Final de ano no Vale do Taquari

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Final de ano no Vale do Taquari

Mais uma vez, estamos às vésperas do Natal e do novo ano. Sempre é um período de reflexões e resoluções. Aproveito o espaço para fazer as minhas.

No nosso Vale, a calamidade das enchentes deixou marcas profundas. A maioria das pessoas que encontro comenta o mesmo: 2023 foi muito difícil.

Outras falam que passou tudo muito rápido, que está sendo uma correria. E como vejo mesmo gente correndo!

Se precisamos nos deslocar com veículos, nos deparamos com um trânsito caótico. A falta de paciência de grande parcela da população parece aflorar nesta época: pressa, ultrapassagens arriscadas, buzinadas, xingamentos. Conseguir vaga de estacionamento, então, é tarefa complicada e encontrar sombra de árvores é cada vez mais raro. Sempre penso: que milagre que essa árvore não foi cortada!

Poucos, muito poucos, conseguem ver o problema macro da crise climática e suas consequências na nossa aldeia. São esses poucos que denunciam há anos o descaso com o meio ambiente e, mesmo angustiados porque todas as previsões catastróficas estão ocorrendo, ainda conseguem forças para seguir lutando!

Quanto à solidariedade que estava em alta em setembro, após a primeira enchente, parece esmaecida. Nas ruas e nas redes sociais, vemos muita ostentação e consumismo desenfreado. Esse tipo de gente, dentro do seu casulo de egoísmo, até na tragédia usa o eterno discurso da meritocracia e se apropria da linda palavra gratidão para se justificar: eu mereci não ter sido atingida pela enchente, gratidão, cada um com o que merece. São pessoas que chamam a dor alheia de “mimimi” e relativizam tudo.

Outros dão uma disfarçada no egoísmo e ostentam em selfies o quanto são bonzinhos no Natal. Não que a caridade seja algo ruim, muito pelo contrário! O que critico é a necessidade se vangloriar disso e não se importar com justiça social.

Ainda bem que há grupos que se uniram para pensar os problemas da região e estão colocando a mão na massa com ações concretas para garantir a dignidade humana. Mesmo tocando suas vidas, tendo as festas típicas do período, sempre arrumam tempo para a solidariedade, com grandes doses de amor e respeito.

Infelizmente, muitas pessoas ainda sofrem os efeitos das enchentes e precisam de ajuda. Suas vidas foram duramente impactadas. Que não esqueçamos disso! Quando ouvirmos aquela famosa música “Então é Natal, e o que você fez?”, que sejamos sinceros na resposta e aproveitemos para nos revestir do espírito de fraternidade.

Que sejamos melhores em 2024, que cuidemos uns dos outros e salvemos o meio ambiente, a começar pelo que está a nossa volta! Sigamos com esperança!

Um abençoado Natal e um feliz ano novo!

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