Critérios, justiça e divisão

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Critérios, justiça e divisão

O aguardado financiamento do BNDES para o socorro de empresas impactadas pela histórica enchente de setembro se transformou em uma verdadeira novela. Além da aguardada burocracia para a liberação dos empréstimos a juros zero, a escolha – ou a falta – dos critérios para a distribuição de centenas de milhões de reais gera uma dor de cabeça incalculável aos agentes do governo federal. E o gargalo, assim como tantos exemplos no setor público, está na origem. O presidente Lula (PT) foi pressionado a apresentar uma solução imediata ao povo gaúcho. E ele agiu. Entretanto, e mesmo com a notável boa intenção, ao anunciar o famigerado R$ 1 bilhão, o chefe da nação ainda não detinha uma série de argumentos, estratégias e, por fim, os tais critérios para distribuição de valores. Eis o erro. Agora, será preciso muito jogo de cintura para contemplar – ou não – a expectativa já distribuída em 93 cidades gaúchas com calamidade reconhecida.

A nova pressão do setor empresarial e político da região é pela “atualização” da lista de cidades beneficiadas. Para tal, usam como parâmetro o novo decreto estadual, que estabeleceu 20 municípios em estado de calamidade reconhecida (entre esses, todos os atingidos no Vale do Taquari). E a matemática é simples. Uma coisa é dividir o bolo com 93 comunidades. Outra coisa é deixar 73 dessas de fora do rateio. Mas vamos combinar. Dificilmente o governo federal vai voltar atrás e alterar essa norma. Se trata de um movimento impensável no âmbito político/eleitoral. Imaginem as manchetes e comentários que seriam propagados nas cidades retiradas da atraente lista. Imaginem o quanto isso seria utilizado para literalmente “minar” os agentes do governo federal que atuam em solo gaúcho. Mais uma vez. A redução do número de beneficiados seria uma justiça diante da discrepância nos prejuízos apresentados. No entanto, ainda soa como uma utopia.

É preciso (e possível) ampliar o programa GPS Rural

Já escrevi sobre isso e reforço: o programa GPS Rural, implementado pelo governo de Estrela para garantir muito mais agilidade no atendimento às comunidades do interior, precisa ser replicado em todas as demais cidades do Vale do Taquari. É um modelo simples e barato, reforço. E muito eficaz. O georreferenciamento das propriedades rurais é um atalho tecnológico para viaturas policiais, ambulâncias e outros serviços públicos chegarem de forma muito mais ágil até os distantes e isolados cantos do nosso interior. É segurança, qualidade de vida e maior produtividade para o homem do campo, ou para quem decidiu trocar a rotina urbana pelo som dos passarinhos. Eu reforço: é preciso e possível ampliar o GPS Rural para toda a região.

Julgamento e vingança

Assim como derrubaram a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) com as midiáticas e costumeiras pedaladas fiscais, os agentes políticos orquestraram um novo julgamento meramente político para sustentar ainda mais a ausência de Jair Bolsonaro (PL) dos próximos pleitos nacionais, estaduais e municipais. A diferença, entretanto, é a dose. A ex-presidenta, embora tenha sido retirada durante o mandato, não sofreu e nem sofrerá perseguições. Já o ex-presidente, esfaqueado na campanha de 2018, é alvo de uma aguardante vingança. As penas contra o principal representante da direita nacional são desproporcionais a muito do que já se viu, leu ou ouviu falar no âmbito político nacional. E diante da inércia de quem tanto se apoiou na popularidade do “Mito”, pode piorar.

TIRO CURTO

  • Coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado e ex-chefe da Defesa Civil Regional, Vinícius Renner assume o cargo de Secretário Municipal da Segurança Pública de Lajeado de forma temporária entre os dias seis e 25 de novembro, durante as férias do titular da pasta, Paulo Locatelli.
  • O partido Republicanos de Lajeado realiza evento para atrair mais filiados. O “Happy Hour 10” ocorre na segunda-feira, às 19h, na Rua Armindo Frederico Haetinger, no bairro Carneiros. A organização é do presidente municipal da sigla, o empresário João Giovanella.
  • Em Estrela, o Republicanos atua nos bastidores para fortalecer a candidatura de Valmor Griebeler a prefeito. O ex-vice prefeito é o presidente municipal da sigla, e foi o segundo colocado no pleito municipal de 2022. Nesta semana, aliás, ele visitou o deputado federal e futuro Secretário de Habitação do RS, Carlos Gomes. Na pauta, ajuda e auxílio aos impactados pela enchente.
  • A União, por meio do Dnit, promete republicar só no início de 2024 o aguardado edital para reforma da barragem de Bom Retiro do Sul. A primeira tentativa de licitar fracassou. E o medo é de que o processo não avance como o esperado. Afinal, é um investimento superior a R$ 80 milhões. E as promessas e propostas sobre a nossa hidrovia geralmente ficam nas promessas e propostas.
  • Aliás, será que o nível do Rio Taquari vai baixar durante as prometidas obras na eclusa? Isso ocorreu entre fevereiro e maio de 2021, por exemplo, quando foi possível rever as famosas ilhas entre Estrela e Lajeado. Desta vez, e diante das recentes e históricas enchentes, uma eventual diminuição no nível do leito pode ser ainda mais interessante para análise dos especialistas no tema.
  • Em Arroio do Meio, moradores cobram melhorias nas estradas do Morro Ventania.
  • Já em Encantado, o prefeito Jonas Calvi (PSDB) demonstra alguns sinais de cansaço. O mesmo já é perceptível em outros gestores das cidades mais impactadas pela histórica enchente de setembro. Com uma diferença: o tucano não possui vice.

Olhar do Lucas 

Diante do feriado, nosso peregrino de todas as sextas-feiras se antecipou e já encaminhou hoje a sua contribuição turística habitual. Desta vez, ele apresenta uma pequena cascatinha em Linha Três Reis, no interior de Coqueiro Baixo.

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