Bairro cada vez mais consolidado, mas com seu desenvolvimento ameaçado por problemas de infraestrutura e de mobilidade urbana. O Universitário é um dos símbolos da força econômica e da expansão imobiliária da cidade. Porém, apresenta desafios que exigem soluções imediatas e também planejamentos a longo prazo.
As ideias acima fazem parte de uma visão compartilhada por convidados do oitavo debate do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”, iniciativa do Grupo A Hora em parceria com a Imojel Construtora e Incorporadora. Representantes do Poder Público, da iniciativa privada e da comunidade opinaram sobre o momento atual e as projeções ao futuro.
Participaram do debate a presidente da Associação de Moradores do Universitário, Mara Lúcia Goergen, o coordenador de Serviços Urbanos de Lajeado, Cassiano Jung, a arquiteta e integrante do Comitê dos Bairros, Marta Peixoto, e a professora do curso de Nutrição da Univates, Fernanda Scherer.
Alargamento
em discussão
Foi unanimidade entre os convidados a percepção de que a Avenida Senador Alberto Pasqualini precisa de uma solução. O trecho que vai do entroncamento com a Avenida Amazonas até a Ponte de Ferro possui pista estreita e, constantemente, sofre com a presença de buracos. A enchente de setembro, por sinal, causou diversos danos ao pavimento.
“A estrutura viária da Pasqualini não comporta o tráfego existente hoje. Então é um trecho que vai ter de ser, sim, ampliado”, comenta Jung, que já esteve à frente da Secretaria Municipal de Obras em períodos onde a avenida recebeu obras de capeamento. No entanto, o fluxo pesado de veículos na via danifica o asfalto com frequência.
Apesar dos problemas da via principal, Jung cita que a infraestrutura do bairro, num contexto geral, melhorou nos últimos anos. “Quando se criou a lei de parceria entre municípios e moradores, tivemos a pavimentação de diversas ruas do Universitário, inclusive nos fundos do Sesi, onde residem muitas famílias”.
Crescimento
acima da média
Mara reside no Universitário desde a juventude. Tempos onde, além da Fates (atual Univates) e algumas poucas residências, o bairro era tomado pelo mato. Desde a expansão da universidade e o crescimento de Lajeado em direção ao São Cristóvão, a situação mudou. Hoje, é uma das áreas mais valorizadas da cidade.
“É um bairro muito grande e que teve um crescimento populacional maior do que a média de Lajeado. São mais de 5 mil moradores hoje e vemos muitas obras em andamento de casas e condomínios, com mais pessoas chegando”, ressalta.
Marta, que foi secretária de Planejamento no governo de Luis Fernando Schmidt, lembra da execução de obras importantes nas últimas décadas que influenciaram no crescimento do bairro, como a pavimentação das avenidas Avelino Talini e Amazonas.
“Há coisas muito interessantes no bairro, que tem um sistema de ruas e avenidas de fácil circulação. A própria Rio Grande do Norte, que não está totalmente aberta, te faz chegar no Centro numa facilidade enorme. Bem melhor do que ir pela Pasqualini”, comenta.
“Ar de interior”
Fernanda se mudou para o Universitário cerca de dez anos após ingressar na Univates como docente. Antes, residia no Centro, mas passou a se incomodar com o deslocamento diário à universidade, cujos principais acessos estão sobrecarregados.
“Encontrei um local próximo da universidade, numa rua onde só tinha um vizinho. Hoje não tem mais espaço para construir ali. E, por mais que estejamos perto de tudo, ainda é um bairro com ar de interior. Você anda pelas ruas e é tudo limpo e plantado. As pessoas não deixam o mato crescer, mesmo nos terrenos vazios”, observa.
Jung lembra que o Universitário é um dos poucos bairros que ainda conta com produtores rurais. “São pessoas que moram para baixo da rua Pedro Petry, com produção de animais. Estão dentro da lei e pleiteiam, junto a nós, auxílios como maquinário, por exemplo”.
Referência
Por mais que o Universitário receba novos empreendimentos nos últimos anos, a Univates seguirá sendo o atrativo principal para que o bairro receba mais investimentos privados, bem como para a chegada de novos moradores. É nisso que acredita Fernanda, ao analisar o contexto atual, apesar da baixa no número de alunos matriculados.
“Estamos num momento onde o país todo sofre com a desvalorização do ensino, e isso não é apenas na graduação. Vem desde o fundamental. Mas isso é cíclico, faz parte do processo da história da educação. Entendo que logo teremos um novo fôlego. A Univates é uma instituição que tem raízes, é muito inovadora e empreendedora”, salienta.
Conscientização
Para Mara, falta maior conscientização de uma parte da população do bairro quanto aos cuidados com as calçadas e as ruas.
“Por que eu não posso cuidar melhor do meu pedacinho de paralelepípedo? Muitos justificam isso, aí vão dizer que pagam imposto e o governo tem que se virar. Mas eu posso também, devagarinho, fazer a minha parte”.
Marta também concorda se tratar de uma questão cultural. “Temos um futuro pela frente em uma cidade que cresce e já se aproxima dos 100 mil habitantes. As pessoas deveriam se esforçar e cuidar um pouco também”.
Assista na íntegra: