Cansativo e complexo. Eram esses os adjetivos que a estudante Milena Fernanda Sehn ouvia sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No terceiro ano do Ensino Médio, é a segunda vez que a aluna do Colégio Martin Luther, de Estrela, enfrenta a prova, que tem a primeira etapa neste domingo, 5.
Em 2023, o Enem é dividido em dois domingos consecutivos. São 3,9 milhões de inscritos, em provas que ocorrem em diversas escolas brasileiras. Candidatos com 17 anos representam a maioria dos inscritos nesta edição. É o caso de Milena.
No ano de encerramento da Educação Básica, os estudos se intensificam. Apesar de não ter preparação específica para o Enem, como aulas com cursos pré-vestibular, Milena tem se dedicado para a prova em um trabalho que ocorre em conjunto com a escola.
“O último semestre do 3º ano é totalmente voltado à revisão, em que é possível rever de forma rápida e eficiente os conteúdos presentes no Enem. Trabalhamos quatro apostilas de revisão e diversos exercícios, além de contar com uma apostila com questões de edições anteriores”, afirma.
Para ela, o maior desafio para o domingo de teste é se organizar com o tempo de prova e revisar o máximo de conteúdos. A superação dos obstáculos, no entanto, faz parte de um objetivo maior.
“Meus planos para o futuro são começar a construir minha vida fora da escola, arrumar um emprego, entrar em uma universidade e conseguir alcançar o que almejo. Pretendo seguir a profissão de Farmácia. A preparação para entrar em uma faculdade vai desde Enem até vestibulares”, completa.
Nota mil na redação
Gabriel Borges, 24, já enfrentou os mesmos desafios de Milena. A primeira vez que fez o Enem foi em 2016, no terceiro ano do Ensino Médio. A ideia não era ingressar na faculdade no ano seguinte, mas a avaliação rendeu uma bolsa ProUni no curso de Escrita Criativa da PUC RS. Seis anos depois, ele foi um dos gaúchos a conquistar a nota mil na prova.
Apesar da aptidão na escrita e gosto por leitura, a boa avaliação no Enem de 2022 combina técnicas que Borges aprendeu e ensina há quatro anos no “Me Salva!”, curso pré-vestibular. “A redação exige uma proposta de intervenção, algo que é cobrado apenas no Enem. Tem muitos alunos que vão para a prova sem saber o que é isso. Foi assim comigo, em 2016”, afirma.
Borges ressalta que todos os anos a prova é sobre um problema social do Brasil, que pode ter diferentes eixos: saúde, educação, segurança. Para ter sucesso com a nota, o autor do texto deve reconhecer o problema e, sobretudo, mostrar conhecimento sobre o tema, o que pode ser feito ao apresentar o contexto histórico.
Feito isso, o estudante deve elaborar uma proposta de solução para o problema exposto. “É importante ficar atento aos textos motivadores da prova, que podem ajudar muito a construir argumentos”, completa. Coesão e consistência também somam pontos.
Para Borges, atentar a estrutura do texto é mais importante que tentar adivinhar o tema da redação. “Se o estudante está preparado para montar um bom texto, qualquer assunto que for solicitado será bem desenvolvido”.
Dicas do professor
Foi o trabalho que despertou o interesse dele pela docência, e o motivou a migrar para o curso de Letras, que será concluído no próximo ano. Hoje, ele concilia os trabalhos no “Me Salva!” com os estágios para turmas de terceiro ano do Ensino Médio.
Como professor, Borges fez todas as provas desde de 2020. “Sinto que seria errado ensinar sem fazer parte disso com o estudante. É uma prova extensa e é preciso desenvolver a redação em pouco tempo, com pouco espaço. Uma coisa é dar dicas da minha casa, confortável. Outra coisa é sentir na pele”, comenta.
Ainda que não pensasse em entrar na faculdade em 2017, Borges acredita que foi importante fazer a prova naquele período e indica que os jovens façam o mesmo. Nos dias que antecedem a prova, muitos cursos e professores oferecem conteúdos gratuitos na internet, o que pode ajudar na preparação final.
Destaque no RS
O instituto edtech AIO Educação teve acesso aos dados da nota do Exame Nacional do Ensino Médio de 2022. O resultado das escolas mostra que entre as melhores notas estão colégios da rede privada.
No estado, o destaque é o Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), de Lajeado, com a melhor nota do RS. As informações foram extraídas da sala segura do Inep e divulgadas pelo jornal O Globo. O colégio ficou em 1º lugar com uma média de 694,09.
Possíveis temas para redação
- Dificuldades para a doação de órgãos no Brasil;
- As manifestações de violência nos estádios brasileiros de futebol;
- Os desafios do uso de inteligências artificiais na contemporaneidade;
- O combate ao capacitismo na sociedade brasileira;
- A dificuldade de garantir o acesso à justiça aos brasileiros.
O que levar
- Documento de identificação: carteira de identidade, carteira de motorista, carteira de trabalho emitida após 27 de janeiro de 1997 ou passaporte (se for estrangeiro). Também serão aceitos os documentos digitais e-Título, CNH digital e RG digital;
- Caneta preta: é permitido marcar o gabarito apenas com caneta esferográfica de cor preta. Leve mais de uma, caso a sua comece a falhar;
- Lanches: alimentos como biscoitos, castanhas, chocolate e barras de cereal são recomendados, já que dão energia;
- Água: leve sua própria garrafa de água. Dessa forma, você não precisará sair da sala caso tenha sede.
- Celular: apesar de ser um item proibido durante a prova, é permitido levar o celular. Mas ele deve estar desligado e guardado em um envelope cedido pela organização da prova. Caso o aparelho toque, o candidato será eliminado.
O que não levar
- Materiais escolares: caneta de material não transparente, lápis, lapiseira, borrachas, réguas e corretivos;
- Livros, manuais e anotações impressas;
- Tablets, pen-drives, calculadoras, agendas eletrônicas, alarmes, chaves com alarme, fone de ouvido ou qualquer outro componente eletrônico.