De novo. E não será a última

Opinião

Mateus Souza

Mateus Souza

Jornalista e colunista do caderno Lajeado - Um novo olhar sobre os bairros

De novo. E não será a última

Lajeado

Costumo abordar, neste espaço, assuntos referentes ao bairro que encabeça a produção mensal. Porém, desta vez, abro uma exceção para, de novo, falarmos da enchente. O fim de semana retrasado foi novamente duro para as comunidades ribeirinhas, bem como às empresas instaladas em áreas inundadas. O nível do Rio Taquari atingiu mais uma marca altíssima – 28,94 metros – e os estragos foram imensos. Felizmente, desta vez a remoção das famílias para lugares seguros funcionou melhor, apesar de algumas dificuldades pontuais. Fruto também do trauma da cheia de setembro. Mas a preocupação que fica, além dos desafios da reconstrução, é o recado dado pela natureza: tragédias naturais podem se repetir. Precisamos aprender a lição e conviver com isso.


Passado e futuro

Quando cheguei a Lajeado, uma das primeiras coisas que “lamentei” foi o fato do velho Florestal não ser mais o palco dos jogos do Lajeadense. Seria uma boa opção de lazer pertinho de casa. Mas é melancólico passar em frente ao estádio e vê-lo abandonado, com os muros pichados e a vegetação alta. Por isso, penso que a construção de um empreendimento do ramo supermercadista naquele terreno é uma saída importante para aproveitar o potencial local. Quem ganha é a comunidade.

Estádio Florestal foi fechado em 2011. Grupo de investidores pretende construir um centro comercial. Rede Passarela demonstra interesse em instalar um atacarejo no local


Qual o destino?

Falando em melancolia, também é triste passar pela avenida Benjamin Constant e ver o prédio do jornal O Informativo fechado, com placas de “aluga-se”. Já faz mais de dois anos que o cinquentenário periódico encerrou suas atividades, pegando a comunidade regional de surpresa. E, desde então, muitas pessoas se perguntam: o que será do imóvel? Por enquanto, não há respostas concretas. Que, no futuro, o prédio tenha um destino à altura do que esse veículo de comunicação representou ao Vale.


ANTES E DEPOIS

A pedidos, retomo este espaço na coluna com duas fotos da Avenida dos 15. Em 2011, ainda não existia o ginásio da Associação de Moradores e o Estádio Florestal (ao fundo) ainda recebia jogos do Lajeadense. Já a outra imagem é de 2022. Hoje, a estrutura é um dos principais espaços de uso da comunidade no bairro, mas pode mudar de endereço.

 


 

DAS RUAS

– Quase R$ 600 milhões. Este é o orçamento de Lajeado para 2024. Trata-se de uma estimativa, mas é pouco provável que este valor não seja superado no decorrer do próximo ano. No imaginário das pessoas, é possível resolver todos os problemas da cidade com esse montante e ainda sobrar para custear a folha de pagamento dos servidores. Mas não é bem assim.

– A propósito, alguns temas acabaram esquecidos nos últimos meses, enquanto o município (corretamente) direciona esforços na reconstrução pós-enchente. Um deles é a requalificação da Júlio de Castilhos, o “shopping a céu aberto” de Lajeado. O projeto é importante, mas alguns pontos não agradaram a uma parcela considerável dos comerciantes locais. E eles são vozes importantes nesta discussão.

– Já a nova ponte sobre o Rio Forqueta, na ligação entre Lajeado e Arroio do Meio, deixou de ser prioridade para o Estado. Era inevitável, afinal, pois a reconstrução de pontes e estradas destruídas na inundação é mais importante no momento. Mas líderes dos dois municípios garantem que não vão “deixar a peteca cair”. Ou seja, logo as movimentações devem ser retomadas.

– A boa notícia do mês vem da capital federal. O Ibama autorizou Lajeado a criar uma reserva ambiental em Alto Conventos. Um projeto considerado inovador até pelo órgão federal, que vai criar um grande pulmão verde em uma área privilegiada do município. Futuramente, podemos ter um “novo Jardim Botânico” na cidade.

– A construção de um atacarejo às margens da BR-386, no bairro Santo André, é uma obra muito bem-vinda. Ainda mais se vier acompanhada de melhorias no acesso à localidade. Ninguém merece aquele trecho atual, onde os veículos ingressam e deixam o bairro pela mesma via, muitas vezes em velocidade inadequada. Uma confusão.

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