O monitoramento da qualidade da água de rios e arroios da região apresentou o resultado da quarta etapa de análises. Desta vez, a coleta de amostras ocorreu em 17 pontos, em outubro. Outros nove foram realizados na segunda semana de dezembro por conta da oscilação no nível do Rio Taquari, causada pelas fortes chuvas. Neste tipo de acompanhamento, é importante que os mananciais estejam com as características semelhantes a cada etapa para que os comparativos sejam fiéis. Os resultados dos últimos nove pontos, percorridos de barco, serão divulgados em meados de fevereiro.
A qualidade da água nos 17 pontos ficaram nas faixas ruim e péssima, numa escala que ainda tem regular, bom e ótimo. O pior índice, 16,53, foi registrado no arroio Encantado, que passa por dentro do Parque Professor Theobaldo Dick, em Lajeado. Na sequência, o arroio Lambari, em Encantado, com 18,47. Estes dois locais tiveram classificação péssima nas quatro etapas de análises feitas até agora (confira tabela).
Resultados das análises
O que representa cada parâmetro
Coliformes termotolerantes
São bactérias encontradas no aparelho digestivo de animais de sangue quente e são indicadores de poluição por esgoto doméstico. A bactéria Escherichia coli (E. coli) é a principal representante deste grupo e é o melhor indicador da contaminação da água por fezes.
Entrevista
“Cada um precisa fazer a sua parte, nada adianta ter leis se não são cumpridas”
Viver Cidades – Todas as análises apontam para as duas piores faixas do IQA. Você já esperava por estes resultados?
Lucélia Hoehne – As análises anteriores já apontavam essa classificação para as amostras. Até pensei que, com as chuvas de setembro e de outubro, poderiam ter piorado, em função da lixiviação de tudo que foi parar nos rios da nossa região. Mas ,pelo menos, não foi isso que aconteceu.
A que você atribui estes índices?
Lucélia – Provavelmente devido ao lançamento de esgotos domésticos ou de processos agroindustriais, gerando principalmente aumento na concentração de coliformes termotolerantes e decréscimo no oxigênio dissolvido, como pode ser visto justamente nos pontos que ficaram com o IQA péssimo.
Quais são os principais reflexos – ambientais, sociais e econômicos – provocados por águas com índices baixíssimos de qualidade?
Lucélia – Na verdade, a água de todos esses pontos que foram analisados não chegam dessa forma nas torneiras das nossas casas. Há um tratamento eficaz para que recebamos uma água com qualidade. Mas claro que nesses locais, sem tratamentos, devido aos índices de IQA ruins, podem contribuir para a diminuição da biodiversidade local, especialmente animais e plantas aquáticas. E também a acentuação do processo de eutrofização dos corpos hídricos.
Tivemos duas enchentes que transbordaram os mananciais. Na primeira, a correnteza foi muito grande. Quais foram os principais impactos?
Lucélia – Todos sabemos que as enchentes devem ter arrastado muito esgoto, muitos produtos químicos, que eram devidamente armazenados ou tratados e demais materiais que nunca vamos saber realmente em tudo o que foi parar nos rios. Não vamos conseguir medir o impacto real, mas devido à alta correnteza e ao alto volume, pelos resultados, isso foi diluído. O que é um bom resultado. Pois os dados mostram que os valores continuam parecidos com os dados analisados em junho deste ano.
Que caminho tomar para melhorar a situação hídrica da região? Quais medidas cabem aos cidadãos, ao poder público, às entidades civis organizadas e à iniciativa privada?
Lucélia – Cada um precisa fazer a sua parte, nada adianta ter leis se não são cumpridas. Temos que fazer pequenas ações no nosso dia a dia para realmene transformar em uma grande ação em conjunto. E isso não é nada extraordinário, basta incorporar atitudes diárias em nossas vidas como: evitar o desperdício de água, ficar atento quanto aos vazamentos internos, trocar a mangueira pela vassoura para a limpeza de áreas externas, não jogar lixo em rios, lagos e praias, observar os dias em que passam os caminhões de coleta de resíduos, praticar e incentivar o consumo sustentável.
Para os agricultores, respeitar o uso de pesticidas, para os criadores de animais, ter um tratamento de resíduos orgânicos adequados. Ou seja, cada um deve olhar para suas atividades e pensar no presente, como eu posso fazer pra ajudar a melhorar a qualidade das águas…pois a mãe natureza já está doente e se não cuidarmos, vamos adoecer com ela. Temos que fazer nossa parte agora para melhorar a nossa qualidade de vida!