Três gerações unidas pela paixão de correr

Realização de um sonho

Três gerações unidas pela paixão de correr

Família Jasper, de Bom Retiro do Sul, participará pela primeira vez da São Silvestre, a mais tradicional prova de corrida do Brasil

Três gerações unidas pela paixão de correr
Família Jasper está nos últimos preparativos para a estreia na São Silvestre neste domingo 31 de dezembro. Amanda, Ligia e Rosi estão unidas também pela paixão nas corridas de rua - Foto: Karine Pinheiro
Vale do Taquari

No cenário da São Silvestre deste ano, uma história especial se desenha. Rosilene Jasper, 52, embarcará em uma experiência única ao lado da mãe, Ligia Catarina Pedroso dos Santos, 74, e da filha Amanda Luísa dos Santos Jasper, 28. Juntas, as três gerações da família Jasper, de Bom Retiro do Sul, participarão pela primeira vez da corrida de São Silvestre.

A ideia de correr em família surgiu pela paixão no esporte e pela parceria com a equipe Santiago Running, à qual pertencem. Rosi comenta que, como membros ativos do grupo, sempre discutiram a possibilidade de participar da São Silvestre, considerando a tradição e a energia única proporcionada na corrida que encerra o ano.

O processo de preparação da família para o evento foi parte integrante dos treinos regulares e provas ao longo do ano, contando com o apoio dos amigos da equipe. “Nossa corrida é uma consequência dos treinos e provas que realizamos durante o ano com nossos amigos”, afirma.

Foto: Karine Pinheiro

As três mulheres estabeleceram como objetivo a diversão e a experiência compartilhada, priorizando a união em vez de metas individuais. A tradição de promover uma oração antes da corrida será mantida, como é de costume para a família.

Para a corrida em si, a estratégia é correrem juntas, aproveitando o ritmo inicial mais lento da São Silvestre devido à quantidade de participantes – neste ano a prova terá 35 mil participantes. As palavras de incentivo, a oração e o apoio mútuo serão fundamentais para enfrentar os desafios físicos e mentais ao longo da corrida.

A expectativa é grande, não apenas em relação ao desempenho, mas também pela oportunidade de compartilhar esse momento como família. “A São Silvestre representa mais do que uma prova, é uma celebração de parceria, dedicação, amor e companheirismo”, destaca Rose.

Ao compartilharem essa jornada, as três gerações da família Jasper expressam uma sensação de alegria e gratidão. “Este evento, que vai além da corrida, será uma memória preciosa a ser contada às futuras gerações. É o início de uma tradição familiar que certamente perdurará. Que a São Silvestre 2023 seja um capítulo inesquecível na história da Família Jasper”, afirma.

Para Amanda, a sensação é de muita satisfação e gratidão, principalmente pela saúde e vivacidade da mãe e da avó. “Isso é que nos permite realizarmos este sonho juntas. Estar ao lado delas, com certeza será uma grande alegria e também uma grande responsabilidade, pois, além de tudo, são mulheres que muito me inspiram pelo seu foco e coragem”, afirma. Cita que este evento ficará marcado na história da família. “Torço para que possamos repeti-lo e, quem sabe, perpetuar a tradição nas próximas gerações.”

Ligia destaca estar imaginando sentir uma grande emoção durante a prova. “Correr ao lado delas é uma bênção.” Cita que nunca imaginou aos 74 anos correr uma das principais provas do Brasil. “Deixarei um exemplo de que podemos concretizar nossos sonhos, com persistência e dedicação, independente da idade que tivermos.”

A logística da família Jasper envolve um voo de Porto Alegre a São Paulo no dia 30, a participação na São Silvestre no dia 31, seguida por um retorno ao hotel para organizar e, finalmente, embarcar de volta a Porto Alegre. A previsão de desembarque no RS é às 18h. “As últimas horas de 2023 serão literalmente vividas correndo, mas esperamos retornar a tempo de confraternizar a virada do ano com os demais familiares”, brinca Rosi.

Casal corre pela primeira vez

O casal Fernando Lourenço Sant’Ana e Karina Fátima dos Santos está prestes a viver uma experiência única na 98ª Corrida Internacional de São Silvestre. Motivados pelo desejo de encerrar o ano com uma das provas mais emblemáticas do Brasil, o casal participará pela primeira vez da prova, uma decisão motivada pelo desejo de fechar o ano de corridas com uma atividade que lhes traz imensa felicidade. Além disso, planejam unir a experiência esportiva à oportunidade de explorar São Paulo como turistas.

O casal Fernando Lourenço Sant’Ana e Karina Fátima dos Santos segue uma rotina de treinos e provas para completar bem a São Silvestre – foto: divulgação

A preparação para a corrida foi planejada pelo treinador Mateus Schneider, do Instituto Casatleta de Lajeado, com ciclos de treinamento focados em aprimorar habilidades como resistência, velocidade e força. Apesar de correrem há um ano e meio, o casal segue uma rotina regular de treinos desde junho de 2023, realizando três sessões semanais. Com ritmos diferentes, os treinos são individualizados para atender às necessidades específicas de cada um.

A meta do casal não é apenas cruzar a linha de chegada, mas aproveitar ao máximo a prova e toda a experiência que ela proporciona. Para garantir um desempenho sólido, seguem uma rotina de cuidados, como manter o corpo hidratado, garantir uma boa noite de sono e realizar um aquecimento adequado.

Durante a corrida, Fernando e Karina planejam ficarem juntos, proporcionando apoio mútuo em meio à energia contagiante de mais de 35 mil participantes. Para eles, correr junto não é apenas uma questão de segurança, mas também um momento especial de realização pessoal. “Lidar com as emoções é o mais difícil, mas tentaremos manter a calma e o foco. Queremos cruzar a linha de chegada comemorando, realizados e com a sensação de dever comprido”, destaca Fernando.

Experiente em provas

Morador de Teutônia e um dos responsáveis pela Academia e Assessoria Pró Fitness, Jones Sacks, 39, participa da São Silvestre pela sétima vez.

Ele destaca a atmosfera única da Avenida Paulista repleta de corredores amadores e profissionais, iniciantes e personagens diversos. Descreve a sensação de estar no centro dessa celebração como algo incrível, uma experiência que o motiva a retornar ano após ano.

Sobre a preparação para a prova, destaca que em 2023 foi mais de boa, sem se comprometer como em anos anteriores. Já em relação as aprendizagens com edições anteriores, Sacks enfatiza que cada São Silvestre é única, com variáveis como clima, condições físicas e o clima da prova, tornando difícil aplicar lições específicas de um ano para outro.

Ao relembrar momentos especiais, destaca a primeira São Silvestre como inesquecível. “A corrida vai além do aspecto esportivo, sendo uma oportunidade para reflexão e avaliação de seu ano, proporcionando um momento simbólico de transição para o próximo.”

Jones Sacks em sua segunda participação na São Silvestre, em 2003. Neste ano, vai correr pela sétima vez a tradicional prova – foto: divulgação

Sacks estabelece metas para esta participação, expressando o desejo de superar as marcas anteriores na prova. Para os estreantes na São Silvestre, o atleta aconselha uma boa noite de sono e a organização prévia dos itens necessários para a corrida. Ele enfatiza a importância de chegar cedo ao local de largada, considerando a gigantesca aglomeração de 35 mil participantes na Avenida Paulista.

Além de Sacks, a academia estará representada por Camila Hertz, Luis Schwingel e Edson Helfenstein, o trio fará a estreia na prova.

“É como se fosse o prêmio pelo ano vivido”

Diego Capalonga, de Lajeado, e integrante da equipe Galgos, vai para quarta participação no evento. “A São Silvestre não agrega muito em termos de competição para mim, mas a parte simbólica de ocorrer no último dia do ano e pelo tamanho do evento é o que me impulsiona em participar. É como se fosse o prêmio pelo ano vivido, o último esforço, treino e convívio com outros corredores”, revela.

Sobre a participação nas edições anteriores destaca que é melhor se inscrever em um pelotão com pace mais lento, pois os corredores são mais receptivos à troca de experiências e não há pressão por resultados. “Isso torna a corrida mais leve e prazerosa, que é meu objetivo nesse dia. Além disso, nessa corrida especificamente, não uso fones. Essa corrida é muito boa de se sentir e de se ouvir”, revela o corredor.

Para Diego Capalonga, a São Silvestre vai além do aspecto esportivo e é um momento de integração entre os atletas – foto: divulgação

Entre as memórias especiais, Diego destaca a edição de 2019, quando correu debilitado após terminar radioterapias. “Corri extremamente feliz pela conquista e por ter a família ao meu lado.” Além disso, a participação do filho Guilherme na edição de 2021 foi outro momento marcante. Para a participação deste ano, Capalonga ressalta que não estabeleceu metas de tempo ou pace. “A São Silvestre é para curtir. O negócio é aproveitar o momento e seguir o fluxo”, afirma.

Para Diego, a São Silvestre vai além do aspecto esportivo. “Ela e todas as outras corridas e treinos significam algo mais do que correr. Significa o fim de um ciclo e o início de um novo. É uma forma de ver tantas pessoas com seus objetivos pessoais buscando sua superação individual. Isso me motiva demais para a vida”, enfatiza o corredor, comparando as subidas da prova com suas dificuldades diárias e desafios pessoais.

Saiba mais

A Fundação Cásper Líbero, cujo prédio fica no número 900 da Paulista, é a detentora dos direitos do evento, do qual o criador foi o jornalista Cásper Líbero, que se inspirou em uma corrida francesa para propor, há 98 anos, a São Silvestre, que é o santo do último dia do ano.

A prova acontecia na noite de 31 de dezembro até 1988. Em 1989, passou a ser realizada à tarde. Desde 2012 ocorre no período da manhã. E desde 1991 o percurso da São Silvestre tem 15 km.

A prova é mista desde 1975, quando começou a participação oficial das mulheres. Entre 1925, ano de sua criação e 1944, foi disputada apenas por corredores brasileiros.

O maior vencedor é o queniano Paul Tergat com cinco vitórias. Entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota, com seis vitórias consecutivas, é a maior vencedora geral. Entre os brasileiros, o título fica com Marílson Gomes dos Santos, com três vitórias.

O recorde da prova foi quebrado em 2019. Kibiwott Kandie, que perdurava desde 1995 e tinha o também queniano Paul Tergat como dono da melhor marca. Kandie correu os 15km em 42min59s e se transformou no primeiro atleta a terminar a prova abaixo dos 43 minutos. O recorde era de 43min12s.
A programação oficial para os participantes da 98ª Corrida Internacional de São Silvestre no dia 31 começará às 7h25min, com a largada da categoria Cadeirantes. Em seguida, às 7h40min, será a vez da Elite feminina, ficando para as 8h05min a vez dos corredores da Elite masculina, Pelotão C, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral.

A largada será na Avenida Paulista, próximo ao número 2000, e a chegada em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista, 900. A Prova terá transmissão ao vivo pelas TVs Gazeta e Globo.

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