísa dos Santos Jasper, 28. Juntas, as três gerações da família Jasper, de Bom Retiro do Sul, participarão pela primeira vez da corrida de São Silvestre.
A ideia de correr em família surgiu pela paixão no esporte e pela parceria com a equipe Santiago Running, à qual pertencem. Rosi comenta que, como membros ativos do grupo, sempre discutiram a possibilidade de participar da São Silvestre, considerando a tradição e a energia única proporcionada na corrida que encerra o ano.
O processo de preparação da família para o evento foi parte integrante dos treinos regulares e provas ao longo do ano, contando com o apoio dos amigos da equipe. “Nossa corrida é uma consequência dos treinos e provas que realizamos durante o ano com nossos amigos”, afirma.
As três mulheres estabeleceram como objetivo a diversão e a experiência compartilhada, priorizando a união em vez de metas individuais. A tradição de promover uma oração antes da corrida será mantida, como é de costume para a família.
Para a corrida em si, a estratégia é correrem juntas, aproveitando o ritmo inicial mais lento da São Silvestre devido à quantidade de participantes – neste ano a prova terá 35 mil participantes. As palavras de incentivo, a oração e o apoio mútuo serão fundamentais para enfrentar os desafios físicos e mentais ao longo da corrida.
A expectativa é grande, não apenas em relação ao desempenho, mas também pela oportunidade de compartilhar esse momento como família. “A São Silvestre representa mais do que uma prova, é uma celebração de parceria, dedicação, amor e companheirismo”, destaca Rose.
Ao compartilharem essa jornada, as três gerações da família Jasper expressam uma sensação de alegria e gratidão. “Este evento, que vai além da corrida, será uma memória preciosa a ser contada às futuras gerações. É o início de uma tradição familiar que certamente perdurará. Que a São Silvestre 2023 seja um capítulo inesquecível na história da Família Jasper”, afirma.
Para Amanda, a sensação é de muita satisfação e gratidão, principalmente pela saúde e vivacidade da mãe e da avó. “Isso é que nos permite realizarmos este sonho juntas. Estar ao lado delas, com certeza será uma grande alegria e também uma grande responsabilidade, pois, além de tudo, são mulheres que muito me inspiram pelo seu foco e coragem”, afirma. Cita que este evento ficará marcado na história da família. “Torço para que possamos repeti-lo e, quem sabe, perpetuar a tradição nas próximas gerações.”
Ligia destaca estar imaginando sentir uma grande emoção durante a prova. “Correr ao lado delas é uma bênção.” Cita que nunca imaginou aos 74 anos correr uma das principais provas do Brasil. “Deixarei um exemplo de que podemos concretizar nossos sonhos, com persistência e dedicação, independente da idade que tivermos.”
A logística da família Jasper envolve um voo de Porto Alegre a São Paulo no dia 30, a participação na São Silvestre no dia 31, seguida por um retorno ao hotel para organizar e, finalmente, embarcar de volta a Porto Alegre. A previsão de desembarque no RS é às 18h. “As últimas horas de 2023 serão literalmente vividas correndo, mas esperamos retornar a tempo de confraternizar a virada do ano com os demais familiares”, brinca Rosi.
Casal corre pela primeira vez
O casal Fernando Lourenço Sant’Ana e Karina Fátima dos Santos está prestes a viver uma experiência única na 98ª Corrida Internacional de São Silvestre. Motivados pelo desejo de encerrar o ano com uma das provas mais emblemáticas do Brasil, o casal participará pela primeira vez da prova, uma decisão motivada pelo desejo de fechar o ano de corridas com uma atividade que lhes traz imensa felicidade. Além disso, planejam unir a experiência esportiva à oportunidade de explorar São Paulo como turistas.
A preparação para a corrida foi planejada pelo treinador Mateus Schneider, do Instituto Casatleta de Lajeado, com ciclos de treinamento focados em aprimorar habilidades como resistência, velocidade e força. Apesar de correrem há um ano e meio, o casal segue uma rotina regular de treinos desde junho de 2023, realizando três sessões semanais. Com ritmos diferentes, os treinos são individualizados para atender às necessidades específicas de cada um.
A meta do casal não é apenas cruzar a linha de chegada, mas aproveitar ao máximo a prova e toda a experiência que ela proporciona. Para garantir um desempenho sólido, seguem uma rotina de cuidados, como manter o corpo hidratado, garantir uma boa noite de sono e realizar um aquecimento adequado.
Durante a corrida, Fernando e Karina planejam ficarem juntos, proporcionando apoio mútuo em meio à energia contagiante de mais de 35 mil participantes. Para eles, correr junto não é apenas uma questão de segurança, mas também um momento especial de realização pessoal. “Lidar com as emoções é o mais difícil, mas tentaremos manter a calma e o foco. Queremos cruzar a linha de chegada comemorando, realizados e com a sensação de dever comprido”, destaca Fernando.
Experiente em provas
Morador de Teutônia e um dos responsáveis pela Academia e Assessoria Pró Fitness, Jones Sacks, 39, participa da São Silvestre pela sétima vez.
Ele destaca a atmosfera única da Avenida Paulista repleta de corredores amadores e profissionais, iniciantes e personagens diversos. Descreve a sensação de estar no centro dessa celebração como algo incrível, uma experiência que o motiva a retornar ano após ano.
Sobre a preparação para a prova, destaca que em 2023 foi mais de boa, sem se comprometer como em anos anteriores. Já em relação as aprendizagens com edições anteriores, Sacks enfatiza que cada São Silvestre é única, com variáveis como clima, condições físicas e o clima da prova, tornando difícil aplicar lições específicas de um ano para outro.
Ao relembrar momentos especiais, destaca a primeira São Silvestre como inesquecível. “A corrida vai além do aspecto esportivo, sendo uma oportunidade para reflexão e avaliação de seu ano, proporcionando um momento simbólico de transição para o próximo.”
Sacks estabelece metas para esta participação, expressando o desejo de superar as marcas anteriores na prova. Para os estreantes na São Silvestre, o atleta aconselha uma boa noite de sono e a organização prévia dos itens necessários para a corrida. Ele enfatiza a importância de chegar cedo ao local de largada, considerando a gigantesca aglomeração de 35 mil participantes na Avenida Paulista.
Além de Sacks, a academia estará representada por Camila Hertz, Luis Schwingel e Edson Helfenstein, o trio fará a estreia na prova.
“É como se fosse o prêmio pelo ano vivido”
Diego Capalonga, de Lajeado, e integrante da equipe Galgos, vai para quarta participação no evento. “A São Silvestre não agrega muito em termos de competição para mim, mas a parte simbólica de ocorrer no último dia do ano e pelo tamanho do evento é o que me impulsiona em participar. É como se fosse o prêmio pelo ano vivido, o último esforço, treino e convívio com outros corredores”, revela.
Sobre a participação nas edições anteriores destaca que é melhor se inscrever em um pelotão com pace mais lento, pois os corredores são mais receptivos à troca de experiências e não há pressão por resultados. “Isso torna a corrida mais leve e prazerosa, que é meu objetivo nesse dia. Além disso, nessa corrida especificamente, não uso fones. Essa corrida é muito boa de se sentir e de se ouvir”, revela o corredor.
Entre as memórias especiais, Diego destaca a edição de 2019, quando correu debilitado após terminar radioterapias. “Corri extremamente feliz pela conquista e por ter a família ao meu lado.” Além disso, a participação do filho Guilherme na edição de 2021 foi outro momento marcante. Para a participação deste ano, Capalonga ressalta que não estabeleceu metas de tempo ou pace. “A São Silvestre é para curtir. O negócio é aproveitar o momento e seguir o fluxo”, afirma.
Para Diego, a São Silvestre vai além do aspecto esportivo. “Ela e todas as outras corridas e treinos significam algo mais do que correr. Significa o fim de um ciclo e o início de um novo. É uma forma de ver tantas pessoas com seus objetivos pessoais buscando sua superação individual. Isso me motiva demais para a vida”, enfatiza o corredor, comparando as subidas da prova com suas dificuldades diárias e desafios pessoais.
Saiba mais
A Fundação Cásper Líbero, cujo prédio fica no número 900 da Paulista, é a detentora dos direitos do evento, do qual o criador foi o jornalista Cásper Líbero, que se inspirou em uma corrida francesa para propor, há 98 anos, a São Silvestre, que é o santo do último dia do ano.
A prova acontecia na noite de 31 de dezembro até 1988. Em 1989, passou a ser realizada à tarde. Desde 2012 ocorre no período da manhã. E desde 1991 o percurso da São Silvestre tem 15 km.
A prova é mista desde 1975, quando começou a participação oficial das mulheres. Entre 1925, ano de sua criação e 1944, foi disputada apenas por corredores brasileiros.
O maior vencedor é o queniano Paul Tergat com cinco vitórias. Entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota, com seis vitórias consecutivas, é a maior vencedora geral. Entre os brasileiros, o título fica com Marílson Gomes dos Santos, com três vitórias.
O recorde da prova foi quebrado em 2019. Kibiwott Kandie, que perdurava desde 1995 e tinha o também queniano Paul Tergat como dono da melhor marca. Kandie correu os 15km em 42min59s e se transformou no primeiro atleta a terminar a prova abaixo dos 43 minutos. O recorde era de 43min12s.
A programação oficial para os participantes da 98ª Corrida Internacional de São Silvestre no dia 31 começará às 7h25min, com a largada da categoria Cadeirantes. Em seguida, às 7h40min, será a vez da Elite feminina, ficando para as 8h05min a vez dos corredores da Elite masculina, Pelotão C, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral.
A largada será na Avenida Paulista, próximo ao número 2000, e a chegada em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista, 900. A Prova terá transmissão ao vivo pelas TVs Gazeta e Globo.